Agora que chegou o tempo de lazer e o calor, vamos ajudá-la a usufruir da gravidez. Existem vários procedimentos que podem atenuar os sintomas desagradáveis e permitir vivenciar esta fase da sua vida da melhor forma, mesmo com os termómetros no auge. Os sintomas da gravidez variam de acordo com cada trimestre de gestação, mas não são motivo para deixar de fazer o que sempre lhe deu prazer em tempo de férias. Além da sonolência, no primeiro trimestre, os enjoos são um dos inconvenientes mais frequentes.

Para os atenuar, Jorge Lima, obstetra, aconselha a realização de pequenas refeições a intervalos frequentes, privilegiando a fruta e os vegetais. "Se as náuseas forem muito incómodas", adianta o especialista, "o médico que a acompanha administrar-lhe-à fármacos antieméticos e facilitadores do esvaziamento gástrico combinados ou simples", esclarece o médico. Essa está, todavia, longe de ser a única das estratégias preventivas que os profissionais de saúde especializados recomendam nesta fase da vida da grávida. 

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No verão, a obstipação e as hemorroidas, que afetam muitas mulheres, também tendem a revelar-se um problema maior. Contudo, como informa Jorge Lima, podem ser controladas "se ingerir, pelo menos, dois litros de água por dia, consumir alimentos ricos em fibras e se se fizer exercício físico, nomeadamente caminhadas, natação, hidroginástica, bicicleta estática e ioga", refere. Em relação às varizes e ao inchaço, acompanhados pela sensação de pernas pesadas, é aconselhado "caminhar, assim como a elevação moderada dos membros inferiores, com o uso de meias de contenção elásticas, bem como o recurso a drenagem linfática manual", refere o obstetra.

A exposição solar excessiva, a evitar a todo o custo, agrava o envelhecimento cutâneo, uma vez que, como explica o especialista, "existe um aumento da pigmentação, mais evidente em certas regiões do corpo, em especial na face, nas auréolas mamárias, na chamada linha branca e na vulva". "Esta hiper pigmentação é mais frequente nas mulheres de tez morena e parece estar relacionada com o aumento de produção na gravidez da hormona estimuladora dos melanócitos", acrescenta ainda o especialista.

A melhor forma de se defender é não apanhar sol entre as 11h00 e as 17h00 e usar protetor solar com fator de fotoproteção elevado, idealmente um com FPS50 ou FPS50+. No limite, um com FPS30, mas nunca abaixo disso. Hidratar-se é outra das regras. Na praia ou na piscina, aconselha o obstetra, "beba muitos líquidos para se manter hidratada e faça banhos frequentes para permitir o arrefecimento corporal", instiga o médico. "O uso de sprays de água termal é uma alternativa a esta estratégia", recomenda.

Os cuidados a ter nas deslocações

Não existem estudos que desaconselhem as viagens durante o período de gravidez. Mas não é por isso que as mulheres grávidas não devem deixar de ter uma série de cuidados durante os trajetos e a estadia. Por uma questão de conforto, os médicos obstetras consideram que o período entre as 12 e as 30 semanas é o mais indicado para o fazer. "Trata-se de uma fase da gravidez em que as náuseas e a sonolência já estão mais atenuadas e o volume abdominal ainda não é, por norma, muito incapacitante", indica.

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"Nessa fase, a grávida está ágil e com capacidade para viagens prolongadas e os sintomas poucos confortáveis ainda não surgiram na sua plenitude", explica o obstetra Jorge Lima. Não se recomendam percursos de automóvel superiores a seis horas por dia e convém parar de duas em duas horas. O avião é, diz Jorge Lima, "muito seguro". No entanto, a maior parte das companhias de aviação não aceita transportar grávidas com mais de 36 semanas de gestação e exige uma declaração médica sobre o tempo de gravidez e a ausência de contraindicações. Embora não estejam proibidas, as viagens exigem um planeamento adequado, para que nada falhe.

Informe-se junto do seu obstetra. Coloque-lhe questões sobre os riscos que corre. África, Ásia e, sobretudo a América do Sul, são os continentes de maior risco. Numa consulta do viajante, será informada dos cuidados a adotar antes, durante e após a viagem, de acordo com cada país. Se viajar de automóvel, utilize sempre o cinto de segurança, mas nunca o coloque sobre o abdómen, um erro. A fita diagonal deve ficar no sulco inter mamário e acima do fundo uterino. A fita horizontal deverá rodear a púbis, a anca e as coxas.

Se viajar de avião, escolha um lugar junto à coxia ou contíguo às saídas de emergência. E mantenha o cinto de segurança apertado. Antes de embarcar e durante a viagem, ingira bastantes líquidos mas sem gás. Nas situações de insuficiência venosa, use meias de contenção elástica. Quando existe um risco adicional de trombose venosa avaliado pelo obstetra ou, caso se trate de viagens com mais de sete horas, cerca de duas horas antes do embarque, deverá fazer uma injeção de uma heparina de baixo peso molecular.

Antes de partir, pergunte ao seu médico quais os exercícios mais indicados para estimular a circulação e aliviar pernas e pés durante a viagem. Antes de sair de casa, confirme se leva o boletim de saúde da grávida, devidamente preenchido pelo médico assistente, bem como a medicação habitual e medicação de urgência, o seguro de viagem, o documento de assistência médica internacional, os contactos do hospital e/ou da maternidade e do consulado ou da embaixada no local de destino. Poderá precisar. 

O que levar na bolsa da farmácia

Para além dos documentos e dos fármacos recomendados pelo(s) médico(s) que a seguem, deverá também incluir na sua mala de viagem, uma série de medicamentos e de dermocosméticos preventivos, nomeadamente:

- Antipiréticos

- Analgésicos

- Sais de hidratação pré-preparados

- Antidiarreicos

- Anti-histamínicos

- Antieméticos

- Creme antimicótico

Texto: Fátima Lopes Cardoso com Jorge Lima (obstetra)