“Do ponto de vista da saúde pública, os autotestes podem oferecer vantagens quando utilizados para complementar os testes rápidos ou PCR administrados profissionalmente” dado que “podem melhorar a acessibilidade […] ao permitirem que os indivíduos obtenham o resultado muito rapidamente”, considerou o ECDC numa análise hoje divulgada.

Numa altura em que este tipo de testes antigénio começam a estar disponíveis nas farmácias europeias e portuguesas, a agência observa que esta generalização dos autoestes pode “ajudar a uma deteção precoce de casos infecciosos e a reduzir ainda mais a transmissão comunitária”.

“Os autotestes podem, portanto, melhorar o controlo da doença com uma rápida identificação e isolamento dos casos”, acrescenta.

Ainda assim, o ECDC alerta que “a transferência da responsabilidade de comunicar os resultados dos testes de profissionais de saúde e laboratórios para os indivíduos poderá levar a uma subnotificação, o que torna as medidas de resposta, tais como o rastreio dos contactos e a quarentena dos contactos ainda mais difíceis”.

Acresce que, de acordo com o organismo europeu, “os indicadores atuais para monitorizar a intensidade e propagação da pandemia de covid-19 – como taxas de testes, taxas de positividade dos testes e taxas de notificação de casos – poderiam ser afetados”.

Situação que tornaria mais “difícil monitorizar as tendências da doença ao longo do tempo”, avisa.

O ECDC menciona ainda um “desafio adicional” que assenta na dificuldade de as autoridades sanitárias conseguirem “sequenciar e monitorizar as preocupantes variantes” com este tipo de testes, numa altura em que se propagam a ritmo acelerado as mutações inicialmente detetadas no Reino Unido, Brasil e Japão.

“As autoridades de saúde pública que procuram implementar autotestes deveriam ter em conta a população que visam, bem como a prevalência da doença nessa população”, aconselha ainda a agência europeia de apoio aos Estados-membros da UE e Espaço Económico Europeu perante crises sanitárias.

Em causa estão testes cujos resultados são obtidos num curto prazo, geralmente minutos, e que não necessitam de equipamento laboratorial para serem processados, funcionando de forma semelhante aos testes de gravidez.

Em Portugal, os testes rápidos de antigénio para deteção do SARS-CoV-2 passaram a poder ser adquiridos em farmácias e locais de venda de medicamentos não sujeitos a receita médica, como antes já acontecia em países europeus como Itália, Áustria e Alemanha.

Uma portaria do Ministério da Saúde criou “um regime excecional e temporário para a realização em autoteste de testes rápidos de antigénio, destinados, pelos seus fabricantes, a serem realizados em amostras da área nasal anterior interna”.

Segundo esse diploma, os testes rápidos de antigénio abrangidos pelo regime excecional, que tem a duração de seis meses, podem ser disponibilizados às unidades do sistema de saúde, para venda em farmácias e locais de venda de medicamentos não sujeitos a receita médica autorizados e em outros locais a definir por despacho do Ministério da Saúde.