Em declarações à agência Lusa, Sofia Baptista, investigadora do CEPSU-IINFATS e medica odontopediatra no Hospital da Lapa, no Porto, explicou hoje que o estudo visava perceber “a perceção dos pais sobre a qualidade da higiene oral das crianças e as mudanças na rotina” durante o primeiro confinamento devido à COVID-19.

“Queríamos saber que perceção é que os pais tinham sobre a higiene oral e do sono dos filhos. Se tinha alterado alguma coisa, efetivamente, na fase de confinamento e, nesse sentido, avaliamos tendo por base uma escala de distúrbios do sono para crianças”, afirmou a médica dentista.

No estudo, no qual participaram 253 pais portugueses e brasileiros de crianças com idades entre os 3 e os 15 anos, os investigadores e médicos avaliaram as características sociodemográficas, as atividades escolares das crianças ‘online’ e a qualidade do sono.

Segundo Sofia Baptista, “a maioria dos pais (72,2%) reportou que as crianças tinham alterado, de facto, as suas rotinas durante o primeiro período de confinamento e, consequentemente, isolamento social”.

Paralelamente, “quase 50% das crianças alteraram a sua qualidade do sono” e “cerca de 30% dos pais reportou que os seus filhos estavam a piorar a higiene oral”.

“O sono e a higiene oral fazem parte de uma rotina. Se temos crianças que dormem pior, temos crianças que vão aceitar menos uma rotina que é normal, vão estar mais sonolentas e maldispostas. O período de higiene oral é suposto ser um período divertido ainda que com toda a seriedade imposta para termos uma boa saúde”, acrescentou a investigadora do instituto sediado na Gandra, no concelho de Paredes, distrito do Porto.

Manter as rotinas de higiene oral permite assegurar que a cavidade oral, os dentes e a gengivas estão limpas e saudáveis, mas “também permite ajudar a prevenir doenças, contribuindo muito para a qualidade de vida e saúde física e psicológica das crianças”.

“Se a higiene oral não é realizada com tanta frequência ou tanta eficácia porque a criança está sonolenta ou maldisposta, é espectável que se espere um aumento da cárie dentária”, alertou a investigadora.

À Lusa, Sofia Baptista, que liderou o estudo com a investigadora Júnia Maria Serra-Negra, adiantou que esta é uma temática importante para investigação na área da odontopediatria.

“O estudo ficou em aberto, até porque é importante explorarmos esta questão, vermos diretamente com as crianças e perceber se existe uma evolução melhor ou pior tendo em conta o que é reportado em termos de sono e associado à saúde oral”, afirmou.

O estudo foi realizado por uma equipa de médicos dentistas portugueses e brasileiros.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.710.382 mortos no mundo, resultantes de mais de 122,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 16.768 pessoas dos 817.530 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.