No entanto, muitas vezes, aquilo que acontece é que ao longo do crescimento a relação pais e filhos parece ir-se desenlaçando e os filhos parecem ficar cada vez mais desligados dos pais. Atrás de um “como correu o teu dia?” começa a vir apenas um “bem”, como se já não houvesse espaço ao diálogo e à partilha genuína entre os pais e os filhos.
Este cenário vai ganhando espaço de forma subliminar e - aos poucos - quando um filho se torna adolescente, muitas vezes, parece não existir diálogo, de repente, cumprem-se apenas as rotinas sem se dar asas à relação e à partilha.
A verdade é que a relação entre pais e filhos, tende a perder-se na rotina dos dias, tende a perder-se na forma como facilmente se deixa de dar atenção às coisas positivas e, de repente, só se repreende a criança. Perde-se quando as regras de base da dinâmica familiar não estão definidas e há atrito para tudo o que é essencial para o dia a dia, como ir jantar, fazer os trabalhos de casa ou tomar banho, por exemplo. Perde-se ainda na forma como os adultos facilmente se deixam contaminar pela instabilidade emocional da criança e acreditam que, por exemplo, quanto mais alto falarem mais a criança os vai ouvir.
As crianças - como qualquer um de nós - precisam de ser ouvidas, de ser respeitadas e olhadas de forma global como capazes de agir, de pensar e de fazer cada vez melhor.
Assim, a relação entre pais e filhos precisa de ser nutrida e precisa de investimento. Sendo que será uma relação tão mais saudável quanto mais comunicação existir, quanto mais os pais se permitirem a dar atenção a um filho pelas coisas positivas que ele vai alcançando, quanto mais espaço para filhos e pais se expressarem emocionalmente e quanto mais as regras de base essenciais ao funcionamento de toda a família estiverem definidas e estruturadas de forma clara para todos. Desta forma, e com espaço para a interpelação para o contraditório, é possível criar laços entre pais e filhos que se prolongam ao longo do crescimento e que permitem a um filho ter a segurança de que precisa para crescer tranquilo e feliz.
Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.
Comentários