Repulpar é o ato de preencher a pele. O verbo não existe no dicionário português, mas esta seria a designação provável para o termo adotado pela cosmética em várias línguas. «Repulper» em francês e «to plump» em inglês. Como é tendência no universo da beleza, as fórmulas que oferecem um efeito repulpante são inspiradas no tratamento do momento nos consultórios dos dermatologistas, os fillers.
Como explica Manuela Cochito, médica dermatologista, «os cremes acompanham as mudanças de tratamentos médicos». «Até há algum tempo o efeito tensor, o chamado lifting, era o mais procurado. Atualmente, como o método de rejuvenescimento mais utilizado pelos especialistas é o preenchimento da pele, ou filling, a cosmética adotou essa designação», esclarece a especialista.
Lifting versus filler
Se o ato de repulpar ou preencher pretende combater as rugas, deixando uma pele com um ar mais jovem e se o objetivo do lifting é também o de lutar contra o envelhecimento da pele, qual é então a grande diferença entre eles? «Teoricamente, o ato de repulpar consiste em criar um edema na pele, preenchê-la, enquanto que o lifting estica», explica Manuela Cochito. «Só que para esticar, normalmente, também acaba por se fazer um pouco de edema», sublinha.
Portanto, ambos acabam por ter o mesmo resultado. A diferença está mais na técnica utilizada nos tratamentos realizados em consultório que a cosmética reproduz. «Se tem um efeito mais lifting, os cremes vão ter uma ação lifting. Se é mais utilizado o laser, a cosmética vai dizer que tem um efeito laser. Se o tratamento é à base de fillers, então os cremes vão querer preencher ou repulpar», esclarece ainda.
O ingrediente estrela
Existem várias substâncias utilizadas para preencher a pele, mas o ácido hialurónico é a que mais se destaca. «Além de ser um belíssimo hidratante, este ingrediente capta a água, preenchendo a pele», refere Manuela Cochito. Juntamente com outras substâncias que compõem o creme, «as fórmulas que o contêm estimulam a produção de colagénio (a fibra que dá suporte à pele), o que no fundo confere volume à pele», explica.
O efeito repulpante não se limita «a tirar aquela ruguinha, ele vai também dar um aspeto de pele preenchida, sem que fique com aquele ar de amarrotada», conclui. É também graças a este ingrediente que os cremes repulpantes têm um efeito mais imediato, não tendo de se esperar dias para se confirmar que a sua promessa é realmente cumprida. Além disso, a textura dos cosméticos com ácidos hialurónico tende a ser «muito cremosa e agradável», tornando a aplicação mais fácil e agradável.
Outro benefício do ácido hialurónico é o facto de ser «muito bem tolerado, não costumando desencadear qualquer tipo de alergia», como sublinha a especialista. Contudo, a especialista alerta para o facto de isso não ser sinónimo de que os cremes que o contêm não sejam alergénicos, uma vez que contêm outras substâncias.
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O alvo preferencial destes tratamentos
Mais cedo ou mais tarde, começam a aparecer as pequenas rugas e, posteriormente, alguma flacidez. É nesta altura, que um creme repulpante deve começar a fazer parte do dia a dia. Regra geral, isso começa a acontecer «por volta dos 35 ou 40 anos, altura em que a pele começa a ficar mais desidratada e, por conseguinte, criam-se as rugas finas», explica Manuela Cochito.
Pode ser utilizado por qualquer tipo de pele, excepto «por quem tem tendência para acordar com os olhos muito inchados, pois se colocar um creme de contorno de olhos com ácido hialurónico acorda com eles ainda mais inchados. Isto porque tem o tal efeito de edema, de reter a água», explica a dermatologista.
No consultório da dermatologista
Dos tratamentos utilizados pelos especialistas Manuela Cochito destaca:
- Injeções de ácido hialurónico
É o método mais utilizado quando o intuito é o preenchimento facial.
- Injeções de hidroxiapatita de cálcio
Utiliza-se quando além do preenchimento facial é necessário dar um pouco de firmeza à pele.
Texto: Catarina Caldeira Baguinho com Manuela Cochito (médica dermatologista na Clínica Médica Dra. Manuela Cochito e Colaboradores em Lisboa)
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