Abriram-nos uma porta que nos garante a proximidade com os outros, que nos permite a exposição do nosso dia a dia e o acesso imediato a informações dos nossos amigos, da nossa família e de figuras públicas. Mas será que este acesso imediato ao dia a dia dos outros e à exposição do nosso dia a dia, será bom para nós e nos traz mais bem-estar, ou estará a trazer-nos alguma angústia e inquietação?
Num primeiro olhar, parece-nos que sim, que as redes sociais nos trazem mais felicidade, porque estamos tão mais felizes, quanto mais próximos de quem gostamos estamos.
Mas, o efeito das redes sociais não é assim tão simples, ficamos muitas vezes presos à vida perfeita que os outros exibem e isso obriga-nos a confrontamo-nos com as imperfeições da nossa vida e, mesmo sem querermos, passamos demasiado tempo a comparar a família dos outros com a nossa, as férias dos outros com as nossas, os jantares dos outros com os nossos. E sempre que entramos nesta espiral de comparação com a vida dos outros, sentimo-nos mais pequeninos e menos valiosos.
E isso faz com que procuremos incansavelmente mostrar apenas as partes perfeitas da nossa vida e, por vezes, até criar cenários de vida que não temos e que apenas servem para exibir nas redes sociais.
Todo o contexto como vivemos as redes sociais, traz alguns handicaps à nossa saúde mental, por um lado, faz-nos viver sobre a máscara das redes sociais, isto é, para fora, para cultivar a imagem que é transmitida aos outros e não para dentro, para cultivar o nosso interior e aquilo que nos dá um verdadeiro bem-estar, chegando a viver - alguns de nós - numa vida paralela para as redes sociais. Por outro lado, contribui para que nos sintamos cada vez menos seguros de nós próprios, uma vez que as redes sociais levam a que não aceitemos as nossas fragilidades e sempre que não o fazemos não nos sentimos plenos, seguros e integrados internamente.
Muitas vezes, achamos que este mal é exclusivo dos adolescentes, no entanto, apesar de mais notório na adolescência é transversal a todas as idades.
Assim, para que possa usufruir do lado bom das redes sociais da sua fonte de proximidade, de partilha e de ligação, todos precisamos de nos tornar mais conscientes, mais verdadeiros, mais empáticos e acima de tudo de compreender que as redes sociais não são um barómetro de bem-estar ou de qualidade de vida.
Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.
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