O cancro da cabeça e pescoço abrange um conjunto de tumores malignos, nomeadamente os da boca, nariz, garganta, glândulas salivares, tiróide e pele da face e couro cabeludo.

O cancro da cabeça e pescoço surge, frequentemente, a partir de uma lesão na mucosa oral (parte que reveste o interior da boca) ou na pele, que não desaparece, e pode estar associada a sangramento ou outros sintomas como alteração da voz, fala ou dificuldade em engolir. Estes tumores tendem a invadir os gânglios linfáticos, pelo que, um nódulo palpável na face ou pescoço pode ser a primeira manifestação da doença. Na boca, a presença de lesões de cor branca ou vermelha na mucosa pode ser um sinal de alarme pelo risco de poderem vir a dar origem a um cancro.

Em Portugal, registam-se, anualmente, cerca de 2000 novos casos e mais de 800 mortes por carcinomas da cabeça e pescoço. Mundialmente, corresponde ao sexto cancro mais comum e sexta causa de mortalidade oncológica. Estes tumores são mais frequentes no sexo masculino, a partir dos cinquenta anos de idade, e têm como principais fatores de risco o consumo de tabaco e o abuso de álcool, podendo estar relacionados também, no cancro da orofaringe, com infeção pelo vírus do papiloma humano (HPV).

Por conseguinte, é muito importante estarmos atentos a lesões ou “feridas” persistentes, nomeadamente na cavidade oral, na pele, ou nódulos no pescoço, e, no caso de detetar alguns destes sintomas, recorrer, prontamente, ao seu médico assistente ou médico dentista para esclarecimento.

O Instituto Português de Oncologia dispõe de consultas de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, para onde os médicos assistentes podem referenciar os doentes, em caso de dúvida ou diagnóstico confirmado. É também o centro de referência para o tratamento de cancro da cavidade oral – no âmbito do Projeto de Intervenção Precoce no Cancro Oral (PIPCO) – o programa nacional multidisciplinar que visa a deteção precoce destes tumores, a partir do rastreio em populações de risco e investigação diagnóstica de lesões suspeitas.

Como mensagem final, é importante alertar para o prognóstico muito desfavorável que caracteriza os estados mais avançados do cancro da cabeça e pescoço. Por outro lado, ressalvar que na maioria dos casos diagnosticados precocemente é possível a cura!

Portanto, esteja atento e cuide de si! Nós cuidamos da sua saúde!

Um artigo do médico Henrique Messias, do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil.