A falta de tempo e de dinheiro são duas grandes barreiras para a prática de desporto em crianças com idades entre os 6 e os 10 anos de idade, mas a segurança também, especialmente nas raparigas, revela um estudo desenvolvido por uma equipa do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

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Intitulado “Parental perception of barriers to children's participation in sports: biological, social, and geographic correlates of Portuguese children", o estudo, publicado no Journal of Physical Activity and Health, pretendeu identificar as barreiras percebidas pelos pais que podem contribuir para estratégias de promoção da atividade física em crianças, e perceber até que ponto o estatuto socioeconómico, o local de residência e o sexo, a idade e a participação desportiva das crianças afetam essas barreiras percebidas.

Dos 834 pais questionados, residentes nos concelhos de Coimbra e Lousã, quase metade referiu a falta de tempo e a falta de dinheiro como as principais barreiras para a prática desportiva das crianças. Saúde, transporte, segurança, instalações, clima, cansaço e falta de interesse das crianças foram outras barreiras relatadas.

Daniela Rodrigues, primeira autora do artigo publicado
Daniela Rodrigues, primeira autora do artigo publicado Daniela Rodrigues, investigadora da Universidade de Coimbra créditos: Direitos Reservados

"Como esperado, de modo geral, os pais com menor poder socioeconómico indicaram mais barreiras, principalmente a nível do custo e do transporte para a prática dessas atividades. Curioso foi que os pais de raparigas reportaram mais barreiras relacionadas com o custo e a segurança do que os pais de rapazes", refere Daniela Rodrigues, primeira autora do artigo publicado.

Segundo a investigadora do CIAS, o facto de os pais de raparigas indicarem o custo e a segurança como barreiras pode, "até certo ponto e aliado a outros fatores já conhecidos, ajudar a explicar porque é que os rapazes praticam mais desporto do que as raparigas".

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No que diz respeito ao local de residência - locais com maior ou menor nível de urbanização -, a maior diferença que os investigadores encontraram está na falta de tempo: "Os pais dos meios mais urbanizados referem significativamente mais vezes a falta de tempo como barreira do que os pais de meios menos urbanizados. Comummente, a maioria das famílias, particularmente das comunidades urbanas, tem pai e mãe em empregos de tempo integral, o que pode contribuir para a falta de tempo dos pais nesses ambientes".

Os resultados deste estudo "devem ser considerados no planeamento e nas intervenções futuras para promover efetivamente a atividade física em crianças. Por exemplo, as barreiras mencionadas pelos pais podem ser superadas em alguns casos com o envolvimento de governos locais, decisores políticos e escolas, disponibilizando sessões de desporto locais para crianças imediatamente após a escola ou durante o dia escolar", recomendam os autores.