O Grupo de Jovens em Prol do Bem-Estar Social, um “grupo informal” criado pelos alunos da escola, decidiu agir depois de meses de “cheiro muito desagradável, nauseabundo”, que tem levado a que alguns alunos tenham mesmo de sair da escola por se sentirem “mal dispostos, com vómitos e dores de cabeça”, disse Lara Farinha, uma das alunas do 12.º que está a dinamizar a iniciativa.
“Queremos mostrar a nossa preocupação”, disse a aluna à Lusa, salientando que, além de estar em causa uma frequência normal das aulas e o mero convívio nos intervalos, sair da escola acaba por não ser solução “porque o cheiro se sente em todo o lado”.
Os jovens vão marchar em silêncio entre a escola, de onde partirão às 08:30, e a Câmara Municipal de Alcanena, onde esperam ser recebidos pela presidente da Câmara, Fernanda Asseiceira, vestidos de preto e com máscaras na cara simbolizando que o ar que respiram “não é saudável”, disse.
Frisando que os jovens não são contra a indústria de curtumes, sentindo, pelo contrário, “orgulho” pela sua presença no concelho, Lara Farinha afirmou que o objetivo é que todos os responsáveis pela situação percebam que “há um problema para resolver” e que encontrem uma solução.
Além do ar “irrespirável”, as marcas da poluição são visíveis “nos estores de muitas janelas, que estão pretos e cor de laranja”, acrescentou.
“Resolvam e nós estamos cá para ajudar”, disse, apelando à participação da população na “manifestação pacífica” de segunda-feira.
Além das máscaras e da roupa preta, os jovens levarão nas mãos cartazes com frases como “Fumar mata, viver em Alcanena também”, “Temos direito a um futuro saudável”, “Pela sua saúde, da sua família e de Alcanena”, ou ainda “Não queremos o fim dos curtumes, queremos a sustentabilidade desta herança”.
Lara Farinha afirmou que a marcha culminará junto aos Paços do Concelho não porque haja qualquer intenção de “denegrir” a Câmara Municipal, mas porque é aí que estão “os representantes que foram eleitos para defender a população”.
A questão dos maus cheiros, que tinha sido sentida com intensidade no verão de 2017, regressou nos últimos meses, depois do resgate do contrato de gestão do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena da associação de utilizadores para a empresa municipal criada pela câmara.
O município tem acusado os industriais de não estarem a cumprir com um conjunto de obrigações e estes alegam que a empresa municipal não tem capacidade para gerir o sistema.
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