Um menino brasileiro de 11 anos, que se mudou com a família da capital paulista para os Estados Unidos há quatro anos, tem chamado a atenção dos clubes norte-americanos de hóquei no gelo.
Além das jogadas características que aplica nos ringues de gelo, o pré-adolescente também é conhecido pelos fãs do desporto, inclusive no Brasil, por liderar o "JP Hockey Talk Show", veiculado pelo You Tube.
João Pedro Cunha Cassiano Alves, o JP, desde que descobriu o hóquei, aos 7 anos de idade, quando começou um estágio com duração de cinco semestres, no Florida Panthers, tem tido uma ascensão meteórica neste desporto.
Logo no final do primeiro semestre foi colocado diretamente no terceiro período do estágio, pela desenvoltura técnica apresentada. Depois de apenas duas semanas nesta fase, saltou direto para o programa de desenvolvimento de jogadores chamado Panthers Development League (PDL). Ou seja, por causa do seu talento, a aprendizagem básica que as outras crianças demoram 30 meses a completar, JP terminou em pouco menos de sete meses.
Na PDL, começou na categoria para crianças de até 8 anos de idade e, no fim da temporada, foi diretamente para os sub-10, onde treinou durante dois anos. Com 11 anos, foi escolhido para participar no chamado Travel Team, cujos jogadores do nível A (advanced) viajam pelos EUA para participar em campeonatos.
Hoje, JP faz parte da equipa sub-12, do Palm Beach Hawks, que é treinado por Sergei Berezin, que tem no currículo a participação em quatro Olimpíadas, pela seleção russa, e a passagem por vários clubes da NHL, a liga profissional da América do Norte de hóquei no gelo, entre eles, o Toronto Maple Leafs, Phoenix Coyotes, Montreal Canadiens, Chicago Blackhawks e Washington Capitals.
O craque dos microfones
Revelação pré-adolescente dos sticks (tacos) e pucks (discos de borracha) nos ringues de gelo nos EUA, JP tem se mostrado também um craque nos microfones.
Há pouco mais de 6 meses comanda o "JP Hockey Talk Show" no You Tube e que já colocou no ao ar entrevistas com profissionais da NHL e liga europeia, além de um medalhista olímpico e jogadores e personalidades do hóquei, no Brasil, entre outros desportos.
Entre elas, o presidente da Federação Paulista de Futebol Americano (Fepafa) e do Corinthians Steamrollers, bem como o diretor geral da São Paulo Football League (SPFL), Ricardo Trigo. "Fiquei muito feliz e orgulhoso do JP por ter estudado a minha história para me entrevistar. Foi uma das entrevistas que mais gostei, em toda a minha carreira", afirma Trigo.
A incursão do menino no digital começou a convite do presidente da Brazil Ice Hockey, Alexandre Capelle, ao saber que o brasileiro estava a jogar na PDL. "A intenção é fazer a ponte entre uma das maiores revelações brasileiras no hóquei no gelo e as crianças no Brasil que têm curiosidade e até o sonho de jogar nos EUA", explica Capelle.
"Eu vi no JP a viabilidade de alavancar o hóquei no Brasil. Como este é um projeto de longo prazo, nada mais justo do que investir numa criança para comunicar com os seus pares."
Chapéus e "dribles da vaca" no hóquei no gelo – JP é adepto fanático do Corinthians. Aos 5 anos de idade foi treinar na escola do clube, a Chute Inicial.
Frequentemente, é chamado de Neymar pelos colegas do Palm Beach Hawks, pela habilidade que exibe nos treinos diários fora dos ringues. Neles, o treinador realiza sempre uma descontraída partida de futebol, antes do treino em campo, que dura 1 hora, além de outra dedicada ao treino no ringue e 20 minutos de corrida fora do gelo.
A descontração que exibe no talk show é repetida nos ringues de gelo, através de dribles, com a ginga característica dos jogadores brasileiros de futebol.
"Eu comecei com o drible da vaca, que deu super certo e foi bastante comentado nas redes sociais. Depois, comecei a treinar chapéu com o disco, e consegui aplicar o drible num adversário num campeonato recente", comenta o talentoso e sonhador menino.
"O meu sonho é um dia jogar profissionalmente e ser considerado o "Neymar do gelo", ao mostrar que a ginga brasileira do Pelé, que assisti no filme sobre a vida dele, ultrapassa as fronteiras do futebol no Brasil."
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