Quando pensamos numa sessão de laser, num microdermoabrasão ou num peeling para eliminar as rugas, a única coisa que temos em mente é o resultado final. As manchas desaparecerão, as rugas atenuar-se-ão e a pele recuperará um aspeto mais jovem, se possível, em pouco tempo. Mas esquece-mo-nos que, para alcançar esse objetivo, muitas vezes, a pele tem de passar, primeiro, por um processo de agressão e de posterior recuperação.

Existem diferentes formas de rejuvenescer. Atualmente, três das técnicas mais utilizadas para o rejuvenescimento facial, que alteram de maior ou menor forma o equilíbrio da pele, são:

- Laserterapia

Engloba o uso de diferentes tipos de laser existentes no mercado para conseguir um rejuvenescimento facial, corrigindo as rugas e as lesões cutâneas. Pode requerer uma ou várias passagens de laser, de acordo com o tipo utilizado, com um controlo preciso, por parte do especialista, da profundidade da pele que se atinge.

- Peeling

Consiste na aplicação de um ou mais agentes químicos esfoliantes para produzir uma lesão parcial da pele, destruindo a epiderme e porções superiores da derme com subsequente regeneração do novo tecido epidérmico ou dérmico.

Os agentes podem ter uma acção superficial, média ou profunda. Os tratamentos com peeling funcionam muito bem para eliminar os sinais de fotoenvelhecimento [provocados por excesso de exposição solar, por exemplo], como é o caso das rugas, das manchas e até da perda de elasticidade.

- Dermoabrasão

É um procedimento abrasivo sobre a epiderme e a derme superficial que elimina manchas de pigmentação, rugas e cicatrizes de acne, uniformizando a tez.

O que acontece com a pele após um tratamento

O uso adequado destas técnicas por parte de um profissional consegue resultados excelentes no rejuvenescimento facial. Contudo, logo após a sua aplicação, frequentemente, a pele mostra-se irritada e avermelhada, em virtude da alteração do seu equilíbrio e fica mais predisposta a sofrer algum tipo de infecção, devido à agressão da barreira cutânea da epiderme.

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"Quando sujeitamos a pele a um peeling ou a uma dermoabrasão, significa que lhe retiramos a camada superficial da derme [se for um procedimento superficial] ou mesmo até à derme média [se for um procedimento profundo]", refere Manuela Cochito.

Isso implica todo um refazer da pele, que demora em média uma a duas semanas, consoante a profundidade do tratamento", explica a dermatologista. Por outro lado, nos rejuvenescimentos com laser, a resposta da pele varia consoante a técnica utilizada.

"Os lasers podem ser ablativos ou não ablativos, ou seja, remover pele [como o peeling e a dermoabrasão] ou estimular a derme sem atingir a epiderme [camada superficial], não fazendo qualquer espécie de ferida. No primeiro caso, temos uma recuperação de algumas semanas, no segundo caso não há tempo de recuperação", acrescenta a dermatologista.

Os cuidados que deve ter depois da aplicação

São várias as precauções a ter. "Os cuidados a ter após estes procedimentos dependem da profundidade do tratamento", indica Manuela Cochito. "Mas, de uma maneira geral, consistem em evitar infeções bacterianas e virais, bem como evitar a exposição solar por períodos mais ou menos prolongados", refere ainda a especialista. Nesse sentido, uma das medidas habitualmente recomendadas é a interrupção da rotina cosmética habitual.

Até porque alguns cremes antienvelhecimento de uso quotidiano incluem na sua formulação substâncias como os alfahidroxiácidos, o ácido glicólico ou o retinol, só para referir três exemplos, que teriam um efeito irritante numa pele que de momento está sensibilizada ou até mesmo intolerante.

De acordo com Manuela Cochito, em sua substituição, "usam-se, durante períodos variáveis consoante o procedimento em causa, cosméticos específicos para a recuperação da pele, que devem ser aconselhados pelo dermatologista". "Só após a recuperação total se pode voltar aos cremes habituais, o que pode variar de uma semana até meses", refere ainda.

É fundamental, por isso, seguir as indicações dadas pelo médico responsável pela intervenção. Quanto aos produtos recomendados neste período, embora "dependam do tipo de pele em causa, do procedimento utilizado e do tipo de recuperação que a pele está a ter", conforme sublinha Manuela Cochito, idealmente, devem:

- Fornecer hidratação extra

- Ter um efeito calmante

- Estimular as defesas naturais da pele. Devem reforçar a função barreira, que ficou fragilizada

- Garantir fotoproteção elevada. "A proteção solar tem uma importância enorme nestes pós-tratamentos", sublinha Manuela Cochito

Texto: Fernanda Soares com Manuela Cochito (dermatologista)