A Dermatite Seborreica (DS) é uma doença inflamatória crónica comum que se caracteriza principalmente pelo aparecimento de um rash cutâneo avermelhado, geralmente em placas ou crostas, associado a prurido e descamação da pele em algumas áreas da face, como as sobrancelhas, pálpebras, nariz e sulco nasogeniano, couro cabeludo, orelhas e tronco. As causas da DS não estão totalmente esclarecidas.
A predileção da DS por áreas da pele ricas em glândulas sebáceas sugere que estas estruturas fazem parte do processo fisiopatológico da doença. A teoria atualmente mais aceite é de que as glândulas sebáceas, e a oleosidade produzida pelas mesmas desempenham um papel permissivo na génese da DS, possivelmente através da criação de um ambiente favorável para o crescimento de fungos do género Malassezia. Este fungo alimenta-se de restos de pele morta e tem preferência por áreas com maior produção de sebo.
É preciso destacar, no entanto, que ainda não existe evidência direta de que a Malassezia esteja implicada na origem da DS. A forma como o sistema imunológico do paciente lida com a presença da Malassezia na pele é que parece ser a causa da inflamação e dos sintomas. Assim, a inflamação pode ter origem genética ou ser desencadeada por agentes externos, como situações de fadiga ou stress emocional, alterações hormonais, climas extremos, ingestão excessiva de álcool, alimentação desequilibrada, medicamentos e excesso de oleosidade.
Condições neurológicas, incluindo a doença de Parkinson, traumatismo craniano e acidente vascular cerebral podem ser associados com a DS. Os vírus da imunodeficiência humana (HIV) também tem sido associado ao aumento dos casos de DS.
A DS nos bebés (crosta láctea) é uma condição da pele temporária e deve desaparecer à medida que a criança cresce, geralmente por volta dos 3 anos. Nos adultos a doença assume um caráter crónico com períodos de recidiva que alternam com ausência de sintomas, persistindo esta alternância por décadas. A DS não é contagiosa ou causada por falta de higiene.
Não existe cura para a DS. Porém, existem diversos tipos de tratamento e a doença pode ser controlada de forma a quase não causar incómodo ao paciente.
A melhor forma de reduzir a severidade da DS é através da prevenção ou controlo dos fatores desencadeantes nomeadamente evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, ter uma alimentação equilibrada, evitar situações promotora de stress físico ou psicológico e ter uma boa higiene cutânea e capilar.
O tratamento geralmente é feito com fármacos de uso tópico na forma de sabonetes, champôs, loções capilares ou cremes, que podem conter agentes antiinflamatórios tais como o ácido salicílico e resorcina, minerais tais como o zinco ou o sulfureto de selénio, antifúngicos ou corticoesteróides, entre outros componentes. O tratamento adequado vai depender da localização das lesões e da intensidade dos sintomas, e deve ser indicado por um médico dermatologista.
Um artigo do médico Luís Uva, dermatologista na Personal Derma – Clínica Dermatológica e Estética.
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