Quem é que nunca ouviu uma história de terror que envolva os dentes do siso? Seja porque alguém afirma que a extração dos mesmos daria para escrever um livro ou porque dão dores ou porque alguém “foge” do dentista para tentar evitar resolver o problema. Os terceiros molares, também conhecidos por dentes do siso, já fizeram parte das histórias contadas por muitos. Mas existe mesmo um verdadeiro motivo para nos assustarmos com estes dentes?
Comecemos primeiro por perceber algumas dúvidas básicas. Estes são os últimos dentes definitivos a erupcionar na cavidade oral (boca), geralmente entre os 17 e os 25 anos de idade. Aquilo que é expectável é que cada indivíduo tenha quatro dentes do siso: dois no maxilar superior e dois no maxilar inferior. Contudo, devido à evolução humana, existem casos em que estes dentes não chegam mesmo a formar-se. Assim, uma pessoa pode ter três, dois, um ou mesmo nenhum dente do siso.
A verdade é que estes dentes são aqueles que mais frequentemente estão inclusos ou com maior propensão para uma erupção parcial ou incompleta, motivo pelo qual podem trazer alguns problemas e assim originarem histórias assustadoras. Contudo, tal como muitas outras situações, o importante é o paciente ser bem acompanhado pelo seu Médico Dentista, que o encaminhará sempre para a melhor solução possível.
De uma forma geral podemos estar perante três situações (ver foto):
- os dentes do siso erupcionam normalmente e estão totalmente visíveis na cavidade oral;
- os dentes do siso erupcionam parcialmente, permanecendo uma porção coberta por osso e/ou gengiva;
- os dentes do siso estão inclusos (totalmente envolvidos por osso e gengiva) e portanto não são visíveis na cavidade oral.
Apesar de ser comum a opinião que os terceiros molares devem ser extraídos, isto não é obrigatório acontecer em todos os casos. De qualquer forma, a ser necessário, este é um atos clínicos cirúrgicos mais comuns em Medicina Dentária, não sendo por isso necessário haver receio associado a este procedimento.
Assim, quais são então as indicações para a extração de dentes do siso? Tudo vai depender da sua posição anatómica na arcada dentária (zona muito posterior) e da falta de espaço para a sua erupção, que podem causar episódios de:
- dor;
- acumulação de placa bacteriana numa zona que por si só é difícil de higienizar;
- cárie dentária;
- afetação dos dentes vizinhos;
- inflamação da gengiva que recobre o dente do siso (pericoronarite);
- infeções recorrentes / abcessos;
- lesões quísticas.
Caso não se verifique nenhuma das situações acima mencionadas – isto é, quando erupcionam normalmente não causando qualquer tipo de sintomalogia, quando não têm nenhuma patologia associada ou quando estão corretamente posicionados na arcada dentária permitindo assim a realização da higiene oral de forma adequada – então não existem motivos de alarme. Tal como a nossa equipa reforça sempre a todos os pacientes, a chave está na prevenção. Um bom acompanhamento da saúde oral de cada um permite evitar o aparecimento de futuros problemas.
Um artigo da médica dentista Catarina Pinto, do Instituto de Implantologia.
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