Em todo o mundo, a violência dos conflitos está a levar ao aumento crítico das necessidades humanitárias, estando as crianças em situação especialmente vulnerável. Os conflitos que duram há anos – como na República Democrática do Congo, no Iraque, na Nigéria, no Sudão do Sul, na Síria e no Iémen, entre outros países - continuam a complexificar-se, dando origem a novas ondas de violência, deslocamentos populacionais e mais crianças desenraizadas, refere a UNICEF em comunicado.

"As crianças e jovens não podem simplesmente ficar à espera que as guerras findem, com crises que ameaçam a uma escala catastrófica a sua sobrevivência imediata e futura", afirmou o Director de Programas de Emergência da UNICEF, Manuel Fontaine. "As crianças são as mais vulneráveis quando o conflito ou o desastre provocam o colapso dos serviços essenciais, como de saúde, água e saneamento. A menos que a comunidade internacional tome medidas urgentes para proteger e prestar assistência vital a estas crianças, elas enfrentarão um futuro cada vez mais sombrio".

As partes envolvidas nos conflitos estão a mostrar um desrespeito flagrante pela vida das crianças. Estas não estão apenas sob perigo de ataque direto, mas também lhes estão a ser negados serviços básicos, à medida que as escolas, hospitais e infraestruturas civis são danificados ou destruídos. Aproximadamente 84 por cento (cerca de 3 mil milhões de US dólares) do apelo de financiamento de 2018 destina-se ao trabalho em países afetados por crises humanitárias provocadas pela violência e conflito.

O mundo está a tornar-se um lugar mais perigoso para muitas crianças, com quase uma em cada quatro a viverem num país afetado por conflitos ou desastres. Para muitas dessas crianças, a vida quotidiana é um pesadelo, pode ler-se no comunicado da UNICEF.

A propagação de doenças transmitidas pela água é uma das principais ameaças à vida das crianças em situações de crise. Ataques às infraestruturas de água e saneamento, táticas de cerco que privam as crianças do acesso a água potável, bem como o deslocamento forçado para zonas sem infraestruturas de água e saneamento deixam crianças e famílias em risco de depender de água contaminada e expostas a saneamento inseguro. Raparigas e mulheres enfrentam ameaças adicionais, já que muitas vezes desempenham a tarefa de recolha de água para as suas famílias em situações perigosas.

A publicação da UNICEF: “Acção Humanitária para as Crianças” estabelece o valor do apelo da agência para 2018 em 3,6 mil milhões de US dólares e os seus objetivos para proporcionar o acesso a água potável, nutrição, educação, saúde e proteção a crianças em 51 países em todo o mundo.

"117 milhões de pessoas que vivem em emergências não têm acesso a água potável e em muitos países afetados por conflitos, mais crianças morrem de doenças causadas por água insalubre e saneamento deficiente do que  pela violência direta em si", disse Fontaine. "Sem acesso a água potável e saneamento, as crianças ficam doentes e muitas vezes não podem ser tratadas devido aos hospitais e centros de saúde não funcionarem ou estarem sobrelotados. A ameaça é ainda maior à medida que milhões de crianças enfrentam níveis de subnutrição potencialmente fatais, tornando-as mais susceptíveis a doenças transmitidas pela água como a cólera, criando um ciclo vicioso de má nutrição e doença ".

Sendo a principal agência humanitária em matéria de água, saneamento e higiene em emergências, a UNICEF fornece mais de metade dos serviços de emergência de água, saneamento e higiene em crises humanitárias em todo o mundo.

Este ano, a maior parte do apelo da UNICEF é dirigido a crianças e famílias afetadas pelo conflito da Síria, que em breve entrará no seu oitavo ano consecutivo. A UNICEF precisa de cerca de 1,3 mil milhões de US dólares para apoiar 6,9 milhões de crianças sírias que vivem na Síria ou como refugiadas em países vizinhos.

Em conjunto com os seus parceiros e com o apoio dos seus doadores, em 2018, a UNICEF pretende:

- Fornecer a 35,7 milhões de pessoas o acesso a água potável;
- Proporcionar a 8,9 milhões de crianças educação básica formal ou não formal;
- Imunizar 10 milhões de crianças contra o sarampo;
- Fornecer apoio psicossocial a mais de 3,9 milhões de crianças;
- Tratar 4,2 milhões de crianças com subnutrição aguda grave.

Apelo de Acção Humanitária para as crianças 2018 disponível aqui.