Os exagerados lábios com silicone que algumas mulheres ainda exibem já passaram à história. Hoje em dia, a maioria dos especialistas guia-se pela premissa de que é menos é mais e os atuais preenchimentos labiais são muito mais naturais. Ácido hialurónico, gordura, colagénio, ácido poliláctico... A lista de materiais usados como implantes ou substâncias de preenchimento para o rejuvenescimento facial é ampla.
Francisco Carvalho Domingues, mestre em medicina estética, dá a sua opinião sobre cada um deles e as suas utilizações, a começar pela escolha do material de preenchimento. "São produtos que, salvaguardando a sua total compatibilidade a nível químico, físico, biológico e fisiológico, podem ser colocados nas estruturas da pele ou dos tecidos subcutâneos, corrigindo faltas de volume das mesmas", refere.
"Seja por causas acidentais, doença ou pelo envelhecimento cutâneo", explica ainda Francisco Carvalho Domingues, especialista neste tipo de preenchimentos, muito procurados em muitas partes do mundo. Dependendo da sua origem, subdividem-se em biológicos (de origem orgânica) e não biológicos (de origem sintética) e, conforme a sua durabilidade, em reabsorvíveis ou permanentes.
Para que servem os produtos reabsorvíveis?
Estes preenchimentos têm uma duração que se limita a um período de 12 a 15 meses. Entre os implantes reabsorvíveis mais usados encontram-se o ácido hialurónico nas suas diversas formas de apresentação e a gordura autóloga (do próprio paciente). Geralmente, são indicados "para manifestações comuns do envelhecimento facial, nomeadamente as rugas de média e grande profundidade", refere o especialista.
A lista não se fica, no entanto, por aí, incluindo ainda "a acentuação de sulcos e linhas de expressão facial, a redução ou atrofia do volume dos lábios e a melhoria da definição do contorno labial e das regiões malares, zigomáticas e do queixo. Enfim, um conjunto de manifestações faciais que fazem com que a expressão e a mímica não corresponda ao espírito e à mente do seu portador", afirma ainda.
Regra geral, os efeitos secundários são apenas hematomas e inflamação na zona da injeção, que desaparecem, habitualmente, ao fim de três a cinco dias. Em todo o mundo, são muitas as celebridades, a par de outros adeptos da cirurgia estética, que recorrem com regularidade a este tipo de produtos, repetindo o procedimento ao fim de 12 a 15 meses para voltar a exibir um rosto (quase) irrepreensível.
Quais os efeitos dos produtos permanentes?
São uma alternativa aos produtos reabsorvíveis, sendo também muito procurados em várias partes do mundo. O seu efeito perdura no tempo, pelo que deve estar muito segura do passo que vai dar. O implante fica no organismo, integrando-se nele, e não desaparece. Entre as substâncias permanentes mais utilizadas encontram-se os metacrilatos em todas as suas apresentações, as acrilamidas e as polialquilamidas.
Para quem são mais indicados?
Os produtos permanentes são mais indicados "para portadores de inesteticismos faciais, quer sejam devidos ao normal processo de envelhecimento a acidentes ou defeitos faciais congénitos ou até como evolução de determinadas doenças [ou dos seus tratamentos] que originam perdas do volume dos tecidos celulares sub-cutâneos [neoplasias, sida ou similares]», adverte Francisco Carvalho Domingues.
Tal como explica o especialista em medicina estética português, os efeitos secundários têm um maior risco quando há um "excesso de correção, isto é, o de fazer um implante de volume maior do que o necessário, dando origem a uma situação exatamente oposta à falta de volume antes existente. Se o implante puder ser extraído, o problema pode ser corrigido", assegura o especialista.
No entanto, nem sempre é assim, como têm sublinhado alguns dos que os têm usado em artigos especializados e até em intervenções em conferências e seminários internacionais. "Nalguns casos, pode não ser possível", adverte Francisco Carvalho Domingues. "Podem ocorrer também manifestações de carácter inflamatório, por menor tolerância aos materiais aplicados", acrescenta ainda o médico.
Biodegradáveis lentamente ou semipermanentes?
São outra alternativa disponível. "Mais recentemente, começou a usar-se o ácido poliláctico. Trata-se também de uma substância existente no organismo humano, estimuladora da produção de colagénio e de efeitos, por vezes, superiores a um ano. Poderão ser, no entanto, necessárias três a quatro aplicações para obtenção do efeito desejado", diz Francisco Carvalho Domingues.
E se não estiver seguro do passo que vai dar?
Se assim for, opte pelos implantes reabsorvíveis, uma vez que, ao optar por eles, tem a certeza de que, se o resultado não lhe agradar, desaparecerá em poucos meses. A maioria dos especialistas costuma realizar o tratamento em duas sessões, de forma a injetar num primeiro momento uma quantidade e, uma semana ou 10 dias depois, realizar os retoques necessários, se for caso disso.
O que me vão injetar?
Todas as substâncias devem ser aprovadas pelo Infarmed, instituição tutelada pelo Ministério da Saúde. Daí ser tão importante recorrer sempre a um centro médico autorizado. Deve saber sempre o tipo de material que lhe vão injetar. São muitos os que, ao fim de alguns meses, vão a uma consulta com algum tipo de problema relacionado com um implante anterior e desconhecem totalmente a substância que lhes foi injetada.
O médico deve especificar qual o material ou materiais de preenchimento que vai usar no seu caso. E, para além disso, esta informação deve ficar registada no seu relatório médico. Lembre-se de indicar se tem algum tipo de implante anterior. A silicone líquida, por exemplo, não é utilizada no nosso país, pois "está, desde há muito, proscrita pelos efeitos secundários que lhe são reconhecidos", alerta.
Há precauções a ter antes ou depois do procedimento?
Antes de se submeter ao tratamento, o médico deve verificar se é completamente saudável e tem de se assegurar de que não está a tomar nenhum tipo de medicação anticoagulante (incluindo o ácido acetilsalicílico), já que é habitual surgirem pequenos
hematomas depois do tratamento.
Qual a combinação ideal de materiais para rejuvenescer o rosto?
Na opinião de Francisco Carvalho Domingues, "a combinação será a adequada a cada caso". "A prévia observação cuidada das manifestações existentes na face do paciente, as suas opiniões sobre o que lhe desagrada, acrescidas da experiência e opinião do médico, permitirão definir o que estará indicado em cada caso", acrescenta ainda o especialista, que não se fica, todavia, por aqui nas explicações.
"É raro estarmos perante um rosto que não evidencie mais do que um tipo de manifestações dos anos vividos até então", refere ainda. Por tudo isto, a intervenção médica é muito variável, sendo que "nos casos mais acentuados e próprios da quinta ou da sexta década de vida poderá já estar indicada a solução cirúrgica para recolocar mais acima aquilo que a gravidade puxou para baixo", refere ainda.
"Até lá, a maioria das manifestações poderá ser resolvida com o recurso a tratamentos médico-estéticos combinados, de que são exemplo os implantes com ácido hialurónico, dermabrasão nas lesões de origem solar, peelings médicos despigmentantes para outras manchas hipercrómicas (não tumorais), aplicação de toxina botulínica na região frontal, entre as sobrancelhas, rugas peri-orbitárias e, nalguns casos, nas rugas verticais do lábio superior e tratamento dos vasos faciais e nasais ou da couperose com laser Neodímio-YAG", remata ainda.
Lembre-se que as suas feições não são eternas, vão mudando com o passar dos anos, as estruturas moles do rosto descaem por causa da força da gravidade e de diferentes fatores que favorecem o envelhecimento e a flacidez. Portanto, se é um novato em matéria de implantes, comece por experimentar os preenchimentos ou implantes temporários, adequando-os ao que o seu rosto pedir em diferentes fases da sua vida.
Os produtos permanentes, apesar de produzirem um bom resultado inicial, podem tornar-se menos naturais com o passar do tempo e com as mudanças que o seu rosto vai sofrendo. Uma situação que muitas pessoas não têm presente no momento em que optam por este tipo de procedimento estético e que, ao contrário do que é desejado, acaba por comprometer o resultado final ao fim de um determinado período.
As seis características do implante ideal
1. Não produz irritação
2. É seguro e não provoca alergias
3. É estável e os seus efeitos são duradouros
4. Oferece resultados constantes
5. É fácil de manejar
6. É compatível com as mudanças fisiológicas da pele
Texto: Madalena Alçada Baptista
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