É uma marca de joalharia à prova de água portuguesa produzida na China mas tem no Reino Unido, na Alemanha e nos EUA os principais mercados. Criada em 2018 por Catarina Oliveira, a Hey Harper tornou-se num caso de sucesso internacional em apenas três anos. "Eu já tinha trabalhado no segmento da moda de luxo e na área digital de uma consultora. Nesse ano, despedi-me, porque estava à beira de um esgotamento", recorda a empresária em declarações exclusivas ao Broader/SAPO Lifestyle.
Em casa, para passar o tempo, entretinha-se a produzir bijuteria. "Comecei a fazer algumas peças em casa. Depois, tirava fotografias às minhas amigas com elas, publicava-as nas redes sociais, as pessoas que viram gostaram e comecei a vendê-las online. Percebi que tinha ali uma oportunidade de negócio e, a partir daí, foi começar a trabalhar para tornar este projeto realidade. Mas aconteceu tudo naturalmente. Não foi uma coisa premeditada", assegura. Numa primeira fase, avançou sozinha.
Era ela que montava as peças em casa e que depois as expedia pelo correio. Em menos de nada, estava a receber (maioritariamente) pedidos do estrangeiro. "As coisas começaram a correr bem e, depois, quando comecei a vender para fora, o meu namorado juntou-se ao projeto. Foi a procura internacional que definiu o nosso sucesso. Nós sempre estivemos em Portugal mas nunca vendemos para Portugal. Isso é uma das coisas que sempre nos distinguiu da nossa concorrência", assegura.
"Agora, ao fazermos assim uma retrospetiva, parece que foi tudo um mar de rosas mas foram inúmeros os desafios. Tivemos fases muito difíceis no início", desabafa Catarina Oliveira. À medida que o negócio foi crescendo, teve a necessidade de recorrer a fornecedores nacionais. "A partir de determinada altura, eu já não tinha capacidade de dar resposta às encomendas que tinha e havia peças, como os anéis, que eu em casa não tinha possibilidade de fazer", recorda a empreendedora.
Para expandir o negócio, fez uma viagem a China. A ideia era começar a produzir lá peças em aço inoxidável com um um processo de revestimento que torna a sua cor 10 vezes mais resistente à água e ao suor. "O ouro não é acessível a toda a gente e eu pensei que, se conseguisse fabricar peças neste material, dando às pessoas a segurança total de que ele não se vai estragar com a passagem do tempo, iria mudar radicalmente a forma como as pessoas compram joias", justifica Catarina Oliveira.
"Essa viagem mudou completamente a evolução das coisas", confidencia. "Há duas coisas que nos distinguem. Uma é a qualidade das peças. Não sei se as pessoas têm noção disso mas o aço inoxidável é o material usado pelas marcas de luxo. Marcas como a Rolex e a Cartier utilizam-no na parte prateada das peças que vendem. A outra é o design. Temos os nossos próprios designers. As pessoas encontram na Hey Harper peças com um design fantástico a preços acessíveis. A minha intenção é democratizar literalmente o luxo", garante a empreendedora portuguesa, que o ano passado encaixou cerca de 4,6 milhões de euros.
"Estamos numa fase de crescimento muito interessante. O nosso objetivo agora é duplicar a receita. O ano passado, faturámos cinco milhões de dólares. Este ano, a meta é atingir o dobro, 10 milhões", assume Catarina Oliveira. O Reino Unido, a Alemanha e os EUA são os principais mercados da Hey Harper. "Também vendemos bem para a Austrália, temos uma boa base em França e estamos a começar a explorar os Emirados Árabes Unidos, outro mercado que é interessante para nós", revela.
O plano de expansão da Hey Harper também passa por aumentar o volume de vendas no Canadá e nos mercados nórdicos europeus e por explorar novas formas de comercialização. "Até aqui, as nossas vendas eram 100% online. Agora, temos alguns contratos interessantes. Estamos a vender no [site de comércio eletrónico] About You e a firmar outras parcerias de negócio. Algumas ainda não as podemos divulgar", diz.
"Vamos vender em retalhistas, em lojas físicas e em plataformas digitais. Tivemos uma loja pop-up em Nova Iorque que correu muito bem e a ideia agora é expandir para outros canais de distribuição", admite Catarina Oliveira. A parceria com outras marcas, à semelhança do que sucedeu com a coleção Hey Harper x Sanctuary, desenvolvida em parceria com uma aplicação móvel de astrologia, é outra das estratégias.
Apesar de não renegar as origens, a Hey Harper também não faz questão de as publicitar. "As pessoas, na maioria das vezes, não sabem que estão a comprar uma marca portuguesa. Mas eu tenho orgulho no facto de seremos portugueses", confessa Catarina Oliveira. A culpa também é da designação. "Eu gosto da ideia da interjeição e também gostava de Harper, que é o nome da filha da Victoria Beckham", esclarece a empresária.
"É um nome que soa bem e que é fácil de dizer", refere ainda. A marca de joalharia à prova de água portuguesa tem aproveitado as publicações que vai fazendo nas redes sociais para promover os novos lançamentos. No centro de Lisboa, no quarto andar do número 48 da rua Bernardo Lima, abriu também um espaço de exposição das peças que vende, que funciona de segunda-feira a quinta-feira, entre as 10h00 e as 18h00.
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