As tradicionais lâmpadas de halogéneo deixam de ser fornecidas ao mercado a partir de sábado em toda a União Europeia (UE) e vão ser substituídas por sistemas mais baratos, como o LED, que dura mais e consome menos. O objetivo da UE é reduzir em 20% o consumo de energia até 2020. O LED, porém, tem riscos para a saúde, apontam investigadores.
Em 2009 a Comissão Europeia produziu um regulamento no qual estabeleceu como limite para se desenvolver e colocar no mercado as tradicionais lâmpadas de halogéneo 01 de setembro de 2016. Em 2015 outro regulamento apontou que o melhor momento seria o dia 01 de setembro de 2018. “Pressão da indústria”, acusam os ambientalistas.
“A Quercus lamenta a implementação tardia desta medida, atrasada dois anos por pressão da indústria, e pede que seja feita fiscalização para evitar que sejam vendidas lâmpadas não permitidas e se cumpram os compromissos de redução de CO2 [dióxido de carbono], disse à Agência Lusa a especialista em eficiência energética da Quercus Laura Carvalho.
Pressionados pela indústria
Francisco Ferreira, presidente da ZERO, disse, também em declarações à Lusa: “Houve um adiamento por dois anos que em nosso entender teve os seus custos, penso que foram os Estados que tomaram essa decisão pressionados pela indústria”.
É que, nas palavras do responsável, a iluminação tem uma importância muito grande no consumo e a mudança em 2016 teria um peso significativo, porque uma lâmpada de halogéneo dura em média 2.000 horas e uma de LED dura 15.000.
A dez anos, diz Francisco Ferreira, citando um estudo europeu, um consumidor que opte por LED tem uma poupança seis vezes maior do que se tiver halogéneo. “Os custos não serão muito diferentes em Portugal”, diz.
Laura Carvalho, do lado da Quercus, fala também de outros números, ao lembrar que a medida de sábado é a última fase do calendário para banir as lâmpadas energicamente menos eficientes. Poupam-se quatro dezenas de tera-watts hora e evita-se a emissão de 15,2 milhões de toneladas de CO2 até 2025, o que corresponde às emissões anuais geradas por cerca de dois milhões de pessoas. E reduz-se a importação europeia de petróleo em 73,8 milhões de barris.
É por tudo isto que, nas palavras de Francisco Ferreira, “o salto tem que ser o LED”. Os dois ambientalistas nas declarações à Lusa salientam o facto de hoje a tecnologia LED (díodo emissor de luz, em inglês Light Emiting Diode, que dá origem à sigla) ter tantas variedades de lâmpadas e de cores como as tradicionais de halogéneo.
Laura Carvalho salienta também que as lâmpadas de halogéneo não vão desaparecer das lojas no sábado, porque as que estiverem à venda continuam, além de que continuam a ser permitidos modelos como os que são usados em apliques ou candeeiros de secretária, entre outras utilizações.
E lembra que a Quercus tem sempre aconselhado os consumidores a fazer a substituição gradual das lâmpadas menos eficientes, tanto mais que a iluminação é uma boa fatia dos gastos.
“No setor doméstico, a iluminação representa cerca de 14% dos gastos em eletricidade em Portugal”, disse Laura Carvalho. E acrescentou Francisco Ferreira. “O que se consome em iluminação na União Europeia equivale ao total do consumo residencial da França, Reino Unido, Itália, Portugal e Holanda”.
Na ZERO, mantém-se o entendimento de que “os consumidores ainda são pouco influenciados por estas informações. São importantes campanhas por parte de associações de consumidores e de ambiente”, disse Francisco Ferreira, acrescentando que no momento da compra se olha para o preço e não para a eficiência energética.
Até mesmo nos edifícios do Estado, disse o presidente da ZERO, está-se longe do compromisso de aumentar a eficiência energética em 30% até 2020.
Laura Carvalho lembra que os municípios têm aproveitado os incentivos para mudar a iluminação pública, e diz que o LED tem vindo a ganhar terreno no uso profissional, como escritórios ou lojas
E Francisco Ferreira, apesar da prudência em relação ao presente, é mais otimista quanto ao futuro: “Em pouco tempo, dois ou três anos, todos seremos LED”.
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