Não existe espaço para dúvidas - a relação próxima entre a nossa saúde geral e a nossa saúde oral é uma realidade que não podemos ignorar. Na verdade, algumas patologias orais, como é o caso da periodontite, foram, recentemente, associadas a outras doenças, como a diabetes, as doenças cardiovasculares ou a doença renal crónica.
A periodontite é uma doença crónica e infeciosa, caracterizada pela inflamação e, por vezes, retração da gengiva e pela diminuição do osso que suporta os dentes, podendo levar à perda dos mesmos. Afeta 45 a 50% da população global, ocupando, por isso, o sexto lugar das doenças mais comuns do mundo. Ainda que o seu curso seja, muitas vezes, silencioso, a hemorragia gengival, o mau hálito e a mobilidade dos dentes, com alteração da sua posição, são sintomas frequentemente detetados.
A relação bidirecional entre a periodontite e a diabetes tem vindo a ser comprovada. Se, por um lado, a diabetes representa um fator de risco para o desenvolvimento da doença periodontal, agravando a sua progressão e dificultando o seu tratamento, por outro lado, a periodontite também pode afetar o desenvolvimento da diabetes. Tal acontece porque os elevados níveis de inflamação oral, característicos da doença quando não está controlada, podem prejudicar ainda mais o controlo glicémico do doente diabético.
De facto, investigações recentes indicam que as pessoas com periodontite não tratada apresentam uma maior probabilidade de desenvolver diabetes tipo 2 e sofrem mais frequentemente complicações desta doença, como alterações na visão, úlceras do pé diabético ou problemas cardiovasculares. Finalmente, o tratamento bem-sucedido da periodontite parece contribuir para a redução dos níveis de glicose no sangue destes doentes.
A importância do controlo e do tratamento da periodontite é, então, indiscutível, não só pelos motivos anteriormente explicados, mas também porque evita a perda dos dentes, permitindo uma dieta equilibrada, obrigatória para quem tem diabetes.
Atualmente, a diabetes afeta aproximadamente 11% da população mundial e estima-se que, em 2045, um em cada oito adultos venha a sofrer desta doença. O acompanhamento regular do doente diabético pelo médico dentista é essencial, de forma a prevenir problemas de saúde oral que podem agravar a diabetes e a melhorar a sua qualidade de vida.
Um artigo de Teresa Belo, médica dentista no Hospital CUF Cascais e na Clínica CUF S. Domingos de Rana.
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