Na sua intervenção no debate sobre política geral com o primeiro-ministro, que decorre na Assembleia da República, em Lisboa, o líder parlamentar do CDS-PP lembrou que o primeiro-ministro anunciou que o desconfinamento iria evoluir "a conta-gotas" e considerou que a "velocidade das gotas pode não ser irrelevante".

"Comparando com outros planos, como por exemplo o britânico, eu diria até que a velocidade das gotas é relativamente rápida", defendeu, apontando que num caso "nada aconteceu sem quinze dias, pelo menos, de intervalo e de avaliação" e no outro o plano foi "anunciado para começar quatro dias depois".

Telmo Correia analisou também que no plano português "entre cada uma das fases existe um período também que ronda os 15 dias", enquanto o britânico "tem um espaço maior".

O deputado do CDS-PP lamentou que o país tenha começado a desconfinar e que os alunos do primeiro ciclo tenham voltado à escola "sem que esteja garantida a vacinação dos professores", sem "que o número de testes seja suficiente” e “sem que tenham sido seguidos todos os critérios dos especialistas, que recomendavam, para além dos dois critérios que foram adotados” pelo Governo, a "avaliação do índice de positividade", e a "incidência sobre o sistema nacional de saúde".

O centrista questionou ainda o primeiro-ministro se o Governo não estará "a cometer alguma imprudência” e se “não pode ser um risco em função da primavera e do verão, essenciais para os setores mais penalizados, como o turismo ou a restauração”.

Em resposta, o primeiro-ministro acusou o CDS de ser "sempre contra aquilo que o Governo decide".

"Se o Governo decide fechar os restaurantes, o líder do CDS vai-se manifestar à apelar à abertura dos restaurantes, se o Governo abre as escolas do primeiro ciclo, o CDS é contra a abertura das escolas do primeiro ciclo, portanto o critério do CDS é simples, claro, transparente e compreensível", acusou António Costa.

Em contrapartida, o critério do Governo "é um bocado mais difícil", uma vez que teria "de tentar adivinhar qual era a opinião do CDS".

O chefe do Governo assinalou que foi solicitado aos especialistas "uma avaliação do risco de cada atividade" e uma "matriz de risco" que foi "apresentada a todos no Infarmed", e indicou ter "ouvido as opiniões mais diversas", uma vez que há partidos que acham que o Governo agiu "depressa demais" enquanto outros acham que foi "lento demais".

"Acho que fomos ponderados, equilibrados, porque permita-lhe que lhe diga no centro é que está a virtude e por isso é que temos um desconfinamento que é a conta-gotas, para nos permitir a cada quinzena avaliar o impacto das decisões que tomámos", salientou.