“Esse [processo] tem de ser muito mais transparente, tem de ser muito mais claro e tem de ser melhor comunicado. As pessoas têm de ter noção, perceção, de quando é que é expectável que venham a ser vacinadas”, afirmou à agência Lusa Ricardo Mexia.
O médico exemplificou que “continua a haver um simulador que diz que grande parte dos portugueses vão ser vacinados em abril”.
“Ora, isso não tem interação com a realidade, infelizmente. Gostávamos muito que fosse verdade, mas não é possível, porque não há vacinas para isso”, declarou.
Insistindo que “ser claro em relação ao momento e o modelo como as pessoas vão ser vacinadas é absolutamente fundamental”, o presidente da associação apontou, por outro lado, a necessidade de se evitar o ruído relativo às “situações de ultrapassagens, dos abusos que houve na administração das vacinas”, pois “prejudicam a confiança de toda a gente no processo”.
Ricardo Mexia referiu ainda a necessidade de se “ser claro em relação àquilo que são os grupos prioritários, ser claro em relação à forma como devem ser geridas, por exemplo, as eventuais sobras que surjam”, para que “toda a gente mantenha confiança no processo”.
Reconhecendo que a questão da vacinação tem um problema central, que é externo - “o ritmo de chegada das vacinas” -, o dirigente reconheceu que esta é uma situação que o país tem “alguma dificuldade em mudar”, mas se o puder fazer era, no seu entender, uma “boa aposta”.
“Contra isso podemos, eventualmente, encontrar outras soluções, contratar outras vacinas que estejam disponíveis no mercado, sabendo que é um mercado global, extremamente competitivo”, disse.
Ricardo Mexia adiantou que “Portugal goza, felizmente, de uma grande confiança nas vacinas, aliás é um país ímpar na Europa” nesta matéria.
“Eu acredito que há um bom ambiente para implementar a vacinação, agora se eles não confiam no processo de administração das vacinas porque veem todos os dias que a situação se complica por diversas razões”, como o ruído que “se quer introduzir no sistema, naturalmente, que isso também compromete alguma da sua confiança”, afirmou, dizendo esperar que “isto não leve a que haja pessoas a equacionar a possibilidade de, quando chegar a sua vez, não se vacinarem”.
“É fundamental que todas as pessoas se vacinem quanto tiverem essa oportunidade”, apelou.
Na segunda-feira, a ministra da Saúde, Marta Temido, anunciou que quase 400 mil doses da vacina contra a covid-19 foram administradas até às 13:00 desse dia.
“Até hoje [segunda-feira] às 13:00, foram realizadas, encontram-se registadas 397.404 inoculações. São cerca de 292 mil primeiras doses e cerca de 104 mil, quase 105 mil, segundas doses”, especificou Marta Temido.
Comentários