A calvície é um mau momento por que muitos homens passam. Mas, hoje em dia, já é possível travá-la e até reverter parte dos seus efeitos, razão pela qual não se deve dar por vencido. Os homens de raça branca são os mais propensos à calvície. Têm quatro vezes mais probabilidades de perder o cabelo do que um homem de raça negra. As estatísticas internacionais demonstram ainda que estes perdem-no, em média, 10 anos antes do que um homem de raça oriental. Até aqui poupadas, as mulheres também têm vindo a figurar cada vez mais nos registos globais.

Por que ficamos carecas?

Cerca de 40% dos homens europeus, mais tarde ou mais cedo, acabará por sofrer de alopecia. Mas porquê? A calvície depende, em grande parte, de antecedentes familiares, já que os genes determinam a reacção dos folículos à ação das hormonas sexuais masculinas (androgénios). Mas o gene da calvície não é um gene dominante. Apesar de ser herdado, não existe uma obrigatoriedade de vir a desenvolver-se. Razão pela qual existem pais carecas com filhos cheios de cabelo e vice-versa.

Também existem aspetos androgenéticos, que estão relacionados com o controlo que as hormonas masculinas exercem sobre o crescimento do cabelo. Tanto os homens como as mulheres partilham os mesmos tipos de hormonas, mas em proporções diferentes. As femininas, também chamadas estrogénios, dão a ordem para abrandar o ritmo de crescimento do cabelo, prolongando-o durante mais tempo. Pelo contrário, as hormonas masculinas ou androgénios têm um efeito totalmente diferente e emitem a ordem para acelerar a sua queda.

Uma questão de testosterona

Hoje em dia sabe-se que a testosterona afecta os folículos pilosos de algumas zonas do couro cabeludo. De facto, a testosterona, sob a ação da enzima 5-alfa-redutase, transforma-se numa substância conhecida por DHT. Esta é a hormona masculina mais potente e afeta diretamente o funcionamento dos folículos pilosos, que recebem a ordem para reduzir a fase de crescimento capilar. O cabelo não tem tempo para alcançar a grossura e comprimento normais, transforma-se numa penugem e, ao fim de alguns anos, o folículo pára definitivamente de fabricar cabelo.

Nos últimos anos, tem-se investigado outra enzima, a aromatase, que pode transformar a testosterona em estrogénios, salvaguardando, desta forma, os cabelos da queda. Mas estas descobertas, por agora, apenas abrem portas para a compreensão do complexo mundo das hormonas e não nos oferecem, neste momento, uma solução milagrosa para o problema da alopecia.

O segredo está no folículo

O segredo da alopecia está no folículo piloso, uma estrutura em forma de bainha que se encontra por baixo da pele. É onde o cabelo está inserido e onde ocorrem os processos que determinam o seu crescimento. Os folículos envelhecem. A microcirculação e, consequentemente, a sua nutrição pioram, impedindo-os de regenerar e de criar um cabelo novo.

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As consequências do atrofiamento do folículo piloso

O atrofiamento do folículo piloso intervém na fibrose, processo através do qual as fibras de colagénio que o rodeiam se tornam rígidas, impedindo um bom suporte do cabelo que é finalmente expelido para o exterior e cai. A fibrose impede que o cabelo se desenvolva bem, levando à inatividade do folículo e, por último, à sua queda. Na alopecia masculina, a acção das hormonas acelera este processo de envelhecimento de uma forma anormal, provocando perdas capilares prematuras. Esta queda pode alcançar idades verdadeiramente precoces, até na adolescência.

O mito do macho man

Lamentamos decepcionar aqueles que julgam que a alopecia se deve à abundância de testosterona. Não tem nada a ver com a virilidade mas sim com a sensibilidade dos folículos. Um indivíduo pode ter pouca testosterona e folículos receptivos, o que faz com que perca cabelo, e outro, com mais testosterona e folículos menos sensíveis, consegue conservá-lo. Existem mulheres que padecem de alopecia androgénica. 

No homem, a alopecia começa pelas entradas. Depois, abre uma clareira no cocuruto que, posteriormente, se estende ao resto da cabeça, até só restar cabelo nas laterais e na nuca. Nas mulheres, a perda capilar é difusa, pelo que, apesar de ser mais pronunciada na zona superior, não costuma apresentar peladas.

Texto: Madalena Alçada Baptista