De acordo com os dados preliminares, divulgados em antecipação à Semana Africana de Vacinação pelo escritório regional para África da OMS, cerca de 16,6 milhões de crianças no continente "falharam as doses planeadas de vacinas suplementares contra o sarampo entre janeiro de 2020 e abril de 2021".
Durante o mesmo período, oito países africanos reportaram "grandes surtos de sarampo", que afetaram dezenas de milhares de crianças, e 15 países atrasaram os esforços de imunização por estarem a lidar com a pandemia de covid-19.
"Embora sete destes países tenham já concluído as campanhas, oito permanecem pendentes, representando um risco de grandes surtos de sarampo", alertou a OMS.
"Os recentes surtos de sarampo, mas também de febre amarela, cólera e meningite, todos apontam para lacunas preocupantes na cobertura de imunização e vigilância em África. Ao combatermos a covid-19, não podemos deixar ninguém perigosamente exposto a doenças evitáveis", disse Matshidiso Moeti, diretora da OMS para África, durante uma conferência de imprensa.
"Exorto todos os países a duplicarem os serviços de saúde essenciais, incluindo campanhas de vacinação que salvem vidas", acrescentou.
De acordo com a organização, os surtos de sarampo ficaram a dever-se, em larga medida, à "baixa cobertura de vacinação de rotina ou ao atraso dos esforços de vacinação", numa altura em que a vigilância do sarampo em África caiu para o nível mais baixo dos últimos sete anos, com apenas 11 países a cumprirem os seus objetivos.
O sarampo é uma doença "altamente contagiosa", exigindo pelo menos 95% de cobertura de vacinação na população para evitar surtos. No entanto, a cobertura com a primeira dose da vacina estagnou em cerca de 69% na região africana da OMS desde 2013.
Apenas sete países da região atingiram 95% de cobertura vacinal com sarampo em 2019.
Por outro lado, adverte a OMS, a baixa cobertura contra o sarampo "reflete uma estagnação mais ampla na imunização de rotina em África que, em alguns países, tem sido exacerbada pela pandemia e pelas restrições relacionadas".
A maioria das doenças, incluindo tétano, difteria e febre amarela, requer uma cobertura de 90% da população, no entanto, as taxas de imunização no continente mantiveram-se em cerca de 70 a 75% durante a última década, de acordo com a organização.
Cerca de 9 milhões de crianças falham anualmente a toma de vacinas e uma em cada cinco crianças permanece desprotegida contra doenças evitáveis, que causam anualmente a morte a mais de 500 mil crianças com menos de 05 anos em África.
Numa nota positiva, a OMS destacou o facto de o continente ter sido declarado livre de poliomielite em 2020.
"As vacinas estão a ter um enorme impacto em doenças como o cancro do colo do útero, hepatite e Ébola. A região obteve ganhos significativos contra a meningite A nos últimos anos e foram introduzidas vacinas novas, incluindo a vacina pneumocócica conjugada, em 40 países africanos", refere a OMS.
Entre 2015 e 2019, mais de 116 milhões de crianças foram vacinadas com a terceira dose da vacina pneumocócica conjugada.
"É necessária uma ação integrada para aumentar e expandir o acesso à imunização como parte dos cuidados de saúde primários. Isto deve ser apoiado por uma força de trabalho bem treinada, forte vigilância, sistemas de informação sanitária, liderança nacional, gestão e coordenação", defendeu Moeti.
A 11ª Semana Africana de Vacinação, que, em 2021, decorre de 24 a 30 de abril, e uma campanha anual que junta os parceiros internacionais no apelo para o acesso universal às vacinas.
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