As escolhas de Rodolfo Tristão, sommelier, docente, autor e consultor de vinhos

Aperitivo: 2023, Casa Relvas "Rabo de Ovelha", Alentejo

Copo: Sophienwald Uno Plus

Temperatura de Serviço: 8º/10º

Uma casta escondida no meio de um clássico "blend" alentejano, emancipou-se novamente e aparece em versão varietal. Um vinho com notas frescas, algum floral entre as notas suaves tropicais. Seco no palato, acidez vibrante, fácil de degustar e final refrescante. Com álcool baixo. Ideal para começar nos petiscos!

Peixe: 2019, Guta Supera "Fernão Pires", Tejo

Copo: Sophienwald Burgundy

Temperatura de Serviço: 10º/12º

Feito de uma vinha de um hectare e meio, com vinhas centenárias perto de Alpiarça, região do Tejo. Elaborado da casta Fernão Pires, apresenta-se com notas envolventes, onde sobressai a parte floral, aliada dos frutos maduros. O contacto pelicular confere ao vinho uma maior estrutura e densidade. Sabor seco, acidez presente, frutado e floral. Bom corpo com algum especiado e final persistente. A sua densidade e estrutura aliada à acidez consegue combinar com o bacalhau e o azeite.

Carne: 2023, Código Origem, No rules Wines, Dão

Copo: Sophienwald Burgundy

Temperatura de Serviço: 15º/17º

Um vinho novo no mercado pela mão do enólogo e futuro Master of Wine Tiago Macena. Nascido no Dão, tenta reproduzir o vinho com a identidade da região. Aromas frutados, aliados a notas de bosque e especiado. Suave madeira a enriquecer. Sabor seco, boa acidez, taninos elegantes, sumarentos, frutado e especiado, com corpo. Final denso e persistente.

Uma escolha acertada para os pratos de carne na ceia de Natal!

Vegetariano: 2022, Rufia, João Tavares Pina, Dão

Copo: Sophienwald Bordeaux

Temperatura de Serviço: 10º/12º

Um vinho branco feito de curtimenta. Cor amarela intensa, devido ao contacto pelicular. Aromas frutados, fruta madura, com notas herbais a envolver transmitindo frescura. Sabor seco, boa acidez, frutado, bom corpo. Final persistente. Um bom exemplo de um branco de curtimenta.Ideal para pratos especiados e de sabores frescos, que normalmente temos nos pratos vegetarianos.

Sobremesa: NV Villa Oeiras, Vinho generoso 15 anos, Carcavelos, Lisboa

Copo: Sophienwald Uno Plus

Temperatura de Serviço: 8º/10º

Um dos vinhos menos conhecidos dos portugueses: um generoso de Carcavelos. Apresenta uma cor âmbar, atraente, aromas frutos secos, caramelo salgado, notas ligeiras de tostado. Sabor doce, boa acidez, fresco, frutado e especiado, ligeiro salgado. Encorpado e final guloso.

Digestivo: 1982, Quinta das Cerejeiras, Aguardente Vínica

Copo: Sophienwald Blanc White

Temperatura de Serviço: 12º/14º

Cor âmbar intenso, aroma frutado, frutos secos, com toque fumado e intenso a madeira. Suaves notas de tabaco. Na boca, um toque fumado, complexo, especiado e fumado, com final longo e persistente.

As escolhas de Rodolfo Tristão, sommelier, docente, autor e consultor de vinhos
As escolhas de Rodolfo Tristão, sommelier, docente, autor e consultor de vinhos créditos: Divulgação

As escolhas de Elisabete Fernandes, Diretora de Vinho do The Yeatman Hotel, Porto

Aperitivo: Espumante Ilha do Pico Brut Nature 2017

Casta: Arinto dos Açores

Produzido pela Adega Cooperativa da Ilha do Pico, apresenta-se muito elegante com notas de brioche e panificação e um lado salino e marítimo que nos remete para o lugar onde este nasceu, no meio do Atlântico. Perfeito para ser usado como aperitivo, no entanto, versátil para se estender para outros momentos das refeições tipicamente prolongadas desta época festiva.

Vegetariano: Rosa Celeste Rosé 2021, Douro

Castas: Tinto Cão e Touriga Nacional

Produzido na Quinta da Gaivosa, é uma edição muito especial e limitada a 1.880 garrafas. Trata-se de um Rosé de uma incrível complexidade, diferentes camadas e muito versátil, perfeito para acompanhar pratos ligeiros, pela sua leveza e frescura, ou algo mais complexo e elaborado, realçando o seu lado mais sério e envolvente.

Peixe: Eminência 2015

Castas: Loureiro

Produzido no Paço da Palmeira, é um vinho surpreendente pela sua origem, pela sua elegância e textura, destacando-se pela presença de fruta e pelos seus delicados toques florais. É um vinho complexo, untuoso e uma acidez equilibrada, perfeito para acompanhar e elevar o Rei desta quadra festiva nas suas mais diferentes formas: o Bacalhau.

Carne: Gloria Reynolds Cathedral 2005

Castas: Alicante Bouschet e Trincadeira

É um vinho num estilo clássico, produzido unicamente em anos excecionais. Apresenta-se ainda muito jovem e vigoroso apesar dos seus quase 20 anos. Com presença de fruta madura, madeira bem integrada, e uma evolução ainda contida, este é um vinho com tanino firme e sedoso, perfeito para oferecer a quem gosta, ou acompanhar e elevar os jantares desta época. Desenhado para acompanhar pratos intensos, que tal como este vinho levam tempo a ser preparados e precisam de tempo para serem devidamente apreciados.

Sobremesa/Digestivo: Taylor’s Golden Age – 50 Anos Tawny Port

É uma edição muito especial, lotado a partir de vinhos do Porto raros envelhecidos em cascos de carvalho, durante cinco décadas. Falamos de um vinho concentrado e intenso, com notas de frutos secos, especiarias, e uma acidez única que equilibra a riqueza do vinho. Acompanha na perfeição as sobremesas tradicionais de Natal, no entanto, dada a sua complexidade, é também a companhia ideal para o final da refeição, apreciado sozinho, como digestivo.

As escolhas de Elisabete Fernandes, Diretora de Vinho do The Yeatman Hotel, Porto
As escolhas de Elisabete Fernandes, Diretora de Vinho do The Yeatman Hotel, Porto créditos: Divulgação

As escolhas de Pedro Durand, sommelier do MAPA, restaurante do L’AND Vineyards, Montemor-o-Novo

Entrada/aperitivo: Espumante Marcos Henh, Távora-Varosa: Família Hehn Riesling Reserva Bruto 2014

Espumante produzido a partir de encostas situadas entre os 600 e os 700 m de altitude, virado a Sudeste, de solos Francos Arenosos. De aroma rico, com ligeiras nuances de brioche e fruta tropical, apresenta na boca bolha fina, de estrutura rica e complexa e final equilibrado de acidez reativa. Excelente para mariscos, comida com picante, entradas frias, rissóis, croquetes e pasteis de bacalhau.

Vegetariano: João Tavares Pina, Rufia Curtimenta, IVV 2023

É um vinho branco de Curtimenta, produzido a partir de vinhas de Encruzado, Cerceal Bical e Síria, em solos graníticos franco arenosos. Sem filtragem, este vinho está em maceração pelicular durante três semanas, mais nove meses em estágio com borras finas.

Apresenta notas de flor branca, folhas de chá, tangerina e terra molhada, de estrutura robusta, mas com uma acidez acutilante que o torna leve e equilibrado, mantendo a frescura e a persistência. Combina na perfeição com consomês de cogumelos, caldos ricos de vegetais e especiarias e/ou leguminosas grelhadas.

Peixe: Herdade do Cebolal, Setúbal: Vinha do Rossio 2023

Rossio por ser das vinhas mais velhas da herdade (80 anos), situada a 10 km do Atlântico. De solos de mármore e argilo-calcário, este vinho está em contacto pelicular durante cinco dias, conferindo-lhe uma estrutura ligeiramente oxidativa, com nuances aromáticas herbáceas e de frutos de casca dura. Este vinho apresenta-se estruturado, em camadas, de diversas nuances olfativas mediante a temperatura a que é servido (aconselho entre 10 a 14º). Na boca revela-se maduro, com peso de boca, de cariz mineral e de boca persistente.

Excelente para um bacalhau com todos, onde o seu toque mineral enfatizará os legumes, bem como onde a sua salinidade, dará destaque à textura rica do bacalhau. Aconselho também a experimentar com polvo grelhado, e migas de couve portuguesa e broa de milho.

Carne: Quinta da Pellada, Dão: Mulher Nua 2021

Através de uma tentativa de recriar o Pelada 2003, a partir de um “field blend” de vinhas velhas com cerca de 70 anos, em solos graníticos de carácter franco arenoso, este vinho apresenta notas de fruta vermelha e de minério com algum teor terroso de cogumelo e casca de arvore conferindo-lhe compostura ao bouquet olfativo. Na boca expressa o seu equilíbrio, de perfil seco e simplificado, de acidez reativa e de taninos polidos. Funciona bem tanto com cabrito como com peru recheado no forno.

Sobremesa: Barbeito BOAL 40 anos Vinha do Embaixador, Método Canteiro, Engarrado em julho de 2018

Importa reter que é um fortificado de uma uva plantada em clima subtropical, ligeiramente mais leve e elegante que um fortificado produzido em zona continental. De perfil mais ligeiro, apresenta notas de torrefação, rum, caramelo, “toffe” e frutos secos. Na boca revela a sua reatividade com alguma acidez ainda presente, ligeiramente iodado, e notas de melaço e frutos cristalizados.

A ideia é remeter a lampreia de ovos para segundo plano e acompanhar rabanadas e filhoses ombro a ombro, sem que as mesmas percam o seu sabor lácteo. No entanto, funcionará muito bem só como digestivo ou a acompanhar um bom charuto cubano.

As escolhas de Pedro Durand, sommelier do MAPA, restaurante do L’AND Vineyards, Montemor-o-Novo
As escolhas de Pedro Durand, sommelier do MAPA, restaurante do L’AND Vineyards, Montemor-o-Novo créditos: Divulgação

As escolhas de Gonçalo Mendes, Head Sommelier do Viceroy at Ombria, Algarve

Entrada: Vermouth Di Torino “Pio Cesar”, Alba Itália

A escolha deste clássico produtor italiano e ícone no mundo dos vinhos, desta vez inicia com um Vermouth. Nesta versão, encontramos um produto com um equilíbrio estonteante, entre o primeiro ataque de boca que se interliga na perfeição entre o doce e o amargo final. Um incrível produto, deverá ser servido a uma temperatura a rondar os 12ºC. Harmoniza com um camarão envolto em massa Kadaif e Chutney de manga.

Peixe: Inóspito Vinhas Velhas (chão de areia) 2022, Douro

Este vinho da Geographic Wines, representa um trabalho de vinificação perfeito. Apresenta frescura com crocância muito firme ligada com volume. Vinho com estrutura e músculo, que permitem harmonia e convite para o “Fiel amigo”. A temperatura de serviço deve rondar os 12ºC e harmoniza com tempura de lombo de bacalhau confitado com cebola roxa.

Vegetariano: Quinta da Venda Alvarinho 2021, Vinhos Verdes

A frescura e acidez deste magnífico vinho não surpreende face à região inserida, mas este trabalho de enologia, marca pela diferença. Excelente volume de boca, bem integrada com mineralidade mantendo um final longo. A temperatura de serviço deve ser 12ºC. Escolho um prato de matriz asiática, um caril thai com legumes mini e arroz basmatti, a acidez e calor do caril ligam na perfeição com as características do vinho.

Carne: Adega do Monte Branco 2019, Alentejo

Quando provamos os vinhos da Adega do Monte Branco, guiados pelo Luís Louro e pela Inês Capão, sentimos um Alentejo diferenciador no perfil, exótico e fresco. Nesta edição 2019 encontramos notas de compota e um ataque de boca com taninos bastante polidos. A sugestão de harmonização adequa-se a um magré de pato com puré de beterraba e aipo com pack choi. Deverá ser decantado e servido a uma temperatura de 16ºC.

Sobremesa: Espumante Arvad Arinto 2021, Algarve

É pouco comum quando associamos espumantes à região do Algarve. O facto é que cada vez mais existem produtores a utilizar estes métodos e práticas. Nesta primeira versão do Arvad Brut Nature, encontramos uma linha de espumante bastante fina, mineral e elegante. Harmoniza com um Pudim Abade de Priscos pois a sua componente de frescura limpará o palato na perfeição, Recomendo!

As escolhas de Gonçalo Mendes, Head Sommelier do Viceroy at Ombria, Algarve
As escolhas de Gonçalo Mendes, Head Sommelier do Viceroy at Ombria, Algarve créditos: Divulgação

As escolhas de Joaquim Cruz, sommelier do The Vintage House, Douro, Pinhão

Entrada: Graça da Pedra 2022 – Alvarinho

Sugestão de prato: Bacalhau confitado com estufado de feijoca, chouriço de Trás-os-Montes e couve portugues

Vinho verde da sub-região Monção/Melgaço. A quinta da Pedra com solo granítico confere mineralidade e frescura a este vinho, é cítrico e aromático. A acidez equilibrada harmoniza com o sabor do Lombo de bacalhau demolhado em confeção lenta.

Peixe: Quinta Vale Bragão Reserva branco 2022

Sugestão de prato: Polvo assado à “lagareiro”, chalota recheada, batata-doce e legumes salteados

Um vinho do Douro da sub-região cima Corgo. Vinificado com uvas maduras colhidas a média altitude e terreno xistoso, é um blend de castas tradicionais de vinhas velhas. O estágio em barrica, de 9 meses, confere a este vinho o equilíbrio entre a acidez e aromas um pouco evoluídos como, alperce, ananás e flor de laranjeira. Esta é a opção para harmonizar com este peixe cefalópode de textura tenra e gosto forte.

Carne: Quinta do Portal Reserva Tinto 2021

Sugestão de prato: Cabrito assado à padeiro com arroz de enchidos, cogumelos e grelos salteados

Vinho do Douro da sub-região cima Corgo. É um vinho vinificado com a seleção das melhores uvas tintas, encorpado com notas de fruta preta madura e subtil notas de carvalho que equilibra seus taninos, final de boca tostado em sintonia com os seus aromas florais. Este vinho tinto harmoniza bem com animais de montanha com gosto forte e confeção em forno a lenha

Sobremesa: Taylor’s 20 anos Tawny

Sugestão de prato: Torta de arroz-doce e canela e gelado de crocante de canela

Vinho do Porto, da região demarcada do Douro. Falamos de um vinho vinificado com o rigor e diversidade de castas bem maduras da região. Mistura de lotes selecionados que envelhece totalmente em cascos antigos (pipa) que conferem aromas e sabores evoluídos, especiarias e frutos secos. Este Porto tem uma combinação perfeita com os doces de Natal onde a canela e frutos secos está presente.

As escolhas de Joaquim Cruz, sommelier do The Vintage House, Douro, Pinhão
As escolhas de Joaquim Cruz, sommelier do The Vintage House, Douro, Pinhão créditos: Divulgação

As escolhas de Eveline Borges, sommelier do Midori, restaurante japonês do Penha Longa Resort (uma estrela Michelin), Sintra

Aperitivo: Família Hehn Espumante rosé

Trata-se de um espumante rosé elegante e versátil produzido na prestigiada região DOC Távora-Varosa. Destaca-se pelos aromas a frutos vermelhos maduros e toques florais, complementados por uma mousse cremosa que o torna longo e persistente. Ideal como aperitivo, a sua frescura e leveza, oferece uma experiência única. A harmonia entre a acidez e a ligeira doçura confere-lhe uma versatilidade, tornando-o uma excelente escolha para acompanhar uma variedade de pratos.

Peixe: Meruge, Lavradores de Feitoria 2021

Proveniente do Douro, este é um magnífico exemplo de vinhas de altitude da sub-região do Cima Corgo. A casta Viosinho dá origem a um vinho elegante e complexo, com aromas frescos de pera e marmelo que evoluem para nuances de especiarias, frutos secos e um delicado toque abaunilhado. A sua expressão e equilíbrio no paladar conferem-lhe uma riqueza e sofisticação muito notáveis. Perfeito para apreciadores de vinhos brancos distintos.

Vegetariano: Natus Branco

É um vinho da Vidigueira, que expressa um cuidado artesanal desde a colheita manual até ao estágio em talhas tradicionais e barricas de carvalho. As castas Roupeiro, Antão Vaz e Gouveio revelam um equilíbrio entre frescura, textura e estrutura, enriquecido pela presença subtil de taninos provenientes de uma curtimenta parcial. É um vinho versátil e sofisticado, ideal para realçar pratos à base de vegetais, elevando a experiência gastronómica.

Carne: Herdade do Perdigão Reserva 2015

É um vinho tinto da região do Alto Alentejo, destaca-se pela sua complexidade e harmonia. O estágio de 18 meses em barricas de carvalho, seguido de 12 meses em garrafa, proporciona-lhe um perfil aromático rico. Com notas de fruta preta em compota, especiarias, tabaco e delicados traços de chocolate preto. No palato é encorpado e elegante, com um final longo e persistente, tornando-o ideal para acompanhar pratos estruturados e de maior intensidade de sabor.

Sobremesa: Excellent Moscatel roxo, Horácio Simões

É uma escolha perfeita para terminar a refeição, especialmente ao lado de doces tradicionais. Transporta aromas delicados de flores e especiarias, que culmina com a sua evolução elegante ao longo do tempo. O envelhecimento em barrica traz a perfeita harmonia, resultando num final longo e inesquecível.

As escolhas de Eveline Borges, sommelier do Midori, restaurante japonês do Penha Longa Resort (uma estrela Michelin), Sintra
As escolhas de Eveline Borges, sommelier do Midori, restaurante japonês do Penha Longa Resort (uma estrela Michelin), Sintra créditos: Divulgação

As escolhas de António Lopes, sommelier e consultor

Entrada: Murganheira Assemblage 2006

Para as entradas, o espumante revela-se uma escolha versátil, normalmente conhecido no meio como “vinho todo-o-terreno” pela sua capacidade de harmonizar com uma ampla variedade de pratos ou mesmo para limpar e refrescar o palato.

Dito isto, aconselho o Murganheira Assemblage 2006, feito a partir de uma mistura (assemblage) de castas como Touriga Nacional, Tinta Roriz e Malvasia Fina. Este espumante traz consigo a identidade da região de Távora-Varosa, destacada pela Malvasia Fina, uma casta ideal para entradas com maior teor de gordura ou com uma Roupa Velha. Graças às castas tintas e aos seus taninos discretos, mas ainda presentes, também se eleva a pratos mais ricos e opulentos, como folhado de cabrito.

A sua bolha fina, lapidada pela longa maturação sobre as leveduras mortas, contribui para suavizar sabores e texturas mais intensos, além de estimular o apetite. Beber em copo estilo Riesling – com corpo aberto e ponta estreita –, a uma temperatura de 12º.

Peixe: Alva Magna Reserva 2019 (branco)

Para o prato de peixe, e pensando no bacalhau cozido com batatas, que pela forma de confeção pede um vinho branco que combine frescura e elegância, mas com intensidade e acidez (e como me cabe surpreender), sugiro o Alva Magna Reserva 2019 (branco). Considero uma excelente escolha em termos de qualidade-preço.

Este vinho eleva o sabor do bacalhau ao transcender a típica maresia presente no palato, acrescentando nuances de frutos secos e notas almiscaradas. Além disso, a sua acidez equilibra e limpa o sal natural do bacalhau, enquanto refresca e corta a gordura líquida que o azeite confere ao prato.

Beber a uma temperatura de 14ºC num copo estilo Borgonha, de corpo bojudo e com abertura ampla.

Carne: Meruge 2020 Tinto

Não há Natal sem peru, e, tendo isso em atenção, a minha escolha recai num tinto mais elegante, equilibrado, e que não se sobreponha ao sabor delicado do peru, mesmo que seja assado lentamente no forno. A minha sugestão é o Meruge 2020 Tinto, um clássico do Douro (mas sem o classicismo mais tradicional associado à região). Este vinho funciona como um verdadeiro "doador", acrescentando maior complexidade ao prato, com sabores de frutos vermelhos, especiarias e notas balsâmicas.

Beber a uma temperatura de 14ºC num copo estilo Borgonha, de corpo bojudo e com abertura ampla.

Vegano: Porto 20 anos da Real Companhia Velha

Para um prato vegano como uma terrina de grão com frutos secos, que exige um vinho rico, denso e com idade devido à quantidade de umami e à combinação aromática dos frutos secos, a minha sugestão (que mais surpreenderá) é um Porto 20 Anos da Real Companhia Velha.

Para aproveitar ao máximo as qualidades do Porto, é importante "jogar com a temperatura" para suavizar a intensidade do álcool, mas sem resfriar demasiado para não perder a estrutura aromática. A extração de frutos secos será ainda mais aprazível a temperaturas controladas.

Recomendo servi-lo em copo estilo Riesling, fechado na ponta e com corpo aberto, a uma temperatura de 11ºC. Isso permitirá que o vinho mantenha sua complexidade aromática, sem que o álcool se sobressaia excessivamente.

Sobremesa: 2007 Madeira Barbeito Single Cask 371 Malvasia

Para acompanhar uma rabanada de Natal com molho ácido de citrinos, combinação um pouco fora da caixa, mas que funciona maravilhosamente pela acidez dos citrinos, a minha sugestão é um Vinho Madeira 2007 Barbeito Single Cask 371 Malvasia. Este vinho cria uma ponte perfeita com a acidez dos citrinos, enquanto a Malvasia traz sabores distintos de maracujá, barbecue e caril. Este casamento transformará o palato, funcionando como um catalisador de sabores.

Recomendo servi-lo em copo estilo Riesling, fechado na ponta e com corpo aberto, a uma temperatura de 14ºC.

As escolhas de António Lopes, sommelier e consultor
As escolhas de António Lopes, sommelier e consultor créditos: Divulgação

As escolhas de Marco Teixeira, sommelier do Ocean (duas estrelas Michelin), restaurante do Vila Vita Parc, Porches, Algarve

Entrada: Espumante Santiago Velha Reserva 2018 Alvarinho

Sugestão de prato: Tábua de queijos e enchidos

No primeiro momento sugiro uma tábua de enchidos com base no tradicional presunto, salpicão, chouriço, morcela, seleção de queijos e acompanhado com tostas, compotas e alguns frutos secos. Como tal escolhi o Espumante Santiago Velha Reserva 2018 Alvarinho (33€), um espumante marcado pela acidez, fruta cítrica e crocância na boca. A acidez corta bem a gordura dos enchidos, o trabalho sur-lie acompanha a intensidade dos sabores da seleção de queijos, bem como é um ótimo aperitivo para estimular as nossas papilas gustativas.

Peixe: Terra Chama Grande Reserva Branco 2021 (29€)

Sugestão de prato: Bacalhau confitado em azeite e tradicionais "batatas a murro".

Este vinho é feito a partir da casta encruzado que lhe confere um carácter equilibrado em corpo e acidez, o corpo para harmonizar com o bacalhau e a intensidade do azeite, tendo a acidez em papel importante aqui porque corta o excesso de gordura do prato.

Tem como perfil a sua acidez vincada com um corpo e uma textura rica conferida pelo tempo em madeira no seu envelhecimento, aportando ao vinho algumas notas de baunilha e lácteas, revelando-se importantes para a intensidade e textura da batata.

Carne: Procura V.V 2015

Sugestão de prato: Cabrito com castanhas e legumes

Procura é o projeto da Enóloga Susana Esteban em Portalegre, uma zona de altitude na região do Alentejo onde estão localizadas as vinhas velhas que lhe confere uma concentração extra, refletindo-se na presença de mais fruta no vinho. O facto de ser um vinho que apresenta já alguma idade permite ter algumas características de evolução como tabaco e terra, que na minha opinião são notas fundamentais para o cabrito, não só pela sua intensidade da própria carne, mas também pelos sabores fumados do que o forno confere.

Vegetariano: Monte D'oiro Reserva Viognier

Sugestão de prato: Cogumelo recheado com espinafres e tomate

A escolha deste vinho passou por um vinho vegan num produtor biodinâmico. Para além disso o vinho apresenta um lado cítrico e fresco, dado pela uva e claro pelo terroir da região. Tem uma leve passagem por madeira, revelando-se importante para a sua textura na boca. A acidez marcada harmoniza com a frescura do tomate e a casta Viognier com a sua textura mais sedosa liga bem com o umami do cogumelo.

Sobremesa: Quinta da Manoella Tawny 10 Anos

Sugestão de prato: Trilogia típica de Natal - sonhos, rabanadas e o bolo-rei.

A escolha passou por este vinho porque a ideia é terminar com uma sugestão doce como o vinho do Porto, embora este porto Tawny 10 anos tenha um belíssimo equilíbrio entre corpo e frescura. As notas clássicas de frutos secos, chocolate, fruta madura são excelentes para o bolo-rei e claro que a sua doçura é transversal às três sobremesas.

As escolhas de Marco Teixeira, sommelier do Ocean (duas estrelas Michelin), restaurante do Vila Vita Parc, Porches, Algarve
As escolhas de Marco Teixeira, sommelier do Ocean (duas estrelas Michelin), restaurante do Vila Vita Parc, Porches, Algarve créditos: Divulgação

As escolhas de Tiago Samarro, sommelier do Vista (uma estrela Michelin), Portimão

Entrada/aperitivo: João Clara, Blanc de Noirs 2016 - Brut Natural

Castas e região: Negra Mole, Algarve.

Um espumante elaborado pelo método tradicional, com bolha fina e persistente, frutado e cítrico no nariz, boa cremosidade e final longo. Ideal para uma seleção de marisco, algo muito tradicional na consoada algarvia.

Peixe: Quinta dos Sentidos, Tato 2022

Castas e região: Arinto e Antão Vaz, Algarve.

Um branco com notas no nariz de fruta tropical, flores, citrinos, carvalho e baunilha. Já na boca é fresco, crocante e cremoso. Ideal para o clássico bacalhau cozido.

Carne: Adega Sampaio Schleiss, Mons Cicus 202

Castas e região: Negra Mole e Castelão, Algarve.

Um tinto de boa acidez, guloso, tanino rustico, frutado com algumas notas vegetais. Ideal para acompanhar o cabrito assado no formo, com um molho intenso para a doçura do cabrito. Recomendo a ser decantado.

Vegetariano: Atlasland, Até Amanhã 2022

Castas e região: Field Blend, Algarve.

Um branco com um toque de castelão, uva tinta, notas de fruta branca madura, salgado e de boa acidez. Versátil para combinar com pratos vegetarianos mais leves e frescos ou pratos quentes e intensos.

Sobremesa/digestivo: Cabrita, Moscatel Graúdo Superior 10 anos

Castas e região: Moscatel Graúdo, Algarve.

Um vinho licoroso muito popular no século XIX, produzido a partir do Moscatel Graúdo, casta mais utilizada na altura para a produção deste estilo de licoroso. Com notas de tâmaras, alperce e especiarias, na boa é doce e muito guloso, mas com alguma acidez para equilibrar a doçura natural. Ideal para acompanhar todas as sobremesas cremosas da altura natalícia, queijos, assim como o tradicional Bolo-Rei.

As escolhas de Tiago Samarro, sommelier do Vista (uma estrela Michelin), Portimão
As escolhas de Tiago Samarro, sommelier do Vista (uma estrela Michelin), Portimão créditos: Divulgação