O cancro da próstata é o segundo cancro mais frequentemente diagnosticado e a quinta principal causa de morte por cancro entre os homens em todo o mundo, com uma estimativa de 1.414.000 novos casos de cancro e 375.304 mortes em 2020. Estima-se que em Portugal, em 2020, tenham surgido 6.759 novos casos de cancro da próstata. As estimativas indicam que em 2040 esse número possa aumentar 21,6%.
Fatores de risco
A idade avançada (>70% casos com mais de 65 anos), a raça negra e a história familiar são fatores de risco bem estabelecidos. Outros fatores de risco que podem estar associados a um maior risco estão associados a estilos de vida como a obesidade, a falta de exercício físico, a diabetes mellitus e alguns tipos de dietas alimentares.
Sinais e sintomas
Os sintomas associados ao cancro da próstata podem, muitas vezes, passar despercebidos. Problemas urinários, como dificuldade em iniciar ou interromper a micção, frequência urinária aumentada e sangue na urina. Para além destes, dores ósseas e desconforto na região pélvica podem sugerir uma fase mais avançada da doença.
Diagnóstico precoce
O cancro da próstata é uma doença geralmente silenciosa, de evolução lenta e assintomática. Detetá-lo numa fase precoce é essencial, pois permite tratar com uma taxa de cura muito elevada. Pode ser diagnosticado através da realização de palpação da próstata (via toque retal) e de uma análise sanguínea a um marcador, o PSA (Antigénio Específico da Próstata). Infelizmente, ainda é um tema cercado por tabus, nomeadamente o toque retal (rápido e indolor), que pode gerar desconforto e resistência.
Perceção dos doentes e dos seus familiares
Para a campanha de sensibilização “Vamos Tocar Neste Assunto”, que visa promover o aumento da literacia na área do cancro da próstata, foi realizado um inquérito a doentes com cancro da próstata e seus familiares, promovido pela Associação Portuguesa de Urologia (APU) e pela Associação Portuguesa de Doentes da Próstata (APDP), com o apoio da Bayer. As principais conclusões do inquérito foram:
- 50% dos doentes passam meses sem falar ou nunca falam sobre a doença.
- 46% sabiam pouco sobre o cancro da próstata no momento do diagnóstico e 26% nada sabiam
- 58% dos inquiridos revelaram falta de informação sobre a doença e 45% sentem falta de informação sobre as opções terapêuticas
Conclusão
Em conclusão, o cancro da próstata tem um impacto significativo na qualidade de vida dos doentes, com grande impacto na função urinária, sexual e na saúde mental. A conscientização sobre os sinais e sintomas, a importância do diagnóstico precoce e a superação de barreiras sociais são passos fundamentais. Ao encorajar discussões abertas e promover acompanhamento e monitorização regulares junto de profissionais de saúde, podemos contribuir para uma mudança significativa na prevenção e no seu tratamento.
Um artigo do médico oncologista Ricardo Fernandes.
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