A banda Anjos voltou a ser notícia esta semana por razões pouco felizes. Nélson e Sérgio Rosado atuaram na Festa do Emigrante em Lousada, no domingo, dia 3 de agosto, e desde então passaram a circular nas redes sociais imagens que levavam a crer que o espetáculo teria tido pouca aderência.

Imagens captadas no local mostravam poucas pessoas na frente do palco, deixando um grande espaço vazio no Parque da Torre de Vilar do Torno e Alentém. Porém, num outro ângulo, avistavam-se várias pessoas à sombra e mais afastadas do palco.

As fotografias e vídeos geraram diversos comentários feitos em tom de piada, ironia sarcasmo e até críticas, facto que levou Pedro Chagas Freitas a reagir.

O escritor resolveu através das suas redes sociais partilhar um desabafo através do qual mostra desagrado perante o que diz estar a ser uma onda de "bullying" contra Nélson e Sérgio Rosado.

Eis as palavras de Pedro Chagas Freitas:

"Todos estivemos - no recreio, na sala de aula, na empresa - onde eles estiveram: a sentir que nos gozam, que nos desvalorizam, que fazem troça do que é, para nós, uma vida inteira de trabalho. Ninguém gosta que aquilo que levámos anos a construir com unhas, suor e melodia se torne num sketch de um minuto e meio. Quando se está magoado, o ridículo torna-se sagrado.

O que os Anjos fizeram - processar quem os magoou - não é nobre, não é bonito. Não deixa de ser humano. É legítimo no código dos ofendidos. A raiva é uma linguagem. Nesse idioma, a vingança é coerente, é o remédio fácil. Todos já engolimos esse remédio. O que estão a fazer-lhes agora é outra coisa: é bullying que vem dos polegares, é a matilha a farejar sangue, a decidir que está autorizada a devorar. Não querem defender a liberdade de expressão; querem sentir-se melhores quando destroem. Rir de quem caiu é, para muitos, a única forma de se sentirem de pé.

O Sérgio e o Nelson parecem boas pessoas, de verdade. Temos de voltar a vê-los assim, é urgente voltar a posicioná-los assim: como pessoas que se sentiram feridas, que tentaram reagir como souberam, ou como não souberam controlar. Reagiram ao desconforto de serem postos em causa, levaram-se demasiado a sério, não tiveram capacidade de se rir de si mesmos. Quantas vezes também fomos assim na nossa vida? A empatia, muito citada e pouco praticada, serve para saber que todos temos os nossos ridículos. Do ridículo à mágoa vai um passo curto. Não precisamos de gostar do que fizeram. Também não precisamos de linchá-los. Isso não tem piada nenhuma. É a maldade a fazer de conta que é o karma."

Recorde-se que os Anjos decidiram avançar com um processo em tribunal contra Joana Marques depois de a humorista ter partilhado nas suas redes socais um vídeo no qual parodiava uma atuação dos cantores numa prova do MotoGP, em Portimão.