
"Quando chegamos lá, o ritmo é mesmo outro." É desta forma que Ricardo Santos, enólogo do projeto XXVI Talhas, apresenta a terra que o viu nascer: Vila Alva. É precisamente nesta aldeia do concelho de Cuba, em pleno coração do Alentejo, que no próximo dia 10 de maio, entre as 14h30 e as 20h30, regressa o Vinho na Vila, um evento que é muito mais do que uma celebração do vinho: é um reencontro com a terra, com as pessoas e com as tradições.
Organizado pelo produtor XXVI Talhas, com Ricardo Santos a representar o projeto, e Luís Gradíssimo, criador do Enóphilo Wine Fest, o evento chega à terceira edição com mais força, mais vinhos, mais cultura, mas com a mesma alma.
"É uma aldeia que no bom aspeto parou no tempo da traça, às ruas, às pessoas que nos recebem de braços abertos”, continua Luís Gradíssimo, no evento de apresentação do Vinho na Vila à imprensa, que aconteceu no restaurante Plano, em Lisboa.

Com apenas 400 habitantes, Vila Alva transforma-se durante dois dias num espaço de convívio vínico e gastronómico, que tem tanto de autêntico como de descontraído.
Este ano, são 16 as adegas privadas que vão abrir as suas portas para receber visitantes vindos de todo o país, número que tem vindo a crescer ao longo das edições – na primeira edição eram 12 as adegas abertas. De acordo com os responsáveis é de Lisboa que vem grande parte dos participantes, que representam cerca de 90% do público. Mas a ideia é fazer-se ouvir falar deste evento em todo o país, e mesmo internacionalmente. Não é por acaso que uma das novidades deste ano é a presença de stands de vinhos internacionais – dois produtores do Chile e da Geórgia, assim como um importador de vinhos de Espanha, França e Alemanha.
As adegas que dão abrigo às provas são espaços de produção caseira, muitos integrados nas próprias casas dos proprietários. Afinal, estamos no coração da produção do Vinho de Talha, onde cada pessoa o faz para consumo próprio. “Em Vila Alva, todas as pessoas produzem vinho. O meu pai já produzia, e assim continuei”, explica Ricardo Santos. De acordo com o enólogo, são cerca de 80 as adegas que existem na aldeia, segundo um levantamento que levou a cabo. Hoje, parte delas foi recuperada, não só para produzir vinho, mas também para partilhar o espírito generoso e comunitário de quem lá vive, e que torna estes lugares genuínos.
Mas o Vinho na Vila não é apenas vinho. É vinho e gastronomia, porque “o melhor palco que podemos dar ao vinho é a mesa”, assume Luís Gradíssimo. Assim, além da prova de 250 vinhos, de 35 produtores de todo o país (e além-fronteiras, como referido), o evento apresenta também a Rota do Petisco, com petiscos simples como ovos cozidos, queijos, enchidos e a novidade deste ano, uma mini sandes de porco no espeto, que vai estar a ser cozinhado no momento.

A programação inclui ainda a segunda edição do Chefs na Vila, que este ano será um almoço (65€ por pessoa), a acontecer no domingo, 11 de maio, conduzido pelo Chef João Simões, do restaurante Casta85, em Alenquer. Este vem substituir o jantar de sexta-feira, como aconteceu na primeira edição, uma vez que os organizadores perceberam que quem vem ao evento, no sábado, fica para o dia seguinte. Um dos motivos poderá ser um dos momentos altos do evento: o dia de provas culmina com um jantar ao ar livre onde um tradicional cozido de grão que aliado a um arroz-doce celebram o que de melhor se faz na cozinha regional.
Uma vez que a organização identificou que parte dos seus visitantes são famílias, haverá também um menu infantil no valor de 12€, ao jantar.

Este ano, o evento cresce com novas zonas de descanso, um miradouro, um passeio de charrete e mais uma rua integrada nas rotas. Outra das grandes novidades é o Mercado da Vila, criado para responder a um desejo comum dos visitantes: poder comprar os produtos locais que se provam durante o evento. “As pessoas que provavam os queijos e os enchidos perguntavam onde podiam comprar. E como normalmente estava tudo fechado, este ano conseguimos colocar as pessoas a vender e assim os visitantes podem comprar tranquilamente os produtos”, explica Luís Gradíssimo.
De acordo com a organização, o Vinho na Vila, que acontece precisamente seis meses antes do São Martinho, já atraiu mais de 1200 visitantes desde a primeira edição, e começa a consolidar um ciclo cultural e afetivo com a comunidade. “Isto é um ciclo que se repete: quem vem ao Vinho na Vila, volta no São Martinho. E quem vem ao São Martinho, já não perde o Vinho na Vila”, explica Ricardo Santos, fazendo referência ao momento em que o "vinho novo" assume o protagonismo com a abertura das talhas. No entanto, este evento em particular, e como fazem questão de frisar os organizadores “não é sobre vinho de talha”, e sim sobre todos os vinhos. No São Martinho, sim, resume-se a talhas.
Com uma preparação que começa cinco meses antes, o evento reforça também a sua componente cultural. Depois da exposição do fotojornalista Enric Vives-Rubio, em 2023, este ano a arte volta a ter destaque com o “Cancioneiro Ilustrado” de Fernando Estevens e a cerâmica tradicional de José Miguel, entre outros artistas da região.
“Queremos que o Vinho na Vila seja um evento de referência nacional, mas sem perder o seu lado íntimo”, conclui Luís Gradíssimo.
Os bilhetes para o Vinho na Vila podem ser adquiridos nos locais habituais e na Ticketline, com valores mais reduzidos até dia 7 de maio.
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