“Os meios próprios do INEM [Instituto Nacional de Emergência Médica] apenas asseguram pouco mais de 5% da emergência pré-hospitalar em Portugal. Cerca de 95% das emergências são socorridas, maioritariamente, por bombeiros e algumas pela Cruz Vermelha Portuguesa”, adiantou à agência Lusa o presidente da ANTEPH.

Luís Canaria entregou hoje na Presidência da República um “conjunto de documentação” sobre esta matéria, no dia em que fez cinco anos que foi publicado o decreto-lei que criou a carreira especial de técnico de emergência hospitalar apenas para o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).

“Esse decreto-lei foi publicado apenas para os funcionários do INEM, mas era um ponto de partida para um modelo de profissionais de técnicos de emergência médica que depois seria estendido a todo o país”, referiu o dirigente da ANTEPH.

Segundo Luís Canaria, a profissão de técnico de emergência médica “não está sequer regulamentada” em Portugal, devendo abranger os cerca de 30 mil profissionais que trabalham nesta área, incluindo os tripulantes de ambulâncias de transporte e de socorro.

“O que é certo é que este decreto só serviu para o INEM e nem no próprio INEM está a ser cumprido”, salientou o presidente da associação, defendendo que esta profissão deve “existir para todos, para os bombeiros, para a Cruz Vermelha Portuguesa, para o INEM e também o setor privado”.

De acordo com Luís Canaria, esta situação está a provocar “assimetrias regionais” na qualidade do socorro prestado a nível nacional, alegando que, nos casos de maior gravidade, “um português socorrido numa cidade tem um socorro diferente do que se for no interior, onde fica, por vezes, 45 minutos à espera”.

“Dos casos referenciados pelo INEM como muito graves, o INEM só consegue garantir 40% de apoio para estas situações. Os outros 60% são socorridos sem apoio avançado, sem apoio de uma viatura médica ou de uma viatura de suporte imediato de vida”, adiantou.

Segundo dados do INEM, durante 2020, foram acionados mais de 1,1 milhões de meios de emergência. O Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM) deu resposta a 3.202 ocorrências por dia, com os meios próprios do INEM a responderem a cerca de 240 mil e os meios dos parceiros do SIEM a acorrem a mais de 930 mil acionamentos.