Embora as projeções indicassem que a camada de ozono, que protege a superfície da Terra da radiação ultravioleta, deveria recuperar totalmente em meados do século, investigadores chineses descobriram níveis crescentes de radiação ultravioleta nos trópicos e nas latitudes médias do norte desde 2010, o que representa um risco para a saúde humana e para o meio ambiente.
“A nossa análise mostra níveis alterados de ozono e uma maior radiação UV na superfície durante mais de uma década depois de 2010”, disse o principal autor do estudo Yan Xia, da Universidade Normal de Pequim, citado pela agência de notícias espanhola Europa Press.
Segundo o cientista, “a recuperação mais lenta do ozono estratosférico é em grande medida inesperada”.
A equipa analisou dados de satélite e simulações de modelos para avaliar as mudanças de longo prazo nos níveis de ozono e UV na superfície em todo o mundo.
“Observámos uma diminuição dos níveis de ozono e um aumento da radiação ultravioleta em latitudes entre 30ºS e 60ºN após 2010”, indicou Xia. “Sobretudo no hemisfério norte, a magnitude crescente da radiação ultravioleta da superfície de 2011 a 2020 atingiu 0,5 a 1,4% anualmente. Isto não deve ser tratado de forma leviana”.
O investigador assinalou que “a monitorização contínua dos níveis de ozono e de radiação ultravioleta é importante para se entender melhor porque é que a recuperação do ozono está atrasada e se a tendência continuará”, acrescentando que os decisores e o público devem conhecer e preparar-se para “os efeitos nocivos da radiação UV no meio ambiente, agricultura e saúde”.
A investigação contínua e a aplicação de políticas como o Protocolo de Montreal (acordo global para proteger a camada estratosférica de ozono através da eliminação progressiva dos químicos que a danificam) são essenciais para reverter a tendência para piorar, reduzir a exposição aos raios UV e proteger a vida na terra nas próximas décadas, sustentam os autores do estudo.
A vigilância da camada de ozono em Portugal é realizada pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera. As estações portuguesas fazem parte da rede Global Amosphere Watch e da Organização Meteorológica Mundial “contribuindo para uma melhor cobertura observacional à escala global”, de acordo com informação no ‘site’ do IPMA.
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