Paulo de Carvalho começou o ano nos palcos com um concerto que deu no Coliseu Micaelense este sábado, dia 18 de janeiro. A propósito do espetáculo em São Miguel, Açores, na qual já não atuava há 10 anos, estivemos à conversa com o músico que nos falou sobre a atual digressão - 'E Depois do Adeus?', ocasião que aproveitou para negar as notícias que davam conta o fim da sua carreira.
"Não é verdade, não sei quem é que entendeu isso… Há um espetáculo que se chama 'E Depois do Adeus?', com interrogação. Isso quer dizer o que é que vou fazer depois do 'E Depois do Adeus' e destes anos todos, que ideia é que possa ter para fazer nova música", explicou.
"Ninguém vai acabar. Não há adeus nenhum! Mas atenção, por outro lado tenho 78 anos, sei lá o que é que o dia de amanhã me traz? Agora que eu quero acabar, não quero", garantiu ainda.
O músico, que completará 78 anos em maio, revelou que quer "cantar até ter possibilidade", até porque a profissão exige "algum esforço". "As pessoas veem-nos em cima do palco e não se lembram que antes de chegarmos ali há muita coisa para preparar, pensar, fazer, treinar, tudo isso".
Da mesma forma que continuará a cantar, a composição de músicas também não ficará de parte. "Desde que nós intelectualmente estejamos bem, não necessita de um enorme esforço, como por exemplo [necessita] cantar. A respiração e isso pode ser muito complicado, mas não está a ser ainda. Só se eu estiver muito mal da cabeça é que não serei eu a decidir quando vou parar, porque acho que sei as possibilidades que tenho e até onde posso ir. Não vou andar a chatear o meu 'querido público', porque quem me atura há 63 anos tem ser muito querido", faz saber.
2025 com agenda cheia... e ainda bem!
Celebrando 60 anos de carreira, os espetáculos marcados para este ano prometem ser muito especiais, uma vez que Paulo de Carvalho guardará momentos dos concertos para contar as histórias por trás de algumas das suas músicas mais conhecidas.
"Evidentemente que todas as cantigas têm uma história. Contar cantigas é falar das mais conhecidas, dos autores, das histórias, de quando foram feitas...", realçou.
E no meio de toda a agitação que uma agenda cheia implica, com inúmeros espetáculos e viagens, o artista não gosta de reclamar, sobretudo depois do que passou na pandemia, fase em que se viu sem trabalho.
"Nós portugueses tivemos dois anos de grande complexidade, dois anos em que eu, por exemplo, não trabalhei e a conta da eletricidade, do gás continuou a chegar lá a casa. É sempre bom podermos tratar da nossa vida", refletiu.
Como é subir aos palcos depois de 60 anos?
E será que há diferenças entre subir agora ao palco, após seis décadas de carreira, e subir há 10 ou 20 anos? Foi esta a pergunta que o Fama ao Minuto fez ao entrevistado.
"Fala-se muito daquele festival de 1974, aquele em que eu cantei uma cantiga chamada 'E Depois do Adeus'. Ora bem, a sorte nessa altura é que nós usávamos quase todos calças à boca de sino, porque eu batia com os joelhos um no outro, só que não se via…", relata, evidenciando os nervos que sentia.
"Perdi um bom bocado da timidez, ganhei confiança não só em mim, como também naqueles com quem trabalho. As coisas à nossa volta têm de estar bem organizadas, eu não trabalho sozinho", realçou por fim.
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