Num comunicado de imprensa, o autarca social-democrata lembra o anúncio, a 30 de março, do primeiro-ministro, António Costa, da prioridade de avançar com a testagem nestas unidades, para acrescentar que “passados 15 dias foram testadas nos lares do distrito de Bragança cerca de 1.000 pessoas”, um número que considera “muito aquém do desejável”.
A ULS do Nordeste esclareceu, por escrito, que o programa específico de rastreio e para os lares é prioritário nos 12 concelhos do distrito de Bragança, onde, “num total de 6.030 pessoas”, entre funcionários e utentes, “foram já realizados mais de dois mil testes à covid-19”.
A Câmara de Bragança instalou na cidade, junto com entidades privadas, um centro de testes com um preço por cada análise superior a 100 euros. O Serviço Nacional de Saúde (SNS), representado pela ULS do Nordeste, ainda não recorreu a este serviço alegando que continua a ter capacidade de resposta reforçada com um protocolo celebrado com o Instituto Politécnico de Bragança (IPB), a um preço por teste de 35 euros.
O presidente da Câmara de Bragança alega que “até ao momento não foi efetuado qualquer teste”, no âmbito deste protocolo entre o IPB e o Governo.
Contactado pela Lusa, o presidente do IPB, Orlando Rodrigues, esclareceu que a instituição tem estado a realizar testes, mas ainda não pode dar resultados porque está à espera da certificação por parte do Instituto Ricardo Jorge.
De acordo com o presidente do politécnico, é preciso que aquele instituto valide a metodologia e emita a certificação para concluir o processo.
Desde que o IPB celebrou os protocolos com o Governo, a ULS do Nordeste teve alguma dificuldade na aquisição de material devido ao período da Páscoa, mas também à escassez, nomeadamente das zaragatoas, o cotonete que é usado para recolher material biológico do nariz.
Orlando Rodrigues afirmou que agora já tem “o material necessário para fazer os testes em massa, falta apenas a certificação”.
O Politécnico contratualizou com o Governo a realização de cinco mil testes a funcionários e utentes dos lares da região.
Os dados oficiais nacionais indicam que cerca de um terço das mortes associadas à covid-19 ocorreram em lares do país.
No caso do distrito de Bragança, dos seis óbitos confirmados oficialmente, apenas um está relacionado com um utente do lar da Santa Casa da Misericórdia de Vinhais e, entre os mais de 200 casos de infeção confirmados, menos de 10% correspondem a estas estruturas.
A ULS do Nordeste sustenta, no esclarecimento que divulgou, que está a realizar testes nestas estruturas em parceria com o Instituto Politécnico de Bragança (IPB), o Centro Distrital de Solidariedade e Segurança Social e a Comunidade Intermunicipal (CIM) Terras de Trás-os-Montes, que têm em curso um programa conjunto de deteção nesse âmbito.
Esclareceu ainda que, este programa específico de rastreios é levado a cabo por 12 equipas de colheita de amostras da ULS do Nordeste.
Dos mais de 2.000 testes realizados até à data, “os resultados são comunicados à direção técnica de cada lar ou serviço de apoio domiciliário, assim como aos presidentes das Câmaras Municipais e ao Centro Distrital de Solidariedade e Segurança Social, de modo a que eventuais medidas a serem tomadas sejam ajustadas a cada situação e às necessidades de cada instituição”.
O presidente da Câmara de Bragança, Hernâni Dias, considera que “tem havido uma falta de consideração e respeito pelo distrito de Bragança e pelos seus habitantes” por parte do secretário de Estado da Mobilidade, por este ainda não ter respondido a um pedido de reunião que lhe fez há quatro dias.
O secretário de Estado tem a coordenação do combate à pandemia e o presidente da Câmara de Bragança pretendia que esta reunião, para a qual requereu também a presença do presidente da ULS do Nordeste, servisse para “discussão de proposta”, sem adiantar do que se trata.
“Assim sendo, é válido questionar como é que, vivendo um momento tão crítico e tão duro para a nossa vida enquanto sociedade, ao fim de quatro dias o secretário de Estado não tenha agenda para uma reunião com o distrito de Bragança? O que se pode esperar desta coordenação nomeada pelo primeiro-ministro?”, questionou o autarca.
A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 165 mil mortos e infetou quase 2,5 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
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