De acordo com o último Inquérito Nacional de Saúde, em 2019, 16,8% da população residente em Portugal Continental com 15 ou mais anos era fumadora, 14% dos quais fumadora diária. Entre as mulheres, que desde 1987 vinham a registar uma tendência crescente dos consumos, também houve uma redução da prevalência do consumo, que passou de 13,2% para 10,9%.
"Estes foram dois objetivos do Programa Nacional para a Prevenção do Controlo do Tabagismo (PNPCT), da Direção-Geral da Saúde, que foram cumpridos em 2020, e que constam do relatório divulgado hoje", explica um comunicado da Direção-Geral da Saúde (DGS) divulgado hoje.
A redução do consumo de tabaco verificou-se em todas as regiões do país, no entanto mantêm-se assimetrias regionais. "No Algarve, por exemplo, a redução ultrapassou o dobro da registada no Alentejo. A Região Autónoma dos Açores continua a ser a que apresenta as prevalências de consumo mais elevadas (23,4% de fumadores), seguida da Região do Alentejo (19,1%)", lê-se na nota.
No que se refere aos jovens, houve também uma redução do consumo de tabaco, embora com aumento do consumo de tabaco para cachimbo de água e de tabaco aquecido.
Cigarros convencionais continuam a ser o tipo de tabaco preferido
Em 2019, entre os jovens dos 13 aos 18 anos, os cigarros foram o tipo de produto mais referido por quem já experimentou (29,3%), seguido dos cigarros eletrónicos (22,2%), do cachimbo de água (shisha) (15,0%) e do tabaco aquecido (4,9%).
Quanto ao consumo nos últimos 30 dias: 13,4% consumiram cigarros, 4,7%, cigarros eletrónicos, 3,7%, tabaco para shisha e 1,9%, tabaco aquecido.
Se forem apenas considerados os cigarros eletrónicos, registou-se inclusivamente um acréscimo relativo do consumo nos últimos 12 meses, entre 2015 e 2019, de 7,2% em ambos os sexos.
De acordo com as últimas estimativas elaboradas pelo Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), em 2019 morreram em Portugal mais de 13 500 pessoas por doenças atribuíveis ao tabaco.
"No seguimento do Dia Mundial sem Tabaco, renova-se a urgência de sensibilizar para os benefícios de deixar de fumar em qualquer idade. Apesar de a pandemia por COVID-19 ter tido um impacto significativo traduzido pela redução do número de locais e de consultas para a cessação tabágica, deixar de fumar com apoio comportamental e tratamento farmacológico aumenta de modo significativo o sucesso das tentativas", adverte a DGS.
Mais campanhas e mais apoio ao consumidor
A DGS define nas suas linhas de orientação estratégica para os próximos dois anos a "implementação de campanhas massivas de comunicação, proibições abrangentes à publicidade, promoção e patrocínio do tabaco ou ainda o apoio à cessação tabágica, nomeadamente através de aconselhamento breve nos cuidados de saúde primários ou do recurso ao SNS 24", refere a nota.
"A proteção da exposição ao fumo ambiental do tabaco, que ficou aquém do objetivo para 2020, mantém-se como um dos eixos estratégicos para os próximos dois anos, à semelhança da prevenção da iniciação do consumo e da promoção da cessação tabágica, em particular, em adultos com menos de 40 anos, nas mulheres grávidas, pessoas com doenças crónicas ou problemas de saúde mental ou pertencentes a grupos populacionais desfavorecidos", conclui.
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