É geralmente apresentada como a ferramenta que promete "devolver-nos controlo sobre o nosso corpo, reprogramando o nosso cérebro para agir como queremos". A promessa é poderosa e os pressupostos que a encerram considerados por muitos atrativos. Quem a defende fala em "resultados quase imediatos", "de forma autónoma" e "sem custos". Este é o princípio base que a rege é quase tão simples quanto complexo.
"No nosso corpo temos pontos, pequenos botões, que podem acionar em nós o bem-estar que tanto procuramos", escreve Louise Fannon. "Se, ao toque, associarmos frases que vão ao encontro daquilo que sentimos, podemos realizar grandes transformações em poucos minutos", refere ainda a psicoterapeuta, em "Curar em minutos", um livro de autoajuda sobre a EFT, a sigla de emotional freedom techniques.
Também conhecida por acupuntura psicológica ou emocional sem agulhas ou tapping, palavra anglo-saxónica que pode ser traduzida como acupressão, esta técnica pressupõe que "o distanciamento emocional do problema permite ao seu corpo relaxar, recompor-se e revitalizar-se de forma natural". Libertar-se de situações como a dor, a ansiedade, o stresse ou até algumas fobias comuns são outras das vantagens da EFT.
Toque e pensamento
O boom da EFT é recente mas a técnica remonta à década de 1990, sendo "resultado da combinação de culturas muito distintas, a medicina tradicional chinesa (nomeadamente a sua prática terapêutica, a acupressão) e a psicologia moderna (incidindo sobre a observação do mundo subjetivo interior, as emoções, os pensamentos, as memórias, as sensações, os impulsos, os desejos, a imaginação e as intuições)", diz.
"É baseada na descoberta de que a causa de todas as emoções negativas deve-se a uma interrupção no sistema de energia do corpo". Reequilibrar este fluxo energético é, assim, a função desta ferramenta que recorre "a toques ligeiros com os dedos nos pontos de acupuntura-chave", enquanto "focamos a nossa atenção no desconforto emocional ou físico e na sua causa, repetindo uma sequência de frases específicas", refere.
A teoria da energia
A acupuntura tradicional pressupõe que, explica Louise Fannon, "tal como o universo, o corpo humano também é constituído por energia, conhecida por energia subtil chi ou força vital", que circula por canais energéticos, os meridianos. A existência de um problema físico ou emocional, segundo esta medicina milenar chinesa, significa "que a energia não circula livremente devido a um bloqueio por excesso", exemplifica.
Outra das razões pode ser "uma deficiência de energia ao longo de um dos meridianos, em determinada função energética do órgão ou sistema interno do corpo, podendo originar doenças", sublinha a especialista. E é aqui que a acupuntura, através da inserção de agulhas em pontos cutâneos específicos, pode favorecer "a livre circulação e distribuição da energia pelo organismo", refere a autora de "Curar em minutos".
Essa intervenção, possibilitada pelas emotional freedom techniques, técnicas de liberdade emocional, atua "fazendo com que os órgãos e sistemas se harmonizem, permitindo ao corpo retomar a sua capacidade inata de autocura". Este efeito é replicado pelo tapping, nomeadamente com a "pressão dos dedos, por uma massagem ou através de pequenas batidas sequenciais", descreve ainda Louise Fannon.
O efeito neurológico
A mecânica do tapping a nível cerebral ainda não foi totalmente esclarecida mas, nos últimos anos, foram vários os especialistas a procurar ir mais longe na descoberta dos seus benefícios e das suas vantagens. Segundo Louise Fannon, crê-se que esta ferramenta permite "desligar o nosso sinal de alarme primitivo, a amígdala, desativando os caminhos neuronais responsáveis pela reacção de stresse ou de luta ou fuga".
"Quando nos sintonizamos com as emoções negativas e identificamos a causa, por exemplo, uma memória dolorosa, apesar do potencial para disparar a amígdala, se estimularmos os acupontos, ao mesmo tempo, estaremos a enviar-lhe estímulos electromagnéticos que a informam de que o corpo está bem e seguro", acredita a autora do livro "Curar em minutos", publicado em Portugal pela Matéria-Prima Edições.
"A amígdala, percecionando essa causa como não sendo ameaçadora, informa o hipotálamo para que desligue a reação de luta ou fuga", esclarece. "O corpo já não entra no círculo vicioso de produção de cortisol e adrenalina que iria invadir o nosso organismo", exemplifica. "Com a ajuda do meu livro, pode tornar-se o seu próprio terapeuta e, talvez até, ajudar outras pessoas a serem os seus próprios terapeutas", diz.
O exercício antistresse que Louise Fannon propõe
Esta ferramenta recorre a toques ligeiros com os dedos nos pontos-chave de acupuntura, enquanto nos focamos no desconforto e repetimos uma sequência de frases específicas. "As respostas estão dentro de si", assegura Louise Fannon, que aponta de seguida os pontos de tapping essenciais, assim como as áreas específicas que, ao serem pressionadas, permitem libertar as emoções que afetam a nossa saúde.
"Repita esta sequência as vezes que forem necessárias até sentir que libertou toda a tensão do seu corpo e da sua mente", recomenda Louise Fannon, psicoterapeuta, em "Curar em minutos", o livro onde apresenta um plano de automassagem que pretende transformar o seu mundo à sua medida, melhorando a perceção das coisas e libertando os sentimentos que podem estar a prejudicar a sua saúde física e/ou mental.
Toque: Ponto de karate
Pense: Apesar de sentir stresse, eu aceito esta emoção.
Toque: Ponto de karate
Pense: Apesar de sentir esta dor no meu corpo por causa do stresse, eu aceito-me e ao meu corpo profunda e completamente.
Toque: Ponto de karate
Pense: Apesar de me sentir stressada e isso estar a refletir-se no meu corpo e na minha vida, eu escolho libertar esta tensão da minha mente e do meu corpo.
Toque: Início da sobrancelha
Pense: Este stresse.
Toque: Canto do olho
Pense: Esta tensão na minha mente e no meu corpo.
Toque: Debaixo do olho
Pense: Esta preocupação.
Toque: Debaixo do nariz
Pense: Esta dor no meu corpo.
Toque: Queixo
Pense: Deixo partir todo este mal-estar agora.
Toque: Clavícula
Pense: Permito-me libertar todo este stresse, acalmar a minha mente e relaxar o meu corpo.
Toque: Axila
Pense: Eu escolho sentir-me calma, relaxada e sob controlo.
Toque: Topo da cabeça
Pense: Eu amo-me, aceito-me e perdoo-me profunda e completamente.
Texto: Nazaré Tocha com Louise Fannon (psicoterapeuta)
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