Antes de iniciar a aventura da diversificação alimentar, é fundamental relembrar o cuidado de introduzir um alimento de cada vez, com o intervalo de 3 a 5 dias entre cada um, de forma a identificar mais facilmente qualquer possível reação adversa ao alimento. Por outro lado, também permite que seja dado tempo para educar o paladar do bebé ao gosto pelos novos alimentos.
A partir dos 4 meses
Aos 4-6 meses, o leite materno ou o leite infantil deve continuar a ser a base da alimentação do bebé e o alimento principal para satisfazer as suas necessidades nutricionais (pelo menos 500ml por dia).
O primeiro alimento a ser introduzido deverá ser uma sopa de legumes ou uma papa sem glúten. Em bebés que não tenham baixo peso, é usual iniciar a diversificação alimentar com sopa, por ser menos adocicada e ter menor valor energético.
- Puré de legumes: As primeiras sopas deverão ser apenas compostas por legumes. Comece com um puré de legumes simples, apenas com batata ou batata-doce, cenoura e abóbora. Gradualmente pode introduzir outros legumes, como alface, courgette, cebola, alho francês, feijão-verde, brócolos e agrião, respeitando o intervalo mínimo de 3 dias entre cada um. Os espinafres, o nabo, a nabiça, a beterraba e o aipo só deverão ser introduzidos a partir dos 12 meses de idade, uma vez que contêm elevado teor de nitrato e fitato. Os legumes podem ser cozidos em água ou a vapor e sem adição de sal. Adicione uma colher de chá de azeite (5-7ml), no final da confeção. Assegure-se que tritura bem os legumes cozidos até que fiquem com uma consistência muito cremosa.
- Papa de cereais sem glúten: Devido ao seu sabor simples e textura suave, à sua riqueza nutricional e à sua fácil digestão é, a par da sopa, o alimento ideal para iniciar a diversificação alimentar.
- Puré de fruta: Preferencialmente fruta da época e bem madura, começando pela maçã cozida, pera cozida e banana. Não deverá adicionar açúcar à fruta (mesmo à fruta cozida). No primeiro ano de vida é importante evitar as frutas mais alergénicas: kiwi, morangos, frutos silvestres e maracujá. Os frutos devem ser oferecidos individualmente e não sob a forma de puré de vários frutos, de forma a permitir o treino do paladar.
A partir dos 6 meses
- Papas de cereais com glúten: se já introduziu as primeiras papas sem glúten, é o momento de iniciar as papas com glúten, uma vez que a introdução do glúten deve acontecer antes dos 7 meses. É necessário ter em atenção se estamos a optar por uma papa láctea, que já contém leite na sua composição e que deve ser preparada com água, ou por uma papa não láctea, que deve ser preparada com o leite que o bebé está a tomar (leite materno ou leite infantil). Por volta dos 7 meses, pode experimentar o pão (pão branco).
- Carne: As primeiras carnes a introduzir deverão ser carne de frango, peru, coelho e vitela. A carne deve ser previamente cozinhada e triturada e só depois misturada no puré de legumes. Devemos começar com cerca de 10-15g de carne, por dia.
A partir dos 7 meses
- Peixe: A introdução do peixe na alimentação do bebé deve ser feita por volta dos 7 meses. Tal como a carne, a quantidade de peixe recomendada é de 10-15g/dia. Deverá começar com peixes como pescada, linguado, maruca, tamboril e solha. O salmão, bacalhau e atum só devem ser introduzidos a partir dos 12 meses, por serem de mais difícil digestibilidade.
- Frutos tropicais: Aos 7 meses podem ser introduzidos os purés de frutos tropicas (manga, papaia e pera-abacate).
A partir dos 8 meses
- Iogurte: Por volta dos 8 meses pode introduzir o iogurte na alimentação do seu bebé – iogurte natural, sem aromas nem quaisquer aditivos, como açúcar, edulcorantes ou natas.
- Ovo: A gema de ovo deve ser incluída na alimentação por volta dos 8-9 meses. No início junte apenas ½ gema por refeição, uma vez por semana. Após um mês, pode adicionar uma gema inteira. A clara só deve ser introduzida entre os 10-12 meses. O ovo pode ser fornecido na sopa, como alternativa à carne ou ao peixe, até 2 vezes por semana.
A partir dos 10 meses
- Arroz e massa: A partir dos 10 meses pode introduzir o arroz e as massinhas (como estrelinhas e letras) em pequena quantidade e muito bem cozidas na sopa de legumes.
- Leguminosas: A partir dos 10 meses, as leguminosas (feijão, grão, lentilhas, favas e ervilhas) podem ser adicionadas à sopa de legumes, em pequena quantidade e bem cozinhadas e trituradas para proporcionar uma fácil digestão. Comece pelo feijão-frade, branco ou preto e a lentilha, sempre previamente bem demolhados e inicialmente sem casca. De forma gradual é importante evoluir na textura dos alimentos. Nas primeiras etapas é importante oferecer tudo ao bebé em puré, a partir dos 8-12 meses deve começar a dar os alimentos em pequenos pedacinhos.
Aos 12 meses
Se até aos 12 meses as refeições foram constituídas por sopa de legumes com carne, peixe ou ovo e puré de fruta, agora é importante que sejam constituídas por sopa de legumes simples, prato e fruta! No prato deve integrar o peixe ou carne ou ovo com o acompanhamento de batata ou arroz ou massa ou leguminosas e também vegetais crus e/ou cozidos.
Quando estiver a preparar as refeições para o seu bebé lembre-se de limitar ou evitar o sal, o açúcar e as confeções com gordura (como os fritos).
Quanto às quantidades, o melhor indicador é o seu bebé: ele vai parar ou recusar comer quando estiver saciado.
Com 1 ano já pode…
- Ingerir 25-30g de carne e peixe, por dia – repartindo esta quantidade entre as refeições de almoço e jantar;
- Comer um ovo inteiro até duas vezes por semana. Na refeição em que oferece ovo à criança não deve dar carne nem peixe;
- Introduzir os frutos com maior potencial alergénico (referidos anteriormente);
- Oferecer vegetais crus, como tomate, pepino (maduros, sem pele nem sementes), cenoura e rúcula em salada;
- Iniciar leite de vaca ou leite de crescimento;
- Comer bacalhau, atum, salmão, carapau…;
- Introduzir a carne de porco (começando pela carne do lombo);
- Provar as refeições da família, desde que pouco condimentada e com pouco sal.
Atenção: Não deve comer frutos secos, marisco, moluscos, bivalves ou chocolate antes dos 3 anos, devido ao risco de alergia.
Um artigo de Ana Rita Lopes, nutricionista e responsável pela Unidade de Nutrição do Hospital Lusíadas Lisboa.
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