As férias podem potenciar ou dar origem a diversos desentendimentos conjugais. Em primeiro lugar não podemos esquecer que, ao contrário do que acontece durante o resto do ano, este é um período em que os parceiros passam grande parte do dia juntos, o que muitas vezes exige uma “readaptação” às rotinas e alarga a possibilidade de desentendimentos, principalmente quando a relação já não está nas melhores condições.
Também existem situações em que o casal (ou pelo menos um dos elementos do casal) cria diversas expectativas em relação a este período, tais como:
- acreditar que com a diminuição do stress diário consigam reavivar o desejo sexual e, consequentemente, a intimidade sexual;
- encarar o período de férias como o momento ideal para “resolver os conflitos” relacionais acumulados durante o ano;
- ter mais tempo para estar em casal e assim conseguir avaliar os verdadeiros sentimentos em relação ao/à parceiro/a
- desejar ter mais tempo para falar com o/a parceiro/a sobre a relação ou como melhorarem a relação;
- dar “uma última oportunidade” à relação
Da minha experiência clínica posso afirmar que existem dois períodos críticos em relação ao aumento de pedidos de ajuda para terapia de casal: o pós-férias e o início dos anos. Considero que os dois momentos têm em comum o facto de muitas pessoas verem estes períodos como períodos de reflexão e de tomada de decisões.
No período pós-férias também é comum surgirem pedidos de ajuda por infidelidade tanto de casos recentes como de relações extraconjugais com anos.
Prevenir o fim da relação
Não existem formulas mágicas! Cada casal tem a sua particularidade e é nisso que os parceiros se devem focar. Para alguns casais as férias só fazem sentido se forem passadas em família, para outros casais pode haver a necessidade de também existirem momentos a sós.
Independentemente de tudo, o importante é que os parceiros falem sobre a forma como cada um pensa ou deseja passar as férias e não se sinta julgado/a ou criticado/a por dizer qual é a sua vontade.
Erradamente, muitas pessoas consideram que evitar discussões é “não falar sobre os assuntos”, porém, muitas vezes, é o facto de existirem assuntos tabu ou “não ditos” que provoca um aumento de desentendimentos e mal-estar, nos casais.
Por isso mesmo, muitas vezes, a terapia de casal passa precisamente por ajudar os casais a comunicar de forma assertiva e não violenta. Ou seja, ajudar os casais a terem uma comunicação onde não prevalece a crítica, o desprezo e a desvalorização – formas de comunicar muito comuns em casais que acabam em divórcio!
Erros a evitar
Vejam o período de férias como uma oportunidade para estarem juntos e não como uma “obrigação” de estarem juntos. Respeitem as vossas necessidades e as necessidades do outro. Por mais difícil que possa parecer, se deixarem de fazer “braço de ferro” e trabalharem genuinamente numa solução, será mais fácil encontrarem respostas que agradem a ambos.
É importante que não tomem decisões precipitadas. Se houver necessidade, em momentos de maior tensão, podem pedir ao/à parceiro/a um tempo de reflexão, para, por exemplo, ir dar uma volta até que se sintam menos ativados emocionalmente. Quando se sentirem mais calmos devem voltar a falar sobre o assunto, tentando expressar o que pensam e sentem e não criticando ou acusando o/a parceiro/a.
As explicações são de Fernando Mesquita, psicólogo, sexólogo e terapeuta de casal.
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