"A greve [que vai no terceiro dia] neste momento passa aos 90%. Num quadro de pessoal de 200 pessoas, nem 20 estarão a trabalhar", disse à agência Lusa Eduardo Teixeira, coordenador regional do Sindicato dos Trabalhadores de Atividades Diversas (STAD), que se encontra esta manhã em frente do Hospital de São João a participar na manifestação que conta com cerca de 100 trabalhadores da limpeza ali concentrados.
Eduardo Teixeira acusou hoje o diretor do departamento que gere os contratos de limpeza e de vigilância do Hospital de S. João de ter dado indicações, pelo menos, "às auxiliares da ação médica para violarem o direito à greve" dos trabalhadores da limpeza e para fazerem "os serviços de limpeza, coisa que é ilegal".
O STAD acrescentou que pediu esta manhã à Autoridade das Condições de Trabalho (ACT) para que se "desloque o mais rápido possível" ao Hospital de S. João para tomar conta "da ocorrência".
Eduardo Teixeira referiu que também já contactou o sindicato da função pública para que tome "alguma providência" sobre a matéria da alegada "violação ao direito de greve".
Os trabalhadores de limpeza do S. João estão em greve pelo aumento do subsídio de alimentação para os "cinco euros", porque em alguns casos está em "1,20 euros".
"É uma vergonha, temos trabalhadores que recebem 1,20 euros de subsídio de alimentação, porque a [empresa] Clece paga o subsídio proporcional às horas de trabalho, ou seja, “se houver um trabalhador que trabalha cinco horas recebe 1,20", sendo que o Código de Trabalho prevê que quem trabalhar "cinco ou mais horas tem de receber o subsídio de alimentação por completo".
O subsídio de alimentação atual - 1,85 euros -, é "baixo", "vergonhoso", "não se compadece com os tempos de hoje" e ainda por cima foi acordado com a "administração do hospital no final do ano passado" aumentar-se o subsídio de alimentação para 3,5 euros mas "estamos no final de maio e "foi o dito por o não dito", disse o sindicalista.
"O Hospital comprometeu-se que esse aumento iria ser refletido nos salários do trabalhador já em abril e hoje o que acontece e que a administração do hospital ou os responsáveis pela negociação da altura vêm dizer que não há nada. Deram o dito pelo não dito", frisou.
"Nós não somos lixo. Somos trabalhadores como outros quaisquer", declarou à Lusa Irene Santos, trabalhadora de limpezas há 10 anos no S. João nos serviços de “Otorrino, Internamento, Joãozinho e Intermédios".
Os trabalhadores que não fizeram greve estão a recolher os "lixos maiores" e a limpeza das casas de banho, contou Eduardo Teixeira, garantindo que a "higienização de tudo não está a ser feita".
A Lusa contactou fonte das relações públicas do hospital para obter informações, mas até às 11:14 de hoje não houve resposta ao pedido de esclarecimentos.
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