Para Susana Afonso Sousa, diretora pedagógica do colégio, a chave para este resultado é exatamente a mesma dos anos anteriores: “Muita dedicação, muito trabalho e muito rigor”.
“Não há uma receita. Há um conjunto de fatores que contribuem para que depois as coisas resultem bem, sobretudo, há um empenho pessoal e um trabalho extraordinário”, salientou.
No ‘ranking’ elaborado pela Lusa, que tem por base dados disponibilizados pelo Ministério da Educação, esta escola privada volta a ocupar o primeiro lugar, com uma média de 17,61 em 463 exames do secundário realizados.
Apesar de a pandemia de covid-19 ter colocado “desafios para os quais ninguém estava preparado”, professores, alunos e pais adaptaram-se, “trabalhado em equipa” a uma realidade até então desconhecida: o ensino à distância.
“Ainda que à distância, as equipas de professores uniram-se ainda mais para dar resposta aos alunos. Há muitos fatores que estão aqui em causa, não é apenas um único fator que explica tudo isto”, afirmou.
Aliados à dedicação, ao trabalho e rigor, surgem também outros fatores, como a capacidade de “gerir as emoções de alunos e de famílias”, também estas à distância.
“Isso faz-se com muito diálogo, comunicação e cuidado”, apontou Susana Afonso Sousa, acrescentando que a pandemia trouxe também “aprendizagens muito válidas”.
Estas aprendizagens não deixaram, no entanto, de evidenciar o “desgaste emocional” dos estudantes, principalmente daqueles que frequentam o 11º e 12º ano e que se encontram “numa fase importante do seu percurso”.
“Foi muito difícil de gerir, até porque era novidade para eles e novidade para nós”, confessou Fernanda Teixeira, professora de Biologia da turma do 11º ano e, em 2020, diretora de turma do 12.º.
Há 21 anos a lecionar no colégio, Fernanda Teixeira recorreu aos meios audiovisuais, como PowerPoint, vídeo e mesa digital, para tentar chegar, ainda que através de um ecrã, aos seus alunos.
“Correu bem, felizmente. O trabalho também foi muito deles, que aceitaram todos os nossos desafios”, afirmou, acrescentando que o trabalho levado a cabo por todos se refletiu nos exames nacionais, ainda que os critérios definidos possam ter “diminuído a diferenciação” entre estudantes.
“Os critérios estão a ser aplicados para todos, por isso, é importante que eles pensem que na vida há sempre momentos em que vamos ser desafiados e não podemos aceitar os desafios de forma tão negativista”, aconselhou.
A frequentar o Colégio do Rosário desde o 1º ano, Inês Moreira, agora no 12º ano no curso de ciências socioeconómicas, não tem dúvidas de que estar presencialmente na escola é “o caminho perfeito para ter sucesso nos exames”.
“Acho que estamos todos mais tranquilos por não ser ‘online’ este ano”, disse a estudante, ainda indecisa se o seu futuro universitário passará por Economia ou Matemática Aplicada à Economia e Gestão.
Sem o habitual ambiente de sala de aula, no ano passado, Diogo Maia, também aluno do 12.º ano de ciências socioeconómicas, afirmou que todos sentiram que estavam “no mesmo barco da descoberta e incerteza”.
“Como sentíamos que estávamos todos no mesmo barco, fomos trabalhando e tentando recuperar o que tínhamos perdido principalmente com a mudança de sistema”, afirmou o jovem que frequenta o colégio desde os três anos e a quem falta realizar o exame de Matemática para se candidatar ao curso de Gestão.
Também Maria Guedes, estudante do 12.º ano de ciências e tecnologia, salientou que o trabalho dos professores na adaptação à nova realidade tem “facilitado e ajudado imenso”.
“Quando passamos do ‘online’ para o presencial, eles fizeram uma revisão dos conteúdos, ajudaram-nos a rever a matéria que no ‘online’ não ficou tão bem, porque é um regime diferente e muito mais difícil”, disse.
A jovem, ainda hesitante se opta pelo curso de Medicina ou de Engenharia, não dúvida de que, uma vez na escola presencialmente, também os exames deste ano “vão correr bem”.
Com a esperança de que o futuro traga um abrandamento da pandemia e a retoma da normalidade, no Colégio do Rosário a aposta vai continuar a passar “exatamente pela mesma dedicação, rigor e trabalho”.
Apenas duas escolas, uma pública e outra privada, obtiveram média negativa nos exames nacionais do secundário em 2020, segundo uma análise feita pela Lusa, que revela que os colégios continuam a ter melhores resultados.
Comparando com o ano anterior, observa-se uma subida significativa das notas: dos 514 estabelecimentos analisados então pela Lusa, 104 tiveram média negativa nas provas realizadas em 2019, ou seja, uma em cada cinco escolas “chumbava”.
As notas dos alunos subiram em 2020 devido às novas regras impostas pela pandemia de covid-19: por um lado, os testes tinham perguntas obrigatórias e opcionais, permitindo aos alunos escolhe pelas questões em que se sentiam mais seguros, sendo contabilizadas apenas as melhores respostas.
Por outro lado, as provas só eram exigidas a quem quisesse seguir para o ensino superior, porque só contaram para a média de acesso às universidades e politécnicos, tendo deixado de ser obrigatórias para a conclusão do secundário.
O resultado foi uma subida de cerca de dois valores (numa escala de zero a 20) das notas médias dos estabelecimentos públicos e privados, tendo em conta os mais de 217 mil exames realizados no verão de 2020.
Com uma média de 17,61 valores, o Colégio Nossa Senhora do Rosário, no Porto, volta a ser a escola com a melhor nota do ‘ranking’ elaborado pela Lusa, que excluiu os estabelecimentos de ensino com menos de 100 provas.
Em 2020, também o segundo lugar volta a ser ocupado pelo Colégio D. Diogo de Sousa, em Braga, seguindo-se o Grande Colégio Universal, no Porto.
Com uma média de 15 valores, a primeira escola pública é a Secundária Infanta Dona Maria, em Coimbra, e surge em 34.º lugar do ‘ranking’, o que significa que as escolas públicas voltam a descer na tabela geral, desta vez dois lugares.
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