É Raquel Azedo, relações públicas deste RIB Beef & Wine, restaurante integrado na Pousada de Lisboa, quem nos recebe nesta abertura de mais uma “Wine Session”, encontros regulares na terceira terça-feira de cada mês com vista à divulgação de um produtor vinícola nacional.
Dentro de portas, um burburinho que mescla diferentes idiomas. O RIB não passa despercebido aos turistas empolgados com Lisboa e que acabam por se sentar à mesa deste espaço onde, como nos conta Raquel, só se servem carnes nacionais, assim como vinhos também eles de chancela lusa.
“Esta iniciativa, as ´Wine Sessions` pretende impulsionar e divulgar produtores locais, é um win-win. É também uma forma ativa de dar formação aos colaboradores, para que possam aconselhar os clientes de acordo com as suas preferências e vontade de provar vinhos portugueses. O contato com os produtores e enólogos aproxima ambas as partes”, confidencia-nos a relações públicas do RIB Beef & Wine, casa com capacidade para acolher 60 comensais e no verão com esplanada para quatro dezenas de clientes.
Aos sabores da mesa já lá iremos. Por agora fica somente um abrir de apetites com menção a alguns exclusivos da casa (tal como no restaurante congénere do Porto, na Ribeira): o arroz de grelos e chouriça de cebola, o À Brás de Legumes e uma sobremesa inspirada no tão afamado pastel de Nata e popular Ginjinha.
A vez aos vinhos
Por agora é com Luís Gonçalves, da Vinicom, empresa de distribuição dos néctares da Casa Santos Lima, que encetamos conversa. Recebe-nos no espaço do bar e apresenta-nos os rótulos que estarão incluídos na carta do RIB Beef & Wine até meados do próximo mês de março. Trata-se da marca Confidencial, vinhos da Região de Lisboa, que em termos gerais se apresentam suaves.
Luís aconselha-nos, para arranque de prova, um Confidencial branco de 2016 (4,00 euros) com 12,5% (v/v) de teor alcoólico. Um blend das castas Arinto, Malvasia e Antão Vaz. Um branco bem seco e leve, muito frutado e com algumas sensações florais, destacando-se o carácter mineral e acidez muito equilibrada. Pode ser bebido como aperitivo, mas harmoniza na perfeição com carnes brancas, saladas, queijos, peixe e marisco.
A proposta seguinte é o congénere rosé (4,00 euros), um blend da tão portuguesa casta Touriga Nacional, com Aragonês e Cabernet Sauvignon, com 12,5% (v/v) de teor alcoólico. Um néctar ligeiramente doce, sensação que se esbate no prolongamento de boca. Sentimo-lo fresco, ligeiramente mineral e com acidez equilibrada. Predominam os aromas a frutos vermelhos ligeiros e acompanha bem pizas, saladas, salmão grelhado, carpaccio de salmão, alguns queijos leves e frutos secos.
Do rosé e por gradação de cores passamos ao seu irmão tinto de 2015 (13% v/v) (4,00 euros), um blend igual de castas idênticas ao anterior que se revela complexo com notas de frutos vermelhos maduros e especiarias. Na boca mostra-se bem estruturado com taninos arredondados. Um bom tinto para servir com carne de aves, carnes vermelhas grelhadas e queijos leves.
Posto isto, é chegada a altura de provarmos o Confidencial Reserva Tinto 2014 (5,00 euros), semelhante ao tinto anterior mas com um ano de madeira. Encontramos, adicionalmente, notas de baunilha e os taninos aveludados, boa companhia para caça, enchidos, carnes vermelhas mal passadas, pois a sua doçura será quebrada pela equilibrada acidez.
Labor de José Luís Oliveira da Silva a marca Confidencial é um bom representante da Região de Lisboa, que vê nascer anualmente colheitas provenientes de vinhas plantadas em encostas, e ligeiros vales, por onde passam os influentes ventos atlânticos.
À mesa a carne é forte
É no ambiente casual e cosmopolita deste RIB não muito distante do marulhar do Tejo no Cais das Colunas que a nossa anfitriã, a Raquel, nos sugere o repasto. Uma refeição servida por Ricardo, conhecedor da carta que tem uma vincada aposta nas carnes.
Nos entreténs de boca, melhor dizendo, nas entradas, uma demonstração das que têm maior sucesso como nos explica Ricardo. Aspeto apetitoso, colorido e boa apresentação são motivos para começarmos o deleite. Paté de beterraba irresistível até para quem não aprecia o tubérculo, sabor suave e ligeira acidez que combinam na perfeição com o pão de Mafra.
Porque é de carne de vaca que hoje aqui se trata, provamos o paté de novilho, sabor pronunciado, mas suave e aveludado. Presentes estão também o azeite nacional e a flor de sal.
Está dado o mote para continuarmos com a experiência, antes da chegada do prato principal. Espicaça o palato um apaladado e suculento croquete que docilmente mergulhamos num adocicado molho de cebola fumada (8,00 euros), transportando-nos para o sabor do barbecue.
No habitual frasco de compota encontra-se uma verdadeira surpresa, “envolva bem” recomenda Ricardo, e assim fazemos aos finamente laminados cogumelos assados, molho romanesco, pinhões e espuma de batata. A temperatura certa (não demasiado quente) exacerba os ricos sabores desta combinação tão perfeita.
Segue-se o nosso querido queijo açoriano, da Ilha, bem maturado e picante q.b., para cortar a doçura dos anteriores cogumelos. Vamos intercalando com uns goles do Confidencial Reserva Tinto, não fosse o comensal apreciador de um toque de madeira.
Numa versão personalizada, segue-se o carpaccio de novilho (10,00 euros), tenro e suave. Para finalizarmos, e porque as entradas já vão sendo fartas, a cecina de vaca maturada (9,00 euros). Aos olhos lembra-nos o presunto e Ricardo avisa, “sentirá o sal”, assustado fica o comensal, mas não, a tenrura da carne predomina e o sal mal se sente.
O estômago, já muito bem aconchegado, aguarda pela estrela principal, o RIB Eye (20,00 euros), 200 gramas de carne da vaca suculenta e saborosa, mal passado (mas não em sangue), “como o chefe aconselha” menciona Ricardo. Chega-nos acompanhado de um pimento piquillo de Lodosa (ligeiramente picante e doce), cebola confitada em vinho do Porto (suculenta, com doce natural e extra conferido pelo vinho), manteiga de Café de Paris (nome enganador, pois a proveniência é suíça e bem presentes estão o sabor da mostarda e anchovas) e três variações de flor de sal (normal, pimentão doce e azeitona), pois na confeção o bife não é temperado.
Estes são só os acompanhantes de prato da tenra peça de carne nacional. Para acompanhamento Raquel sugeriu o À Brás de Legumes (4,00 euros) e o arroz de grelos e chouriça de cebola (3,50 euros), identidade do RIB Lisboa. E foram excelentes sugestões, a gema de ovo, as finas batatas fritas e o crocante de azeitona escondiam a combinação deliciosa e perfeita de curgete, cenoura e cebola ripadas. O arroz, bem português, ao estilo malandrinho, caldoso e ensopado q.b., perfeitamente ligado com os tenros grelos e a forte chouriça. O molho pimenta deu o toque exótico à carne.
Porque o repasto já vai longo adivinha-se o fim, com um pedido especial do comensal… em versão miniatura, uma tarte de limão merengada (6,00 euros). Uma bola de sorbet de limão, merengue subtilmente queimado e puré de limão a cobrirem uma peça de bolacha. Assim, criámos um final feliz na, já mais tranquila, capital.
RIB BEEF & WINE LISBOA
Praça do Comércio, 31 – 34
Horário: 12h30 -15h00 | 19h30-23h00
Reservas: Tel. 968 578 962; Email: rib.lisboa@pestana.com
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