O primeiro-ministro, António Costa, anunciou na quinta-feira um conjunto de medidas para conter a pandemia, que assentam, sobretudo, no regresso da obrigatoriedade do uso de máscara, no reforço da testagem e dos certificados digitais, e numa semana de contenção em janeiro.
Para o investigador do Instituto de Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, as novas regras são “genericamente equilibradas” e refletem uma aprendizagem com as consequências do período de festividades do ano passado.
“É um plano que tem em vista a especificidade daquele período de Natal e Ano Novo e vai buscar a experiência do ano passado para um plano específico para essa altura”, considerou Miguel Castanho.
O investigador acrescenta que a situação atual é muito diferente, sobretudo considerando que cerca de 87% da população está vacinada e algumas pessoas estão já a receber a dose de reforço, defendendo que não se justificariam medidas mais restritivas.
“Mesmo assim, preveem-se algumas medidas que têm um efeito real e efetivo sobre os contágios”, sublinha.
Entre as principais medidas anunciadas para entrarem em vigor a partir de 01 de dezembro, contam-se a obrigatoriedade do uso de máscara em todos os espaços fechados, a apresentação de certificado digital em restaurantes, hotéis, ginásios e eventos com lugares marcados, e de teste negativo para lares, estabelecimentos de saúde, discotecas e restantes eventos.
Relativamente à obrigatoriedade de apresentar um teste de diagnóstico com resultado negativo em determinados contextos, o investigador recorda que a vacina é particularmente eficaz na prevenção de doença grave, mas não tanto do contágio.
“Para evitar o contágio, é preciso uma medida suplementar e essa medida é o teste. Se tivermos um ambiente onde todas as pessoas, além de vacinadas, estão testadas, sabemos que a probabilidade haver uma pessoa contagiada é extremamente baixa”, explicou.
Além destas medidas, haverá um reforço na primeira semana do mês de janeiro, que António Costa descreveu como uma “semana de contenção”, em que estabelecimentos escolares, bares e discotecas estarão encerrados e o teletrabalho será obrigatório.
Admitindo que esta contenção pudesse começar mais cedo, eventualmente logo a seguir ao Natal, Miguel Castanho acredita que o objetivo do Governo é prevenir, sobretudo, os efeitos dos festejos da passagem de ano.
As novas medidas de combate à pandemia de covid-19 foram aprovadas em Conselho de Ministros na quinta-feira e entram em vigor a partir de 01 de dezembro, dia em que o país regressa à situação de calamidade.
A covid-19 provocou pelo menos 5.173.915 mortes em todo o mundo, entre mais de 258,92 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 18.385 pessoas e foram contabilizados 1.133.241 casos de infeção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.
A doença é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.
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