Chegada à oitava edição de um dos seus mais emblemáticos vinhos, a Adega Ervideira, produtor vitivinícola alentejano, aproveitou o lançamento, para organizar uma prova com o seu Invisível. Um branco produzido a partir de uvas tintas. Parece mentira, e por assim se parecer é que este néctar mantém a tradição de chegar ao mercado a 1 de abril. Um facto que tem história como foi contado por Nelson Rolo, enólogo da casa alentejana, no almoço e prova de vinhos que decorreu no Restaurante da Associação Naval de Lisboa e que serviu para comprovar o carácter eclético do Invisível no casamento com cozinha variada. “Em 2009, quando fizemos o primeiro lançamento do Invisível, enviei um SMS para todos os meus contactos a dar-lhes conta deste vinho. Em poucos minutos estava a receber respostas em tom de brincadeira. Mentira de 1 de Abril!”.
Não era mentira e à equipa da Ervideira este primeiro lançamento do Invisível, com 13 mil garrafas (hoje esgotadas), havia envolvido dois anos de pesquisa e trabalho. “Em 2007 comprei algumas garrafas de Blanc de Noirs numa viagem que fiz ao Luxemburgo, Suíça e Alemanha”, explica Duarte Leal da Costa, Diretor Executivo da Ervideira. Vinhos que não granjearam consenso entre diretor e enólogo. Este último pouco convencido sobre o carácter destes néctares. “Porque não fazer, então, algo com o que tínhamos em Portugal?”, recorda Leal da Costa sobre o repto lançado à sua equipa de enologia. Um desafio aceite e, em 2010, o mercado nacional provava a primeira colheita de 2009, um vinho muito exuberante e rico em açúcares (6g por litro), notas de mel e frutos secos.
Um branco produzido a partir de uma casta tradicionalmente tinta, a Aragonez, que exige muito mimo ainda na vinha. De acordo com o produtor alentejano, “a colheita é feita exclusivamente à noite, o que permite uma temperatura mais baixa para não haver nem oxidação nem fermentação”. Ainda na vinha é retirado o primeiro sumo, a “lágrima” e o mosto é de imediato separado das películas. Está eliminada a possibilidade de obter cor. O mosto é transportado em camião frigorífico até à Adega onde fica numa câmara de frio e decanta durante 24horas a muito baixas temperaturas. Após este processo, a fermentação decorre à temperatura controlada de 12ºC, durante 30 a 45 dias. O estágio é feito em cubas de inox durante aproximadamente seis meses.
Técnicas à parte, o mercado recebeu muito bem este Invisível desde a primeira hora. “Atualmente todas as anteriores edições deste vinho se encontram praticamente esgotadas. Inclusivamente, para esta prova de vinhos, tivemos de os procurar em restaurantes”, sublinhou Nelson Rolo. Em 2017 o produtor do Alentejo alargou a produção para 60 mil garrafas. “Na semana de pré-lançamento já estavam vendidas 16 mil”, referiu o enólogo. Para ele, para o Diretor da Ervideira, assim como para um grupo de jornalistas, foi estreia absoluta a prova vertical com as oito edições de Invisível. “Nunca antes fora feita”. Oito anos de produção sintetizados dentro de outras tantas garrafas de vinho. Um néctar que de ano para ano foi perdendo o seu carácter adocicado, ganhou em acidez, embora sem nunca abdicar da sua personalidade e versatilidade.
Isso mesmo deu a provar um almoço que casou o Invisível a diferentes temperaturas com cozinha de confeção diversa. Como entrada Sushi e Sashimi, servido com o vinho a 4-6 ºC; seguiram-se vieiras que acompanharam o Invisível servido a 8-10 ºC. A fechar, um Magret de Pato com o mesmo vinho servido a 16-18º.
O lançamento do Invisível foi ainda mote para o Diretor Executivo da Ervideira anunciar, para maio, uma estreia absoluta. Das águas da albufeira de Alqueva vai sair o primeiro lote de Espumante que estagiou num fundo da barragem. Um processo análogo ao do já conhecido Conde D´Ervideira Vinho da Água, com uma nova edição a ser retirada da albufeira na mesma altura. “Em outubro vamos abrir algumas garrafas de vinho com mais de cem anos, produzidas pelo meu bisavô, o Conde da Ervideira. Utilizou métodos muito diferentes dos que conhecemos hoje”, adiantou Leal da Costa.
O Invisível chega ao consumidor com o preço aproximado de oito euros. Um vinho que, para além de Portugal, está presente em mercados como Bélgica, Luxemburgo, Holanda, Alemanha, Suíça, Brasil e China, tendo em perspetiva alargar a sua carteira a outros destinos, nomeadamente Japão, pelo facto de este vinho ser indicado para acompanhar sushi e sashimi.
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