O Centro Hospitalar e Universitário de São João reconhece que avarias diárias de um aparelho de radioterapia diminuíram o tempo de vida de doentes com cancro. Os casos aconteceram no ano passado, avança a TSF.
A informação consta numa resposta enviada pelos responsáveis hospitalares à Entidade Reguladora da Saúde (ERS) e que foi divulgada na terça-feira pelo regulador.
O pedido de esclarecimento aconteceu na sequência da queixa de um paciente. Em vez de 15 dias, que é o prazo previsto por lei como tempo máximo de resposta para começar a radioterapia, o doente esperou cinco meses e meio pelo tratamento prescrito, descreve a referida estação de rádio.
Avarias constantes
O hospital detalha que "o serviço de radioterapia possui dois aparelhos de tratamento", um deles "com 20 anos, já descontinuado pela empresa mas ainda em funcionamento, tratando 60 doentes por dia e que será desativado com a entrada em funcionamento do novo aparelho".
"Apesar da grande intervenção realizada no início do ano, as avarias mantinham-se quase diariamente levando ao adiamento de inícios de tratamentos, a interrupções longas de tratamento e consequente redução do controlo local e sobrevida, com claro prejuízo para os doentes".
"A constante interrupção do tratamento aumenta o tempo total de tratamento e diminui a sua eficácia (diminuição drástica do controlo local por aumento da duração do tratamento com proliferação tumoral)", admite a unidade.
No final da deliberação, a Entidade Reguladora da Saúde critica a atuação da administração do Hospital de São João, sublinhando "a especificidade e urgência do tratamento em causa, a qual não se compatibiliza com a imprevisibilidade de avaria do equipamento e o impedimento da prossecução daquele tratamento".
Outros casos
A deliberação divulgada ontem pela ERS tornou público também o caso do Hospital de Vila Franca de Xira, que internou doentes em casas de banho e refeitórios durante quatro anos. Outro caso relatado no documento do regulador dá conta de uma grávida em trabalho de parto que foi aconselhada a deslocar-se pelos seus próprios meios para outro hospital por inexistência de vagas no Hospital Amadora-Sintra.
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