No documento produzido pela subsecção de Turismo do Conselho Estratégico Nacional (CEN) do PSD a que a Lusa teve acesso, defende-se que, se há “grandes medidas” a tomar no quadro da União Europeia - como a operacionalização do certificado digital verde até ao mês de junho -, também devem ser tomadas “medidas complementares” a nível nacional, salientando-se que a concorrência entre os países do sul da Europa “vai ser feroz”.
“Há uma batalha que se está a travar pela disputa dos turistas e essa tem de ser encarada muito a sério por um país que depende muito do turismo”, afirmou à Lusa José Santos, coordenador do subgrupo para o Turismo, a funcionar há cerca de um mês dentro da secção temática Economia e Empresas do CEN do PSD.
Como primeira medida, o partido propõe a abertura imediata das fronteiras com “a possibilidade de realização de viagens por razões não essenciais para todas as pessoas vacinadas, com teste covid-19 negativo e provenientes de países com uma boa situação epidemiológica”.
Vacinar no imediato os profissionais do Turismo que têm “contacto direto com o cliente-turista” na hotelaria e restauração é outra das propostas, que o PSD alerta já estar a ser tomada por países concorrentes de Portugal, como a Croácia, Turquia e República Dominicana.
“Dar prioridade e acelerar, tanto quanto possível, a vacinação das populações das regiões de maior relevância turística, sem que isso prejudique o planeamento global definido pelas autoridades sanitárias”, refere ainda o documento.
Questionado se tal não pode introduzir uma desigualdade entre as diferentes regiões do país, José Santos salientou que a medida “não pode pôr em risco as metas globais de vacinação” e tem de ser articulada entre a ‘task-force’ para a vacinação, as estruturas de saúde e as autoridades regionais.
“Há competidores diretos de Portugal que o estão a fazer (…) É uma vantagem competitiva para o país, esta é uma decisão política, mas económica a priori. Entendemos que é possível esse ajustamento, exige trabalho, exige articulação entre saúde e turismo, mas é possível fazer um 'zoom' ao país para definir essa prioridade”, defendeu.
Entre as restantes medidas propostas, o coordenador da área do Turismo no CEN do PSD destaca a criação de uma “ferramenta informativa”, gerida pelo Turismo de Portugal, que concentre num único local toda a informação necessária para quem quiser viajar para Portugal.
“Uma espécie de Simplex para viajar em tempos de covid-19”, resumiu.
Uma monitorização preventiva da capacidade de receção aos turistas nos aeroportos portugueses, “para que não se repitam situações como as do ano passado” com longas filas de espera e aglomerações, a disponibilização de testes “a preço simbólico” para os turistas que tenham de os realizar no regresso e assegurar a logística da sua realização em hotéis e farmácias são outras das propostas do PSD.
Os sociais-democratas apelam ainda à “implementação imediata” de um plano de promoção externa “com verbas robustas” para estimular a retoma junto dos mercados com maior imunidade coletiva e que esse indicador seja acompanhado nos principais mercados emissores de turistas para Portugal, “tendo em vista a melhor decisão quanto às opções promocionais prioritárias a realizar”.
“Os mercados que devem merecer uma monitorização mais atenta são o Reino Unido, Alemanha, França, Espanha, Países Baixos, Bélgica e EUA”, defendem.
Questionado se estas medidas poderão vir a ser transformadas em alguma iniciativas legislativa, José Santos remeteu essa decisão para o PSD, uma vez que o documento já pertence ao partido.
O PSD cita dados do Governo para referir que a cadeia de valor do turismo “terá perdido, desde o início da pandemia, à volta de 45 mil trabalhadores, 19 mil dos quais nas subatividades da hotelaria e da restauração”.
“É urgente estancar esta sangria (…) Chegou a hora de o Estado dizer 'sim', como um todo, ao Turismo. Não salvar o verão está fora das opções do país”, refere o documento.
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