É certo que o mundo mudou. Dizem que a sociedade evoluiu e que os tempos são outros. Vivemos na era da globalização, com acesso a tudo e sobre tudo, sem sair de casa. Mudança é a palavra de ordem, apoiada pela instabilidade e até pela insegurança. Tudo mudou, os parâmetros orientadores da sociedade também sofreram alterações e, como consequência, as famílias também.
Somos diferentes do que éramos dantes, vivemos de maneira diferente e agimos também de maneira diferente. Hoje em dia espera-se mais do pai: mais presença, mais atenção, mais ajuda.
Se dantes as mães ficavam em casa a ver crescer os seus filhos e a garantir que a rotina familiar (e doméstica) era mantida, e cuidavam dos seus pequenos e tratavam deles, hoje, já se pode dizer que é uma tarefa a dois. Partilhada pelos dois elementos adultos da família, dividida em partes iguais.
Mas, hoje, as mães trabalham até tarde e saem de casa cedo, trabalham longas horas e por vezes até viajam para fora. Muitas ao fim de semana estão a trabalhar (não porque querem, mas, sim, porque o orçamento familiar assim o exige) e chegam cansadas e com dores de cabeça. Às vezes é o Pai quem chega primeiro, quem vai buscar os filhos à escola e quem tem que ser a mãe da casa. Para garantir alguma harmonia familiar o pai de hoje teve que aprender, teve que fazer coisas que não faziam parte do seu habitual repertório e teve que saber gerir vários assuntos domésticos em simultâneo.
O pai de hoje sabe mudar uma fralda, sabe dar banho ao bebé e sabe vesti-lo. O pai de hoje sabe a que horas o bebé (ou a criança) come, o que come, e como gosta da sua comida. Sabe brincar, sabe ensinar e sabe educar. Acorda também durante a noite para tratar um filho doente ou para dar um biberão. É chamado às reuniões de pais, está presente nas festas da escola ou do colégio, vai às consultas do pediatra e ajuda com os trabalhos de casa. Sabe quando há um teste, um exercício mais complicado, uma zanga entre os amiguinhos, ou um trabalho para entregar.
O pai sabe fazer o jantar e sabe onde se guardam os pirex, o que se faz com a comida que sobra, como tirar um café, estrelar um ovo e fritar um bife, e até sabe varrer as migalhas que caíram ao chão.
Sabe pentear o filho, pôr creme (e qual o creme), lavar os dentes. Sabe quais são as roupas de que a mãe gosta, quais as camisas que ainda servem e vai comprar sapatos novos quando estes já estão pequenos.
O pai de hoje deita-se no chão a brincar com os filhos, deixa que saltem em cima da sua barriga e tira fotografias aos castelos que constroem. Corre com eles, puxa triciclos, limpa lágrimas, ensina a não desistir. Ensina a mergulhar, treina os pontapés à bola, prepara lanches e traz sumos. Faz festinhas e diz que gosta muito deles. Dá abraços do tamanho do mundo e atira beijos pelo Skype.
O pai de hoje, talvez pela força das circunstâncias impostas à sociedade, ou talvez porque se quis transformar, faz tudo o que a mãe faz, algumas coisas melhor, outras não tão bem. Vive a casa, vive a família e vive os filhos intensamente.
Marta Andrade Maia
Comentários