Pablo Alborán é o último caso conhecido mas, nos últimos anos, foram muitos os artistas a assumir a sua homossexualidade numa fase mais avançada da carreira. O cantor espanhol de 31 anos justificou esta semana a decisão com uma necessidade de libertação. "Preciso de ser um pouco mais feliz do que aquilo que já sou", revelou o intérprete de "Por fin" e "Perdóname" numa publicação que fez nas redes sociais, seguindo o exemplo de nomes como George Michael, Ricky Martin e Samantha Fox.
Em entrevista exclusiva ao Modern Life/SAPO Lifestyle, a cantora e compositora inglesa de 54 anos assumiu, o ano passado, que estava apaixonada pela norueguesa Linda Olsen, mas, apesar de partilhar regularmente fotografias da noiva nas redes sociais, não gosta de abordar publicamente o assunto. "Eu acho que a minha sexualidade tem sido muito sobrevalorizada", critica. "Eu acredito no amor, o amor é a única lei e é tudo o que me limito a dizer em relação a este assunto", refere a intérprete de "True devotion".
Apesar de ter namorado com a inglesa Mary Austin no início da carreira, Freddie Mercury viria, depois, a envolver-se sexualmente com vários homens. As fotografias do cantor com outros homens chegaram rapidamente à imprensa e o assunto acabaria por ser abordado nas conferências de imprensa dos Queen, com o vocalista da banda a acabar por assumir a homossexualidade publicamente. Apesar de ter revelado em "Fast love" que era adepto de engates e de sexo fortuito, George Michael também se viu forçado a admitir que gostava de homens depois de ter sido apanhado a tentar seduzir um polícia numa casa de banho pública, em abril de 1998.
Depois de ter sido detido em Los Angeles, nos EUA, o cantor, músico e compositor, falecido em 2016, revelou a orientação sexual e até abordou o assunto na letra do single "An easier affair". "Eu tentei mentalizar-me que era heterossexual", cantou George Michael em 2006. Depois de anos de especulação, Ricky Martin também veio a público confirmar aquilo de que muitos já desconfiavam, em 2010. O cantor porto-riquenho admitiu, na altura, que escondeu a homossexualidade "por medo e insegurança".
Em Portugal, Diogo Infante, Cláudio Ramos e Manuel Luís Goucha também assumiram publicamente a orientação sexual numa fase mais avançada da carreira. O apresentador da TVI fê-lo durante a entrevista que acompanhava uma produção fotográfica com Rui Oliveira, com quem casaria em abril de 2018, duas décadas depois de terem começado a namorar. "É a pessoa mais importante a seguir à minha mãe", afirmou na altura. "As pessoas olham para nós como dois homens com um olhar de absoluta normalidade", desabafaria meses depois. No verão de 2018, em entrevista à revista de Cristina Ferreira, Cláudio Ramos, que enquanto namorou com o então blogger Pedro Crispim sempre negou ser gay, decidiu confirmar, finalmente, aquilo que muitos já sabiam.
"Descobri que sou homossexual. Não sou bissexual", afirmou o apresentador do reality show "Big Brother 2020", que chegou a casar com a mãe da filha que tem. O ator e encenador Diogo Infante também demorou tempo a assumir a orientação sexual mas, hoje, fala publicamente dela sem qualquer tabu. O artista, que casou em 2013 com o agente Rui Calapez, foi uma das primeiras figuras públicas a casar com uma pessoa do mesmo sexo em Portugal. "Há pessoas que me dizem que fui inspirador", revela.
"Mas não me sinto uma referência [porque] a minha sexualidade não me define. De todo. É apenas uma parte de mim", confessou, em maio deste ano, em grande entrevista à revista TV Guia. "Não me define nem me revejo em tudo o que é homossexualidade ou no movimento", admite. "Claro que pensei [nas consequências do casamento]. Não sou inconsciente. Ainda vivemos numa sociedade conservadora em alguns aspetos", considera o ator, que garante nunca ter ouvido qualquer comentário desagradável.
"Nas redes sociais, foi incrível a onda de reações. Foi muito bonita, muito positiva, muito saudável", elogia Diogo Infante, que deixa, no entanto, um alerta. "Muitas vezes, a discriminação é silenciosa. Sempre fiz muita publicidade e lembro-me de, passado um ano, sentir uma quebra na procura", confidencia. Apesar da homofobia que ainda persiste, os artistas homossexuais dos tempos que correm estão, todavia, longe de serem obrigados a casar para poderem continuar a trabalhar, como antigamente sucedia.
Cary Grant e Randolph Scott, que pode recordar na galeria de imagens que se segue, viveram juntos durante mais de 11 anos, partilhando o quotidiano entre uma casa de praia em Santa Monica e uma mansão no bairro de Los Feliz, em Los Angeles, na década de 1930, mas, por causa do período opressor, conservador e moralista, em que viviam, os dois populares atores norte-americanos nunca assumiram a relação amorosa. Para esconder a homossexualidade, chegaram mesmo a casar. Um fê-lo por cinco vezes.
O outro fê-lo por duas. O agente de Roy Fitzgerald, um camionista que se converteria numa das estrelas maiores de Hollywood, obrigou-o a adotar Rock Hudson como nome artístico, porque era mais viril. Para calar os rumores de homossexualidade, forçou-o a casar-se com a sua secretária, Phyllis Gates. O matrimónio duraria um ano. Rodolfo Valentino, Montgomery Clift, Tab Hunter, Marlene Dietrich, Janet Gaynor, Anthony Perkins foram outras das celebridades obrigadas a viver uma vida de mentira(s).
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