Um comunicado divulgado pela Fundação Fé e Cooperação (FEC), um organismo da Igreja Católica em Portugal e um dos subscritores deste apelo, chama a atenção para “a necessidade urgente de uma estrutura ética e eficaz na distribuição global de vacinas”.
“O atraso atualmente esperado e a escassez de vacinas disponíveis para os países do sul global e para as populações mais pobres é nada menos que um escândalo internacional”, lê-se na nota.
A FEC considera que “a monopolização das vacinas e das suas patentes pelos Estados mais ricos é uma resposta míope à crise da covid-19, priorizando interesses egoístas em vez de soluções verdadeiras e, em última análise, colocando-nos a todos em perigo”.
E recorda: “Originalmente, os produtores de vacinas projetaram a capacidade de fabricar vacinas suficientes para um terço da população mundial até o final de 2021. No entanto, metade dessas vacinas foram encomendadas por países desenvolvidos, que constituem apenas 13% da população mundial - 27 Estados-membros da União Europeia, Estados Unidos, Reino Unido, Austrália e Canadá”.
“Embora os países mais ricos tenham recursos para garantir acordos bilaterais com empresas farmacêuticas, provavelmente apenas 10% das pessoas em países de baixo rendimento receberão uma vacina este ano”, prossegue o comunicado.
Esta federação considera que uma proposta de renúncia ao Acordo Sobre os Aspetos dos Direitos de Propriedade Intelectual (TRIPS) na Organização Mundial do Comércio “permitiria a todos os países aumentar e diversificar a produção de vacinas”.
E lamenta que os países desenvolvidos e poderosos do Norte, incluindo a União Europeia, os Estados Unidos, o Reino Unido e o Canadá tenham bloqueado a renúncia.
“A Covax (COVID-19 Vaccines Global Access), que pretende desenvolver e adquirir uma ampla gama de vacinas para países de baixo rendimento, ainda tem uma lacuna no financiamento de 22 biliões de dólares”, alerta.
Com a próxima reunião do Conselho TRIPS marcada para quarta e quinta-feira, a Agência Europeia de Organizações Católicas para o Desenvolvimento (CIDSE), à qual a FEC pertence, junta-se “a outras organizações não-governamentais para o desenvolvimento e para a saúde, assim como às vozes do Vaticano, num apelo urgente por igual acesso global às vacinas”.
A FEC também defende “a anulação da dívida global do sul”, uma vez que esta “libertaria enormes fundos para a melhoria dos sistemas nacionais de saúde de distribuição e aumentaria as condições dos cuidados de isolamento dos doentes”.
“Este é um fator imperativo para que os países do sul se possam preparar para a longa luta contra a covid-19 e futuras possíveis pandemias”, adianta a FEC.
A pandemia do novo coronavírus matou pelo menos 2.600.802 pessoas no mundo desde o final de dezembro de 2019, segundo um levantamento realizado hoje pela agência de notícias AFP.
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