A evolução dos tratamentos do cancro da mama permite hoje uma sobrevida longa e com qualidade, mesmo no contexto de doença metastática.

Amplamente debatida, a relação entre o cancro da mama e as mulheres, sobretudo em idade ativa, tem eco em múltiplos suportes de comunicação. O caso dos homens e das faixas etárias mais envelhecidas é menos conhecido, mas também estes podem ser afetados. Abaixo 10 factos que talvez desconheça.
- A estatística mostra que cerca de 1% dos casos de cancro da mama são no homem, com maior incidência após os 60 anos.
- No caso dos homens, o diagnóstico é frequentemente mais tardio, pelo desconhecimento e estigma associados à doença.
- Os sintomas mais comuns nos homens são nódulos ou “caroços” na mama, alterações na pele da mama (tornando-se tipo “casca de laranja”), alterações do mamilo (como retração/”virar para dentro” ou corrimento pelo mamilo) e dores mamárias persistentes.
- Em Portugal, o foco rastreio populacional está indicado nas mulheres entre os 45 e os 74 anos, com mamografia de 2 em 2 anos. Nos homens com algumas mutações genéticas, como as mutações BRCA, o rastreio também está indicado.
- Depois dos 74 anos o rastreio pode ser realizado de 2 em 2 ou de 3 em 3 anos. No entanto, nestas idades, não está demonstrada uma diminuição da mortalidade associada ao diagnóstico mais precoce. Assim, a realização de rastreio depois dos 74 anos deve ser discutida com o seu médico assistente.
- O cancro da mama pode afetar profundamente a sexualidade, tanto em homens como em mulheres, em qualquer idade. Os tratamentos oncológicos devem ter em consideração o bem-estar emocional e sexual do doente, pelo que é importante normalizar a discussão do tema durante as consultas, criando um espaço seguro para o doente falar. O apoio prestado pode incluir aconselhamento psicológico e orientação sobre estratégias ou produtos que ajudem a recuperar a intimidade.
- O exercício físico é aconselhado, depois de validado pelo seu médico assistente. Numa fase inicial após uma cirurgia, recomendam-se exercícios que promovam a mobilidade do braço, que pode ajudar a prevenir o desenvolvimento de linfedema. Na população mais idosa são também importantes exercícios de equilíbrio que ajudem a diminuir o risco de quedas.
- Não existe uma idade máxima que impossibilite a realização de tratamentos para cancro da mama e existem cada vez mais dados sobre a segurança dos tratamentos na população idosa. O seu médico terá sempre em conta os riscos e benefícios esperados do tratamento proposto e enquadra-los-á na sua idade e outras doenças que possa ter.
- A evolução dos tratamentos do cancro da mama permite hoje uma sobrevida longa e com qualidade, mesmo no contexto de doença metastática. Devemos combater o estigma e o medo associados a este diagnóstico, transmitindo a mensagem de que o cancro da mama tem tratamento e, em muitos casos, pode ser controlado por muitos anos, independentemente do género e da idade ao diagnóstico.
- Lançado recentemente, o livro “26 Perguntas - Cancro Da Mama” está a ser distribuído de forma gratuita pelas associações Careca Power e Amigas do Peito, bem como em hospitais de todo o país. Pode, ainda, ser descarregado através do website da Pfizer, em formato digital e promete ser uma importante ajuda para todos os que têm questões sobre esta doença.
Um artigo da médica Sara Magno, oncologista no Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil.
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