Em declarações aos jornalistas, à margem da atribuição do Prémio Nacional de Bioética, o vice-almirante Gouveia e Melo admitiu ser “muito difícil” tecer comentários sobre o processo de administração da terceira dose da vacina contra a covid-19, no qual não participa.
“É muito difícil fazer comentários sobre uma coisa em que não participo, mas julgo que haver sempre uma pessoa que dirija o processo e responda pelo processo é sempre útil, mas pode haver outras formas de organizar as coisas. Nós organizámos o processo havendo uma pessoa que centralizava as atenções e responsabilidades e isso deu resultado”, afirmou o Vice-Almirante Gouveia e Melo.
Questionado se fazia falta um “mensageiro” neste processo, o coordenador da extinta ‘task force’ remeteu esclarecimentos para o Ministério da Saúde, referindo que a missão para a qual foi nomeado foi “cumprida” e que “tenso de estar todos orgulhosos”.
“Fui nomeado para uma missão e a missão era vacinar com a máxima extensão todos os portugueses com duas doses. Quando essa missão acabou, eu saí da ‘task force’ e ela foi extinta, depois, haverá outras missões e organizações para fazer, mas a nossa missão acabou”, observou.
Já quanto a um eventual regresso da ‘task force’ e, consequentemente, coordenação do processo de vacinação, Gouveia e Melo afirmou que “enquanto vestir o uniforme” manda o poder político democraticamente eleito.
“Se o poder político me pedir ou exigi que eu desempenhe uma outra missão, só tenho de fazer sentido e desempenhar essa missão, é isso a condição militar”, avançou, acrescentando que a condição militar “não é só coisas boas”.
“A condição militar não é só coisas boas, também tem coisas boas e menos boas, uma delas é obediência absoluta ao poder democraticamente eleito”, considerou.
Gouveia e Melo esclareceu ainda, a propósito de uma afirmação feita durante a Web Summit sobre as razões do sucesso da sua missão, que à semelhança dos militares, os políticos têm “tudo”, mas que ao dirigir um processo da dimensão do da vacinação contra a covid-19 o levam “para dentro do espaço e combate político”.
“O facto de a pessoa que coordena o processo não estar no espaço político faz com que as críticas se foquem só no processo e não em coisas lateiras que podiam desfocar o processo”, mencionou.
O vice-almirante recebeu hoje o Prémio Nacional de Bioética, distinção atribuída desde 2007 pela Associação Nacional de Bioética, pelas funções desempenhadas e qualidades de planeamento demonstradas.
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