O cancro colorretal é o segundo cancro mais frequentemente diagnosticado na Europa e em ambos os sexos. Cerca de 80% são encontrados no cólon e 20% no reto e entre 5% e 10% dos cancros colorretais são consequência de condições hereditárias.
A obesidade, dislipidemia, o consumo de álcool e tabaco aumentam o risco de desenvolver este tipo de cancro pelo que é importante evitar estes fatores de risco. A alimentação tem um papel importante na prevenção e no desenvolvimento da doença e promover a atividade física e uma alimentação saudável são fatores protetores.
Os sintomas podem incluir: mudança/alternância nos hábitos intestinais, desconforto abdominal, perda de peso e mal-estar devido a anemia por deficiência de ferro.
A deteção precoce assume particular importância nesta doença e pode ser facilitada pela pesquisa de sangue oculto nas fezes, em populações de alto risco, ou através do rastreio de base populacional; seguidos de colonoscopia, se existirem alterações (boa relação custo-benefício para pessoas com mais de 50 anos).
É importante referir que a deteção precoce e o tratamento multidisciplinar personalizado aumentaram as hipóteses de cura para doentes com cancro colorretal.
Também a Oncologia de precisão está a emergir rapidamente na prática clínica, dedicada ao desenvolvimento de medicamentos inovadores. A identificação de alterações moleculares, como potenciais alvos terapêuticos, permite a individualização do tratamento e aumenta a sua eficácia. Para definir as alterações moleculares e adequar a terapêutica é necessário uma amostra de tecido permitindo sequenciamento genómico de última geração (NGS). São fundamentais os Molecular Tumor Boards (MTBs), compostos por uma equipa multidisciplinar de especialistas das áreas da biologia molecular, anatomia patológica, oncologia e genética. A realidade médica impulsionada pela oncologia de precisão permite a otimização dos cuidados desde o diagnóstico ao tratamento, tendo sempre o doente no centro da decisão. É fundamental a educação médica comunitária para capacitar a implementação da Oncologia de precisão na prática clínica.
Também o recurso à biópsia liquida (amostra de sangue) no decurso do tratamento ou na fase de monitorização permite uma avaliação em tempo real das alterações genómicas da doença/heterogeneidade tumoral bem como avaliar a emergência de novos alvos terapêuticos e/ou de mecanismos de resistência. Estudos recentes evidenciam que doentes com cancro colorretal em estágio II-III ressecado podem beneficiar da detecção precoce de recidiva com recurso à biópsia líquida. Todos estes avanços permitem definir melhor a sequenciação e a estratégia de tratamento com consequente impacto positivo na qualidade de vida e na sobrevivência do doente.
Um artigo do médico Nuno Bonito, Oncologista no Hospital CUF Viseu e Hospital CUF Coimbra.
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