O baby blues e a depressão são dois quadros diferentes. O primeiro corresponde a «dificuldades de regulação emocional que muitas mães atravessam na sequência imediata do nascimento do bebé e que refletem os grandes reajustes hormonais que ocorrem após o parto», explica a psicóloga clínica Bárbara Figueiredo.
A depressão pós-parto é um episódio depressivo major que pode ser observado entre o segundo ou terceiro mês do pós-parto, em cerca de dez a 15 por cento das puérperas, sendo que muitas das quais já estavam deprimidas na gravidez, refere Bárbara Figueiredo.
Estudos de incidência estimam que 50 a 80 por cento das puérperas tem o que os técnicos designam por baby blues, situação que ocorre em mulheres física e psicologicamente saudáveis.
«Há qualquer coisa à flor da pele»
Como explica a investigadora Rita Luz, o baby blues é um estado que resulta de mudanças de humor relacionadas com a reorganização hormonal e metabólica da vivência do parto. «As mães estão muito sensíveis e há qualquer coisa à flor da pele», frisa Rita Luz, explicando que as muitas vezes sentem que não conseguem dar respostas relativamente ao seu papel de mães. Porque não se sentem (super) felizes, acabam por se sentir culpabilizadas, refere a investigadora.
Outros fatores podem interferir no estado emocional da mãe, como o facto de a mulher estar internada, estar fora de casa e sentir um cansaço acentuado. Muitas vezes a personalidade do bebé também desajuda na aprendizagem das tarefas, continua Rita Luz, já que alguns recém-nascidos demoram mais tempo a regular os sonos, as cólicas, as questões da alimentação, criando dificuldades na adaptação do casal ao bebé e vice-versa.
«Por vezes as coisas não são tão fáceis como se teria imaginado, daí ser tão importante o pai ser logo incluído desde a gravidez, para nesta fase poder estar com a mãe e apoiá-la nas tarefas», acrescenta Rita Luz.
Texto: Ana Margarida Marques
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