Australiana de nascença, a rainha Mary da Dinamarca estava longe de imaginar que um dia ocuparia o trono da monarquia mais antiga da Europa.

"Nada na sua vida indicava o futuro real que a aguardava na Europa. Mary é filha segunda de John Donaldson, um escocês professor de Matemática na Universidade da Tasmânia, e de Henrietta. Os pais, colegas de escola e de liceu e namorados desde então, naturais de Port Seaton, perto de Edimburgo, emigrariam depois do seu casamento, em 1963, para a Austrália, onde John tinha família", destaca o antigo diplomata José Bouza Serrano.

O início de uma história de amor... à distância

O amor - sempre ele - trocou-lhe as voltas e acabou por largar tudo pelo marido, o rei Frederico X, por quem se apaixonou perdidamente nos Jogos Olímpicos de Sidney, em 2000.

Conforme Alberto Miranda destaca no livro 'As Dez Monarquias da Europa', "foi um primo do atual rei de Espanha quem esteve por trás do encontro de ambos". Na altura, Mary não fazia ideia de quem era Frederico, tendo sido levada para o encontro pela amiga com quem dividia casa, Beatrice Tarnawski.

No 'As Famílias Reais dos Nossos Dias', José Bouza Serrano dá mais pormenores deste encontro. "Conta quem esteve presente que pediram pizzas, cerveja e vinho e conversaram. Frederico X estava com 'jet lag' e estoirado (depois de ter terminado, pouco tempo antes, o seu treino como piloto aeronáutico na Dinamarca), mas em breve superou todo o cansaço falando com Mary, que ficou sentada ao seu lado".

"Eu sentia-me atraído por ela em todos os aspetos, Mary era adorável, como um alma gémea".Numa entrevista que deu já depois de casado, Frederico X recordou o início do romance: "Eu sentia-me atraído por ela em todos os aspetos, Mary era adorável, como um alma gémea".

Também em declarações à imprensa, neste caso à revista Hola!, Mary lembrou o dia em que conheceu o grande amor da sua vida: "Conheci o Frederico no dia 16 de setembro de 2000. Começámos a falar e, simplesmente, não parámos. E isso foi tudo! Uma grande conversa que continuou durante um ano, na realidade 14 meses. Cada vez que nos víamos dávamos um passo em frente. Claro que sabia quem ele era e isso também tornava tudo mais incerto (...) mas cada passo que dávamos levava-nos a um ponto em que demos conta de que já não podíamos estar separados".

E assim foi. A distância não impediu que o amor se tornasse ainda mais forte, pelo contrário. Bouza Serrano nota que "a paixão era mútua e intensa", pelo que Frederico X regressou à Austrália, já depois dos Jogos Olímpicos, para passar cinco semanas de férias no apartamento em que Mary vivia com amigos. "Na secreta cumplicidade com os amigos de Mary que, sabendo afinal quem ele era, estavam impressionados com a sua simplicidade e gentileza", recorda.

O casamento

Formada em Direito, Comércio e Leis, com o certificado em Publicidade e Marketing, Mary tinha deixado o trabalho - e toda a sua vida - na Austrália para seguir o seu coração. A 14 de maio de 2005, a princesa (e futura rainha) disse o 'sim' a Frederico numa cerimónia que será para sempre recordada pelas lágrimas do filho de Margarida II quando viu a noiva a caminhar para o altar.

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"A história de amor de Mary, mesmo sendo plebeia e estrangeira, e de Frederico encantou o povo", nota Alberto Miranda.

A cerimónia aconteceu na Catedral de Copenhaga. Mary, com 32 anos à época, encantou tudo e todos com um vestido do estilista dinamarquês Uffe Frank com uma cauda de seis metros. A tiara, de platina e diamantes, foi um presente de casamentos dos sogros. Cerca de 800 pessoas assistiram à missa na catedral e 400 jantaram posteriormente com os noivos.


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"Desde hoje, Mary é minha e eu sou dela. Amo-a e vou protegê-la com todo o meu coração. Farei todos os possíveis para te sentires em casa no teu novo país... Tu dás-me segurança, alegria e felicidade. Amo-te, Mary", disse Frederico X, visivelmente apaixonado, na festa de casamento.

Eis que nasce uma nova família

Não demorou muito tempo até Mary da Dinamarca anunciar que estava grávida do primeiro filho, o futuro herdeiro do trono. O príncipe Christian nasce em outubro de 2005, para grande felicidade da família real e dos dinamarqueses. Dois anos mais tarde nasce a princesa Isabella e em 2011, para surpresa de todos, Mary engravida dos gémeos Vincent e Josephine.

"Mesmo sendo estrangeira, Mary educa os filhos de acordo com as tradições dinamarquesa e Frederico gosta de ser um pai presente, porque muitas vezes os seus não o foram, devido às obrigações que tinham", destaca Alberto Miranda em 'De Plebeias a Princesas e Rainhas'.

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No melhor pano real cai a nódoa...

Sendo Mary e Frederico considerados um dos casais mais apaixonados das famílias reais da Europa, o surgimento de rumores que davam conta de um alegado affair do filho de Margarida II com uma atriz mexicana caíram que nem uma bomba.

Em novembro de 2023, a revista Lecturas divulgou fotografias do então príncipe a passear com Genoveva Casanova pelas ruas de Madrid, Espanha.

Segundo a versão que a própria Genoveva deu à Lecturas, ela e o príncipe dinamarquês tinham um amigo em comum que morava na capital e que planeava fazer de 'guia' para Frederico quando este visitasse a cidade. No entanto, adoeceu e o plano que tinha projetado fazer com o príncipe 'passou-o' à sua amiga. Telefonou a Genoveva e pediu-lhe que cumprisse com o príncipe o plano que tinha traçado. Assim, no dia 25 de outubro, Frederico e Genoveva visitaram o museu Thyssen, passearam pelo Parque do Retiro e à noite assistiram a um espetáculo de flamenco.

Segundo o diretor da referida publicação, Federico só terá saído de casa de Genoveva na manhã seguinte, deixando o local no carro da embaixada e seguindo diretamente para o aeroporto para voar de volta à Dinamarca.

Genoveva negou as notícias, garantindo que as informações eram falsas e que iria recorrer ao tribunal para apurar responsabilidades. Durante o escândalo, a Casa Real permaneceu em silêncio.