É um dos um dos maiores sucessos do canal Casa e Cozinha e a prova disso é o facto de o programa “Comer Pelo Mundo” ter sido galardoado pelos prestigiados prémios gastronómicos “The Taste Awards”, na categoria “Best of Europe”. A nova temporada estreia a 22 de outubro e começa precisamente por Lisboa.
Verónica Zumalacárregui esteve a gravar em Portugal e partilhou a sua experiência, num programa dedicado à capital, mas que também vai ter uma passagem por Setúbal.
Como surgiu o interesse por viagens e gastronomia, e como surgiu a oportunidade de fazer o programa “Comer Pelo Mundo”?
Desde pequena que gosto muito de viajar. Quando tinha 15 anos, fui passar um mês no estrangeiro para aprender inglês, e eu sempre queria ficar mais tempo, o que deixava os meus pais surpresos. Com 20 anos, comecei a viajar e a fazer couchsurfing porque queria conhecer o mundo, mas não tinha muito dinheiro. E nessas viagens, o que eu mais gostava era de relacionar-me com os locais e experimentar a comida típica. Foi durante uma viagem ao Vietnam, com minhas amigas, que, ao provar a comida de rua em Hoi-An, visualizei o que mais tarde se tornaria o "Comer pelo Mundo".
O programa recebeu recentemente o prémio de Melhor Programa Europeu de Viagens e Gastronomia nos The Taste Awards. Como foi receber este reconhecimento?
Receber um prémio em Hollywood não é algo que aconteça todos os dias. A minha equipa e eu ficámos muito felizes com a premiação e, principalmente, felizes com o reconhecimento do valor cultural de "vou comer o mundo". Gravámos em lares de mais de 50 países, vendo como as pessoas dos cinco continentes se relacionam, vivem e comem. É fascinante que os espectadores possam participar dessas realidades sem sair do sofá.
Sabemos que o primeiro episódio da nova temporada é dedicado a Lisboa. O que podemos esperar deste episódio? Houve algo que a surpreendeu particularmente na gastronomia lisboeta?
Portugal é um país que visito desde os meus 20 anos e onde nunca me cansarei de voltar. Em Lisboa, vivi muitas experiências: estive com amigas, com a minha família e até vivi uma história de amor que surgiu na Rua Cor-de-Rosa. Por isso, fiquei muito entusiasmada por poder retratar em vídeo esta cidade que tanto amo e mostrar aos espectadores de 25 países o quão bem se come aqui.
Lisboa tem uma mistura de tradição e modernidade na sua cozinha. Como foi explorar os sabores da nossa capital? Há algum prato ou experiência gastronómica que se tenha destacado?
Fiquei muito surpreendida com o prato de Amêijoas à Bulhão Pato. Foi cozinhado para mim numa casa em Setúbal. É uma mistura que nunca tinha provado, e se quiserem saber o que achei, terão de ver o episódio (risos).
No programa, costuma visitar mercados, restaurantes e casas privadas. Durante a sua visita a Lisboa, qual o local que mais a impressionou?
O que mais gosto, em qualquer país, é filmar dentro das casas: é algo que quase ninguém pode fazer e eu considero-me uma privilegiada por poder vivê-lo e partilhá-lo. Além das casas que visitei em Lisboa, o que mais me agradou foi conhecer a Tendinha, uma pequena taberna no Rossio onde provei alguns petiscos. Considero-me uma grande fã daqueles restaurantes de sempre, esses bares experientes, vividos, cheios de locais e pessoas mais velhas. A Tendinha é esse tipo de lugar e por isso conquistou-me.
A gastronomia de um país é muitas vezes um reflexo da sua cultura. Que traços culturais e sociais de Lisboa e de Portugal conseguiu captar através da comida?
Evidentemente, na gastronomia, a primeira coisa que salta à vista é que é um país voltado para o mar. Em segundo lugar, é um território ligado ao passado através das especiarias utilizadas nos pratos, como o caril. E, para terminar, muitas das receitas do dia a dia são centenárias, tendo esse conhecimento passado de geração em geração. Isso significa que em Portugal existe um grande vínculo no núcleo familiar.
Na sua opinião, o que destaca a gastronomia portuguesa única em comparação com as de outros países que já visitou no programa?
O que me fascina na gastronomia portuguesa é que os pratos são simples e centram-se no produto fresco. É uma comida equilibrada, e não me refiro apenas aos valores nutricionais, que também são importantes, mas à culinária em si. Saudável, saborosa e simples: três valores que espero que garantam a sobrevivência das receitas tradicionais portuguesas para que nunca se percam.
Existe algum destino que tenha visitado com o “Comer Pelo Mundo” que tenha sido particularmente desafiante ou surpreendente em termos gastronómicos? Há algum lugar que tenha um significado especial, ou uma experiência gastronómica que nunca vai esquecer?
Sim, este ano filmámos no Masai Mara, no Quénia, e estivemos com uma tribo Masai. Viver e comer com eles foi o meu maior desafio culinário, porque convidaram-me a experimentar alimentos que para mim são muito estranhos, mas que para eles fazem parte do dia a dia, como o sangue que sai diretamente da jugular de uma vaca.
Como é o seu processo de preparação para cada episódio? Como escolhe os locais e as experiências gastronómicas que vai explorar em cada país?
Para escolher os restaurantes, mercados e bares onde filmamos, conto sempre com a ajuda dos anfitriões locais, que me dizem onde vão comprar, comer e beber. Misturo essas recomendações com certos critérios televisivos, tento incluir lugares muito “underground”, mais tradicionais, e outros mais sofisticados... e dessa mistura resulta o "Comer Pelo Mundo".
Depois desta temporada, já há planos para novos episódios ou destinos que ainda gostaria de explorar?
Já estamos a filmar e a explorar outros países como Quénia, Uganda, Senegal, Costa Rica, Cabo Verde… Já contamos com oito anos de programa, mas o mundo é enorme e eu continuo com vontade de o "comer"!
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